Coleção pessoal de AntonioPrates
Na articulação das palavras há sempre a intenção de quem as profere e o julgamento de quem as escuta.
Infelizmente, uma grande parte da alegria que muitas pessoas sentem é provocada pela miséria dos outros.
Os homens gostam de mostrar as suas invenções às mulheres, mas as mulheres inventam coisas que os homens nem sonham.
Lá vão os mascarados, podem vê-los
de tantas formas, no seu mundo subumano;
levam caraças por debaixo dos cabelos,
mais os embuços que carregam todo o ano.
Vão prá folia, vão alegres, vão perfeitos,
como histriões dos artifícios mais bonitos;
folgam-se normas, repetidos preconceitos,
em prol dos cultos aos assuntos interditos.
São tão felizes, disfarçados e contentes,
pulam e troçam, nesses grupos a granel;
é Carnaval, deixai-os ir que vão contentes
como as estrelas que são feitas de papel.
Tanta alegria, tanta farra neste Entrudo,
tanta folgança, tanta cor, tanto brilhante;
riem-se as almas, as tenções e quase tudo,
das zombarias deste enlevo extravagante.
Nesta grande mangação, todos temos que entender que há malandros na nação, onde uns são porque são e os outros gostam de ser.
Há no mundo a elegância de parecer uma comédia, quando a sua substância dá aos tolos a distância que os afastam da tragédia.
A censura sempre existiu, o pensamento livre está em perigo e o Facebook pergunta: "Em que estás a pensar?" De uma forma natural e com algum descaramento, a todos aqueles que ousam pensar e expor os seus pensamentos neste carnaval de tudo um pouco, sem nos alertar que o pensamento nos dá ideias, que as ideias nos dão opinião e que a nossa opinião, se sair um pouco dos carris do rebanho e do senso comum, oferece-nos quase sempre um vendaval de intolerância e um fardo de represálias em cima, para ficarmos cientes da dimensão da nossa liberdade e do valor das nossas ideias. Costumo dizer que o valor das nossas ideias depende muito do contributo que damos para a evolução da sociedade e do número de idiotas que se juntam e que lutam contra elas. Ademais, nesta disputa incessante de ideias, sou levado a acreditar que tanto no amor como no ódio as opiniões podem ser distintas, porém, os objetivos assemelham-se e convergem no amor verdadeiro que une uma grande parte das pessoas: "a defesa do seu próprio bem-estar e o pão de cada dia". Nem que a troco desse conceito estereotipado tenham de vender a alma a um diabo qualquer ou na melhor das hipóteses tenham de meter todas as palavras do seu pensamento no seu santificado silêncio. Por consequência, com esses mesmos preceitos enraizados no senso comum dizemos que estamos a ajudar a educar crianças e jovens a crescer, para que no futuro próximo esses homens e essas mulheres ajudem a fazer deste mundo um mundo melhor, que colaborem na verdadeira emancipação do seu próprio país e que participem na harmonia social das suas cidades, das suas vilas, das suas aldeias, e até dos seus montes, desde que haja um vizinho por perto. Dá que pensar!
É tão bom depois da ceia apanhar o ar gelado, e subir numa boleia aos confins da lua cheia para ver o céu estrelado.
Absorvido entre as orelhas vejo o campo a céu aberto... Já me faltam as pardelhas, se abalarem as abelhas tudo isto é um deserto.
Há nas redes sociais
um convívio mascarado,
que se vê nos arraiais
e nos mostra um pouco mais
o valor do nosso fado.
A verdade entusiasma
por ser bela e transparente,
mas também é um fantasma
Que assusta muita gente.
O Homem é uma criatura tão estranha, tão diversa, que tem sempre uma postura muito perto da loucura e o resto é só conversa.
Por fraqueza das ideias
Espigas chochas lá na serra
Estão ao alto nas paveias
Enquanto espigas cheias
Prestam reverência à terra.