Coleção pessoal de AntonioPrates

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⁠Pelas minhas previsões, daqui por um ano já quase ninguém fala em covid. Atribuem-lhe outro nome, passa a ser mais um virus como tantos outros que circulam por este mundo afora, será tratado da mesma maneira que tratamos a gripe. Os sintomas são mais ou menos os mesmos e as consequências são muito parecidas. Foram estas as minhas primeiras palavras acerca deste virus, há quatro ou cinco meses atrás, depois de me informar sobre o vírus, depois de ler sobre os resultados do vírus na China, assim como acho que as primeiras palavras da senhora directora da Direcção Geral de Saúde sobre o vírus foram proferidas com base nessa mesma informação que eu colhi na altura. Com todo o respeito que eu tenho pelos idosos e pelas pessoas de maior risco perante este vírus, não poderei de ter menos respeito por todas as pessoas, principalmente crianças, que estão a passar e que irão passar dificuldades por causa desta enorme crise económica, motivada por esta onda de choque que os políticos intitularam de pandemia. Tudo bem... ou vai ficar tudo bem... como dizem muitos, mas o que é certo é que estamos perante um dilema que em muito me faz parecer o nosso comportamento quando estamos inseridos numa religião: Deus é o criador deste extenso Universo, com mais de duzentos biliões de galaxias, a nossa galáxia é das mais pequenas, o nosso Sol, como estrela-anã que é, tem mais de noventa por cento de estrelas maior do que ele, e Deus, da maneira como muita gente o arvora, além de ser o Criador deste Universo, tem obrigação de ter uma especial atenção ao nosso planeta, ao nosso país, à nossa região, à nossa rua e porventura à nossa casa, acompanhando- nos por toda a parte, no trabalho, no jogo e até onde as religiões dizem que Deus condena nós temos esperança que Deus atravessa todos esses biliões de galáxias para nos ajudar. Ou seja, muitas pessoas praticam o bem por interesse e só não praticam ainda mais o mal com medo que Deus lhes dê o merecido castigo. Por isso sou da opinião de que antes de praticarmos uma religião devemos praticar a nossa espiritualidade interior. E se pensam que eu não acredito em Deus, muito longe disso, visto que sou crente e um crente convicto, mas tenho o direito de absorver a minha própria imagem de Deus, à minha maneira, e longe de tentar convencer ou colonizar quem quer que seja, mesmo pertencendo à classe dos escravos (mas sem coleira) da democracia ateniense ou romana, ou ainda fazendo parte do povo sem couto da monarquia portuguesa da idade-média, acredito piamente num Deus que influencia os humanos à distância e que faz o que quer e lhe apetece aqui na Terra, capacitando os escolhidos de uma forma que será sempre de difícil compreensão para nós, humanos, enquanto nos comprtarmos do jeito que nos dá mais jeito, ou talvez de um modo mais animalesco do que propriamente racional. Sempre que nos metem uma frase à frente, por norma uma boa parte de nós acredita na frase como se fosse verdade, o que muitas vezes acontece na política e muitos políticos sabem isso, levando muitas dessas frases feitas a fazer das pessoas o que realmente não são, levando muitas vezes milhões e milhões de pessoas a acreditar em coisas que não são minimamente verdade. Como exemplo, estou- me a lembrar daquela célebre frase, que, em alemão, ainda diz, à entrada dos campos de concentração nazia: " o trabalho liberta." Mas como é do vírus que comecei a falar e como o vírus interfere com a justiça-social de todos nós, não seria correcto da minha parte se deixasse de dissertar um pouco sobre a justiça-social por causa do virus, sempre com Deus por companhia e como bom conselheiro.
Debruçando-me um pouco sobre a justiça social, uma epígrafe que tem quase sempre lugar cativo nos diversos panfletos dos partidos e movimentos políticos da nossa sociedade, sempre que há eleições, na minha simples condição de escravo sem coleira, ou de elemento do povo fora do couto, ser-me-á fácil constatar que ainda há muito por fazer nesta importante matéria, ainda que muitas vezes tentemos disfarçar essas inumeráveis desigualdades gerais através de actos de solidariedade, de eventos com a chancela da bondade, ou mais fácil ainda, recorrendo a essas tais frases, à sombra dos nobres, dos burgueses e dos lacaios, para endrominar o povo que vota e quase todos os que as lêem. Os actos de solidariedade fazem-me lembrar sempre o Natal; os eventos com a chancela da bondade recordam-me muitas selfies no Facebook; e as frases feitas não deixam de me trazer sempre à memória esses tais letreiros que ainda são visíveis nas tristes memórias da segunda guerra mundial e que não convém esquecer. Actualmente, podemos até ser condenados a trabalhos forçados, por esta ou por aquela razão, mesmo até com o calor que faz hoje, contudo a austiça social é e continuará a ser sempre a forma de a sociedade viver em harmonia, de forma a que todos se respeitem a todos, independentemente da cor da sua pele, da sua ideologia política ou dos seus credos religiosos. É desta forma que vejo a justiça social e é desta forma que penso que a sociedade pode ser mais justa e de maneira a que ninguém fique mal. Pois se continuarmos a fazer um excesso de exposições de fotografias a preto e branco, continuamos a enverdar por caminhos sinuosos, onde uns tentam ser mais parentes de Viriato ou de dom Afonso Henriques do que outros, e o que tem sido construído de bom nas últimas décadas vai desabar e vai parar novamente aos confins da idade-média, sobrando sempre para mim o estatuto que antes referi e para a História um conjunto de ati@tudes e de propósitos que poderão, no futuro, envergonhar os nossos netos, se tiverem mais juízo do que nós, e até Deus, que nós tantas vezes evocamos nas nossas preces, se deve envergonhar de nos botar ao mundo em forma de humanos. A minha falta de coleira nunca me fez sentir superior mais ou menos português do que outro qualquer português, visto que essa história das fotografias a preto e branco não entra em mentalidades mais coloridas, nem tampouco esse tipo de segundas intenções deixam marcas a quem vê o horizonte até ao tempo de outros reis, de outras rainhas, de outros nobres, de outros burgueses, de outros lacaios, e de outros membros do povo sem couto e sem coleira. Nessa altura, apenas os cidadãos que eram admitidos no couto social podiam pertencer à administração pública, tudo era supervisionado pelos administradores do reino, e quase tudo passava de geração para geração como se apenas aqueles portugueses fossem feitos ou talhados para aquele tipo de trabalho, em prol da pátria e dos seus próprios benefícios, mas como o público naquela época era quase todo analfabeto, ou iletrado, como se diz agora, a justiça social desse tempo ia empalhando as coisas de um modo mais ou menos natural. Uns gozavam a vida com grande sobranceria, outros estavam incumbidos de gerir a máquina do reino, e os portugueses do povo trabalhavam para ganhar o pão de cada dia, curiosamente, quase da mesma forma que acontece hoje em dia, nomeadamente nos concelhos do interior e com menos população. Por esse mesmo motivo, já tenho dito algumas vezes que nunca teremos uma justiça social justa e equilibrada enquanto conservarmos na nossa sociedade esses costumes do tempo da monarquia. E para agravar mais as coisas, estamos cada vez mais excludentes e cada vez menos inclusivos, em relação ao português que consideramos menos português do que nós, ou porque mora fora do couto protegido, ou porque não nasceu dentro do castelo, ou ainda por uma questão que por vezes nem as pessoas sabem porque agem dessa forma. Ainda creio que as gerações vindouras possam vir a ter uma justiça social em harmonia com a cor da pele de todos, com as ideologias políticas de todos e com todos os credos religiosos, assim a Educação fomente e pratique de forma justa a igualdade de oportunidade para todos, e assim a Justiça funcione com todos da mesma forma para que todos possam ter uma vida digna e para que todas as crianças possam ser tratadas da forma que merecem, sem segregação e sem conceitos estereotipados, que não nos levam a nenhuma evolução e muito pouco contribuem para uma sociedade verdadeiramente multicultural, progressiva e democrática.

⁠Tem a casa mais vazia
e a cozinha um disparate,
quem resiste à pandemia
com mil sopas de tomate.

I
Vejo o tempo a manobrar
nesta louca embriaguez,
vai-se um dia, chega um mês,
e o tempo custa a passar...
Com a cabeça a divagar
nesta dura antinomia,
vai-se um mês, vem mais um dia
da nossa sobrevivência,
mas o pobre, por indigência,
tem a casa mais vazia.

II
A medida do telhado
faz a porta da entrada,
e em cada assoalhada
o tamanho é limitado...
O sofá é mesmo ao lado
de onde havia chocolate;
num pequeno escaparate
resta apenas uma sande,
onde a sala se faz grande
e a cozinha um disparate.

III
Outras casas portuguesas,
solidárias nas esmolas,
dão aos pobres das gaiolas
o que lhes sobra das riquezas...
São cozinhas mais burguesas
desta vã egolatria,
onde tudo se esvazia
numa ordem movediça,
e tolera a injustiça
quem resiste à pandemia.

Ficaram pra trás muitos meses e anos, marcados no rosto dos homens da pedra, da faina que hoje vai indo e não medra, por causa das guerras dos mais desumanos... Sentados num banco qualquer do jardim, ouve-se o silêncio das suas apostas, e a Fonte das Bicas, voltada de costas, lhes diz que a canção não é bem assim... Passam os gaiatos, fregueses do Lago que outrora banhou o calor do concelho, não sabem que um homem depois de ser velho não sabe banhar num espaço tão vago... E a Fonte das Bicas, olhada no rosto, encanta quem passa pra baixo e pra cima, com a pedra que a veste, distingue e sublima, nas horas que encetam os dias de Agosto.

Muitas vezes o dinheiro dá mais felicidade àqueles que não o têm. ⁠

As coisas mais belas que fazemos na vida são feitas e sentidas de olhos fechados.

⁠⁠Nada me tem custado tão caro quanto a minha liberdade. Deus me livre dos cobradores desse imposto.

⁠Quem leva uma preocupação para a cama dorme com um peso nas costas.

Foste um fundo verde no longo prado,
pintaste telas pelos limbos das colinas…
Foram searas, doce aroma nas campinas,
neste lugar descolorido, acastanhado…

Pisei veludo pelos quadros da natura,
enternecidos pela fauna e pela flora…
Eis outro viso, com tudo o que vejo agora,
contendo o rosto que a calma aqui segura…

Vi corrupio nos montados que aqui vejo,
em tons diversos, neste pasto ressequido…
Hoje, as planícies parecem não ter sentido,
mas mostram sempre o calor deste Alentejo.

Quando tens prosperidade, nunca tenhas a mania que um quintal é uma herdade. Hoje podes ser cidade e amanhã uma freguesia.

⁠Muitas mulheres fazem questão de demonstrar no Facebook que o corpo é mais importante do que a inteligência.

⁠A elegância não tem nada a ver com o estatuto social, com o peso das pessoas ou com as roupas que se vestem, a elegância é um estado de alma.

⁠Tudo o que começa por interesse, por interesse termina.

Costumamos dizer que "as pessoas não precisam dos outros quando têm algum dinheiro." Esse conceito, além de estar muito longe da verdade, contribui ainda mais para o egoísmo das pessoas, para a desunião das famílias e para a solidão de quase todos.

⁠⁠Com o distanciamento social as pessoas passaram a conhecer-se melhor a elas próprias, mas leva-me a crer que algumas não se suportam.

⁠⁠⁠Personagens fortes, diálogos marcantes, contexto atual, conclusão coerente com o desenvolvimento da narrativa, destaque para um chavão surpreendente, e a minha nota para hoje é de cinco.

Quando o mal se cobre com a aparência do bem, não pode dar mais do que aquilo que tem.

⁠Um dia um amigo disse-me que a sociedade se divide em dois grupos de pessoas: as que trabalham e as que procuram o mérito. Aconselhou-me ainda a permanecer no primeiro grupo, porque lá as pessoas são melhores e a concorrência é menor.

⁠⁠A inveja é uma prisão
e um tal desassossego,
que na minha opinião
se fosse uma profissão
não havia desemprego.

⁠Será Natal onde não há grandes festas?
Será Natal onde as ruas não estão iluminadas?
Sei que é Natal nessas praças enfeitadas,
e que é mais Natal onde há grandes "orquestras".

Onde uma criança não tem pão, não pode haver consoada;
onde um mendigo passa frio, o Natal é mais escuro!
Tampouco será Natal onde um coração é duro,
nem tampouco terá Fé quem não acredita em nada.

E por vermos andar os outros, fazemos o nosso Natal,
com presépios e estrelas da divina ostentação;
e desta maneira, ninguém quer uma festa igual às dos outros,
que, com garbo, também querem distinção.

Não obstante, com mais de dois mil anos de atraso,
numa modesta manjedoura dos arrabaldes de Belém,
se Jesus Cristo levantar a cabeça, por acaso,
constatará que o seu Natal não é quase de ninguém.

⁠Passa um gato pardo atrás dum gato preto,
voa qualquer ave, sem fazer a rima,
e junto à menagem ergue-se o aspecto
dessa velha torre, de baixo pra cima.

Logo atrás da porta das pedras antigas,
ouve-se a conversa bem junto à muralha,
que, com ladainhas das velhas cantigas,
saem veredictos rectos a quem calha.

Ganha o futebol sempre dez a zero,
quando a voz se faz a grandes alturas,
mas se a voz é baixa, vencem as usuras
daqueles que pouco têm de sincero.

Onde não há novos, ganham sempre os velhos,
captam qualquer coisa, num raio influente,
e aonde a conversa se põe de joelhos,
espantam-se aqueles que são boa gente.