Coleção pessoal de antonio_evangelista_1
(diálogo entre deuses):
Prometeu: “Graças a mim, os homens não mais desejam a morte”.
As ninfas: “Que remédio lhes deste contra o desespero?”
Prometeu: “Dei-lhes uma esperança infinita no futuro”.
As ninfas: “ Oh! Que dom valioso fizeste aos mortais!”
Prometeu: “Além disso, consegui que eles participem do fogo celeste”.
As ninfas: “O fogo!... Então os mortais já possuem esse tesouro?”
Prometeu: “Sim; e desse mestre aprenderão muitas ciências e artes”.
(Prometeu Acorrentado)
“É fácil para quem está no porto, excitar e aconselhar a quem se acha em plena tormenta!”
(Prometeu Acorrentado)
Oceano para Prometeu:
“Abafa, ó infeliz, tua cólera impotente; procura alcançar o perdão... Talvez este conselho te pareça de um velho; mas tu sabes que males pode atrair um discurso insolente”.
(Prometeu Acorrentado)
Oceano para Prometeu:
“Sabes aconselhar aos outros bem melhor do que a si mesmo... Disso está dando a prova...”
(Prometeu Acorrentado)
Se eu sou desgraçado, não quero arrastar comigo a quem quer que seja, ao abismo da desgraça”.
(Prometeu Acorrentado)
O sábio que se faz de ingênuo, muita vez realiza melhor seus propósitos”.
(Oceano)
(Prometeu Acorrentado)
Prometeu:
“Se me calo, não é por orgulho, ou desprezo; mas o furor devora minha alma quando me vejo preso a esta rocha. No entanto, a quem mais, senão a mim, devem os novos deuses as honras que desfrutam? Não falemos mais nisso; seria repetir o que já sabeis. Ouvi, somente, quais eram os males humanos, e como de estúpidos que eram, eu os tornei inventivos e engenhosos. Eu vo-lo direi, não para me queixar deles, mas para vos expor todos os meus benefícios. Antes de mim, eles viam, mas viam mal; e ouviam, mas não compreendiam. Tais como os fantasmas que vemos em sonhos, viviam eles, séculos a fio, confundindo tudo. Nã sabendo utilizar tijolos, nem madeira, habitavam como as próvidas formigas, cavernas escuras cavadas na terra. Não distinguiam a estação invernosa da época das flores, das frutas e da ceifa. Sem raciocinar, agiam ao acaso, até o momento em que eu lhes chamei a atenção para o nascimento e ocaso dos astros. Inventei para eles a mais bela ciência, a dos números; formei o sistema do alfabeto, e fixei a memória, a mãe das ciências, a alma da vida. Fui eu o primeiro que prendi os animais sob o jugo, a fim de que, submissos à vontade dos homens, lhes servissem nos trabalhos pesados. Por mim foram os cavalos habituados ao freio, e moveram os carros para as pompas do luxo opulento. Ninguém mais, senão eu, inventou esses navios que singram os mares, veículos alados dos marinheiros. Pobre de mim! Depois de tantas invenções, em benefício dos mortais, não posso descobrir um só meio para por fim aos males que me torturam".
(Prometeu Acorrentado)
Prometeu:
“Ouvi o resto, e ainda mais admirareis o valor das artes e indústrias que dei aos mortais. Antes de mim, - e esse foi meu maior benefício – quando atacados por qualquer enfermidade, nenhum socorro para eles havia, quer em alimento, quer em poções, bálsamos ou medicamentos: eles pereciam. Hoje, graças às salutares composições que lhes ensinei, todos os males são curáveis. Elucidei-lhes todos os gêneros de adivinhações; fui o primeiro a distinguir, entre os sonhos, as visões reveladoras da verdade; expliquei-lhes os prognósticos difíceis, bem como os prognósticos fortuitos ou transitórios. Interpretei precisamente o vôo das aves de rapina, bem como os augúrios, felizes ou sinistros, que provêm de outros animais; fiz ver quando reina entre eles o ódio, ou a concórdia e a união; enfim, o que pode haver nas entranhas das vitimas, de agradável aos deuses, no aspecto e na cor; na beleza das formas do fel e do fígado. Estendendo sobre o fogo, num envoltório de gordura, as partes internas e os membros dos animais, iniciei os mortais numa ciência difícil, dando-lhes a conhecer signos até entã ignotos. E não é tudo: a prata e o ouro, quem se orgulhará de os ter descoberto, antes de mim? Ninguém, a menos que se trate de um impostor. Em suma: todas as artes e conhecimentos que os homens possuem são devidos a Prometeu.
(Prometeu Acorrentado)
É sempre um conforto revelar nossas dores àqueles que nos ouvem condoídos, e nos comovem com suas lágrimas”.
(Prometeu Acorrentado)
Não me iludas com uma mentira... Trair a verdade é o mais vergonhoso dos vícios”.
(Io)
(Prometeu Acorrentado)
“Pois há de aprendê-la, com o tempo que tudo amadurece e transforma”.
(Prometeu)
(Prometeu Acorrentado)
Tal qual um cavalo indomável, não afeito ao jugo, mordes o freio e resistes... Mas teu redobrado furor nada vale, afinal. Nada mais impotente do que o orgulho dos insensatos. (…) Prometeu, a teimosia não vale tanto como a prudência”.
(Mercúrio)
(Prometeu Acorrentado)