Coleção pessoal de annielivalerio

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⁠UIRAPURU

Uirapuru piou
O seu canto de amor

Quando o uirapuru canta
Toda a mata silencia
Bico novo, bico velho
A ele reverencia
Só pra ouvir o seu clamor
O seu canto de amor.

Sua história é de lamento,
de tristeza e solidão
A cunhã foi desprezada
E chorou seu coração

Mas, Tupã lhe deu um canto
Para sua dor acalantar
Só falando de amor
De amor para sonhar.

⁠CANOEIRO

Na água doce do rio
Sopra o vento devagar
E La se vai canoeiro
Tranquilo sempre a remar

Rema sem pressa de ir
Tão pouca pressa de chegar
La se vem canoeiro
Tranquilo sempre a remar

Desliza em onda tranquila
Batida de remo a passar
Segue um canoeiro
Tranquilo sempre a remar

De bubuia nessas águas
Destino vai te levar
Manhã tão cinza e noites claras
Canoeiro sempre a remar.

⁠VISAGEM
É de encataria que se vive o povo
A fé no que não se pode ver
Na raiz, na flor e no lodo
História sinistra para se entreter?
Um assobio, um estrondo
Um vulto, uma assombração
Se eu vejo visagem me escondo
Mas ela me vê na escuridão.
Quando passo pelo caminho estreito da roça
Quando sozinho conduzo a canoa
Proteger-me não há quem possa
Do assobia do Matinta que ecoa
Mil preces já foram feitas
e promessa comprometida
mas, a mula sem cabeça galopa
no medo e no fantasia

⁠ETERNO

Mergulhei nas duras pedras
E afoguei-me na escuridão
Todo o meu ser fez-se em guerra
Lutando contra minha razão
Desfrutei doçuras, esferas
A alegria era o motor
Libertei todas as feras
De uma paixão em ardor
Mas, o tempo sombreou a soleira
Amarelaram-se as verdes folhas
E a caminhada antes ligeira
Desacelerou todas as coisas
Vi as horas estampadas no rosto
E a minha força fraquejar
Senti o cansaço chegar a coice
E me lançar contra o mar
E na imensidão mergulhei
Perdi-me sem poder voltar
E tudo o que eu deixei
Foi o amor que puder

Os sorrisos que não são vistos, a paixão que não pode ser explicada, o feitiço que é feito vento, a lembrança, o gesto, todos somados um a um para formar um todo incomensurável de emoções.⁠

A Amazônia esconde o universo de todos que vivem nela, numa gigantesca rede de sentimentos movidos pelo amor e o pertencimento do nosso lugar no mundo.⁠

De onde eu venho é o fim do mundo
mas, quando mergulho nos meus sentidos sempre quero voltar.

É de encantaria que se vive o povo da fé no que não se pode ver.

⁠Os versos transcrevem muito bem o que não posso ou não consigo falar, uma forma que minha alma encontrou para deslizar no ritmo manso das rimas e ser embalada por sua sonoridade.

Um cotidiano que aparenta ser simplório é uma construção gigantesca de emoções complexas que formam um universo de sentimentos e vibrações. ⁠

A Amazônia é o universo aonde nasci e cresci. Esse vasto manto de folhagens e rios esconde por de traz de cada “furo” a poesia viva de tantas histórias⁠.

Empresta-me um pouco de amor? Prometo, devolvo logo.

⁠Porque a vingança é um prato que se come frio e o meu já tá com sebo pela ilharga.

Meu néctar de poesia, sonho feliz em te ter.

(...) pois, sem amor não há mais nada.
E se sofro agora sem ele, amanhã outra jornada, pois, o amor se conta em versos de inversos, num universo. O amor é minha estrada.

Ouço gritos de incertezas de um amor que nunca vem e colho de minhas agruras a incansável procura pelo amor de alguém.

Só te peço bem-te-vi não te afastes de mim onde não posso te achar.
Não concedas querer para depois me entristecer, sem teu amor me deixar.

Flutuo no tempo e nele me escondo e neste universo já me perdi.
Fagulhas de sonhos entre os escombros de tudo aquilo, que restou de mim.

Existe umcaminho até ochegar e fases a se cumprir.
Pare vez outra para descansar mas, nunca para desistir.