Coleção pessoal de Andreessass

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Ele sorri deliberadamente malicioso, provocando arrepios e um mistério que jamais ninguém me viu viver.
É tanto mistério que me vejo em contos, não os de fadas, os seus contos. Ele me faz escapar de mim mesma, dos medos, meus medos internos.
ELE ME FAZ ESQUECER do que não é necessário lembrar.

E o caminho é esse, Mocinha.
Tem pedras, indivíduos (uns mais humanos que outros), ilusões, desencontros e tem amor. Só que o amor, meu bem, se encontra lá, logo ali no final desse percusso.
Se valer a pena, siga em frente. Caso contrário, enfrente!

VOCÊ VAI LEMBRAR DE MIM,
OU EU NÃO ESQUECEREI DE VOCÊ?

Dúvida internas, ele denominava assim as minhas inquietações. E passado tanto tempo de convalescência, eu já não sabia distinguir o que era dúvida ou certeza.
Desejava realizar uma limpeza terminal em todos os sentimentos, pessoas, lugares, situações, necessitava de memória novas.
Mas, se aventurar ao inesperado é se expor demais, é tornar-se vulnerável a ponto de ser manipulada. Não estava preparada!

Ele não entende, ou tenta deixar as coisas mais difíceis. E consegue!
É uma espécie de forças contrárias, a minha contra a dele, mundos paralelos, vidas opostas, situações distintas e muitos, muitos problemas envoltos. Mas ele não entende!
E fica de birra.
E eu sinto. Mas não consigo me arrastar, suplicá-lo.
Deixo ir.
Ele me deixa ir também.
Nos deixamos de forma insossa.

" Somos iguais, somos, temos os mesmos desejos...
Corpo ardendo um pelo outro.
Sei que você quer mais, eu também QUERO.
Precisamos, MINHA EXTENSÃO."

Deu-se o des(encontro)

Se eu soubesse de verdade designar, descrever, dimensionar o tamanho dessas incertezas que cabem aqui dentro, de verdade, eu as mataria.
Dói saber que você não tem as armas certas para usar, dói ainda mais não saber que sentimento combater.
A solidão é fria, ela me congela por dentro a cada segundo, mostrando o quanto eu tenho que ser resistente.
A tristeza aparece em seguida, mostrando o quanto eu sou fraca, ela ri de mim, afinal, sabe ela que eu não executo bem as atividades da dona solidão.
Por fim o amor aparece, escondido a porta entre aberta, ele é medroso. Eu sei.
Ele aparece com uma face piedosa, como se tivesse o dever de me libertar desse emaranhado de isolamento.
Como agora e sempre, Finjo que estou bem e ele acredita, e vai embora.
Permaneço confusa, solitária, triste e sem o amor.

Falar sobre a dor do outro é se emancipar.
É ser emancipado da sua própria dor.

Ele pedia mais calma, mais alma.
Eu o driblava com um passo de samba, girando, girando, criando movimentos ululantes. Ele observava sem dizer nada.
E eu o amava, mas precisava sambar.
Precisava amar, precisava voar.

Ah, as crianças !
Espécie de ancora entre a inocência e a maldade.
Espécie de gente inocente.
Uma espécie em extinção.

- Você é frustrada por não ter um amor. Disseram-me.
Não, Minha Querida.
O amor que é frustrado por não me ter. - Respondi.

É que talvez a chuva aconteça para nos purificar. E nós, tolos, só apreciamos.