Coleção pessoal de AndreAnlub
Desenredou como que livrando-me dos sujos poços, lavando-me e deixando-me no fino trato. E a alma, que até então perdida, renasceu, colocando farta comida no prato e de fato sepultando os ossos. A poesia tirou-me de um sujo e apertado buraco e jogou-me num asseado e extenso espaço: - Meu muito obrigado!
Gosto demais de Pernambuco, de Recife, Olinda, Porto de Galinhas, Caruaru... Gosto de sarapatel, praia, carambola, ver o Sport jogar bola, comer carne de sol e sururu; e mesmo vivendo no belo Ceará, a distancia não é mal que há! por incrível que pareça, antes que eu me esqueça, vejam que incrível: estou a um passo de Pernambuco e cem mil de Fortaleza... como é possível?
As quedas nos obrigam a levantarmos a cabeça, reconstruirmos com paciência cada passo, cada tijolo, cada pecado e inocência; erguendo-nos mais rígidos e harmônicos, com o cimento da convivência.
Acordei acessível, com novos aforismos e ansiando ouvir tua voz. Acordei querendo ser o ser mais admirável, amar-te com maior tenacidade e experimentar tua sensualidade. Acordei famélico, querendo me entregar, querendo te possuir.
Num dia quente de verão brota um amor quente que faz quentes a alma e o coração... é, e só assim "fico frio"!
Estou muito compenetrado nas minhas distrações, a tal modo que me flagrei dançando sem música e assim segui até o final do disco.
O corpo foi na onda e saiu do dilúvio, forte e firme em direção ao sossego; o abraço (prévia do beijo) fez-se ao relento e o medo (descalço e bêbado) caminha viúvo.
De repente aquela pessoa que te vê como concorrente se sente envergonhada, pois percebe seu desinteresse em entrar na corrida e ela esteve todo esse tempo ao seu lado, parada.
O que mais a infância deixou-me de saudade foi a maneira inventiva de lidar com a vida: quando acabava o prazer de comer iogurte começava o deleite de falar no "telefone".
Adoro jiló, mas toda vez que digo isso vem alguém me dizer que é comida de passarinho... Ora bolas, salmão é comida de urso, milho de galinha e cenoura de coelho.
A escrita é extremamente democrática; se aceita a escrita livre, padrão, clássica, insana, inventiva, irreverente e até a convencida (pretensiosa); pena que nesse último caso quase sempre vem aos moldes do dono.
Será mesmo que importa se alguém faz a boa ação para se sentir bem e atender ao ego, se mostrar altruísta e abrilhantar sua imagem para seu vizinho, amigos e parentes? Bem, para os que têm fome e frio garanto que não!
Pare por um minuto e pense nas mentes comuns ou raras, nas ideias imaginativas ou simples, nas bocas que comem, calam, falam, e nas cintilantes que cantam belas canções; pense no olhar sereno dos animais selvagens e no olhar dócil e pensativo dos gatos e cães; pense nos pássaros que vem e vão voando em nuvens sobre as águas que correm rio abaixo e em todos os peixes coloridos, ou não, que sobem em contramão; pense, mas não se apresse com a distração; alguém reservou o resto da vida para ter o prazer de pensar em você... assim é a mãe!
Vê-se a razão que não mingua, fala-se em matrimônios - mistérios, infindos sem afins nem começos, assim dá-se o nome de vida.
Hoje tem manga, pés descalços para encarar a subida, alegria do doce na boca, o melado no rosto e a brusca sensação de ser moleque; hoje tem manga, ontem teve manga e amanhã é mistério.
Não sabe o porquê, nem por onde ou por quem, só sabe que dança a dança mais zen; dança no embalo do samba da vida, na alma o brilhar, bailar dos amores, cheia de cores, de festas, de todos; é a dança frenética, sem ritmo ou tambores, de velho, menino, gigante que é rei, de ruas e rios de deuses plebeus; se dança na raça e na praça ditosa, no coreto da vitória e no viés do além.
Há estradas fáceis que levam ao pecado, mas há também caminhos íngremes que estendem o tapete vermelho pro nada.