Coleção pessoal de andre_levy
Alguns ainda nos perguntam: o que vocês querem? Respondemos com três palavras que resumem nosso programa todo. Aqui estão elas: Itália, República, Socialização… Socialização não é nada mais que a implantação do socialismo italiano.
O governo da ditadura do proletariado, juntamente com o Partido Comunista e os sindicatos, naturalmente nada deixou de tentar, no esforço para eliminar o atraso dos homens e das mulheres, para destruir a velha mentalidade não comunista. A lei estabelece, naturalmente, a completa igualdade de direitos entre homens e mulheres. E o desejo sincero de traduzi-la na pratica existe em toda parte. Introduzimos a mulher na economia social, no poder legislativo e no governo. Abrimos-lhe as portas de nossas instituições educacionais para que possa aumentar sua capacidade profissional e social. Criamos cozinhas comunais e restaurantes, lavanderias, laboratórios, creches e jardins de infância, casas para crianças, institutos educativos de toda espécie.
Em resumo, estamos realizando seriamente nosso programa de transferir para a sociedade as funções educativas e econômicas do núcleo familiar. Isso significa para a mulher a libertação da velha fadiga doméstica aniquilante e do estado de submissão ao homem. Isso lhe permitirá desenvolver plenamente seu talento e suas inclinações. As crianças são criadas melhor que em suas casas, tara as trabalhadoras, temos as leis protetoras mais avançadas do mundo que os dirigentes dás organizações sindicais põem em prática. Estamos construindo maternidades, casas para as mulheres e as crianças, clínicas femininas; organizamos cursos de puericultura e exposições para ensinar às mulheres a cuidar de si próprias e dos seus filhos etc.; fazemos sérios esforços para ajudar às mulheres desocupadas e sem amparo.
Um dos princípios gerais da tributação é que se deve tributar fatores inelásticos, uma vez que não há efeitos adversos à sua oferta. Terreno não desaparece quando é tributado. Henry George, um grande progressista do final do século XIX, argumentou, em parte nesta base, por um imposto sobre a terra.
Governo civil, quando instituído somente para a proteção da propriedade privada, é na realidade instituído para a defesa dos ricos contra os pobres, dos que têm propriedade contra os que não têm.
Com o avanço da divisão do trabalho, a ocupação da maior parte daqueles que vivem do trabalho, isto é, da maioria da população, acaba restringindo-se a algumas operações extremamente simples, muitas vezes a uma ou duas. Ora, a compreensão da maior parte das pessoas é formada pelas suas ocupações normais. O homem que gasta toda sua vida executando algumas operações simples, cujos efeitos também são, talvez, sempre os mesmos ou mais ou menos os mesmos, não tem nenhuma oportunidade para exercitar sua compreensão ou para exercer seu espírito iventivo no sentido de encontrar meios para eliminar dificuldades que nunca ocorrem. Ele perde naturalmente o hábito de fazer isso, tornando-se geralmente tão embotado e ignorante quanto o possa ser uma criatura humana. O entorpecimento de sua mente o torna não somente incapaz de saborear ou ter alguma participação em toda conversação racional, mas também de conceber algum sentimento generoso, nobre ou terno, e, conseqüentemente, de formar algum julgamento justo até mesmo acerca de muitas das obrigações normais da vida privada. ... Assim, a habilidade que ele adquiriu em sua ocupação específica parece ter sido adquirida à custa de suas virtudes intelectuais, sociais e marciais. Ora, em toda sociedade evoluída e civilizada, este é o estado em que inevitavelmente caem os trabalhadores pobres — isto é, a grande massa da população — a menos que o Governo tome algumas providências para impedir que tal aconteça.
A crença coletivista na capacidade de ação direta do Estado para curar todos os males é, em si, no entanto, uma reação compreensível a um erro básico na filosofia individualista do século XIX. Esta filosofia atribuía quase nenhum papel para o Estado além da manutenção da ordem e do cumprimento de contratos. Era uma filosofia negativa. O Estado só podia ser mau. Imperava o laissez-faire. Dessa forma, ela subestimou o perigo de que particulares poderiam através de um acordo ou de uma combinação de usurpar o poder e efetivamente limitar a liberdade de outros indivíduos; ela não conseguiu ver que há coisas que o sistema de preços não pode fazer e que a menos que essas coisas sejam feitas de alguma outra forma, o sistema de preços não pode funcionar eficazmente para fazer o que é admiravelmente bem preparado. Uma nova doutrina deve evitar ambos os erros.
Provavelmente nada fez mais mal à causa liberal que a insistência oca de alguns ‘liberais’ em certas regras fixas grosseiras, sobretudo o princípio do laissez faire.
Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos.
Uma "educação popular pelo Estado" é totalmente rejeitável. Determinar por uma lei geral os meios das escolas primárias, a qualificação do pessoal docente, os ramos de ensino, etc, e, como acontece nos Estados Unidos, supervisionar por inspetores do Estado o cumprimento destas prescrições legais, é algo totalmente diferente de nomear o Estado educador do povo!
É vã, num país, em que o maior patrimônio é a terra, que a arrecadação fiscal recaia sobre qualquer outra coisa. Ali afinal ela terminará. O comerciante, faça o que fizer, não pagará, o trabalhador não poderá pagar, então o latifundiário tem que fazê-lo.
Mas sabemos que Deus não tem deixado um homem assim à mercê um do outro, de forma que este possa deixá-lo passar forme se o deseja: Deus, o Senhor e Pai de tudo não deu a nenhum de seus filhos uma tal propriedade em sua porção particular das coisas desse mundo, mas ele tem dado a seu irmão necessitado um direito ao excedente de seus bens; de forma que a seu irmão esse direito não pode ser negado quando sua necessidade urgente demanda: e, portanto, nenhum homem poderia jamais ter um poder justo sobre a vida de outro homem pelo direito de propriedade na terra ou em possessões; uma vez que seria sempre um pecado, para qualquer proprietário, deixar seu irmão perecer por falta de disposição em ajudá-lo por meio de sua fartura. Como a justiça dá a todo homem um título ao produto de seu negócio honesto e à justa aquisição de seus ancestrais que descendeu a ele; assim a caridade dá a todo homem um título à totalidade da fartura do outro que o excluiria da extrema pobreza, em que ele não possui qualquer meio de se subsistir de outra forma: um homem não mais pode justamente fazer uso da carência do outro, forçando-o a tornar seu vassalo, por meio da recusa daquela ajuda — Deus requer que ele provenha à necessidade de seu irmão — do que aquele que tem mais força pode confiscar do mais fraco, forçá-lo a obedecê-lo, e, com um punhal em sua garganta, oferecê-lo a morte ou a escravidão.
Tudo o que um homem pode utilizar de maneira a retirar uma vantagem qualquer para sua existência sem desperdício, eis o que seu trabalho pode fixar como sua propriedade. Tudo o que excede a este limite é mais que a sua parte e pertence aos outros. Deus não criou nada para que os homens desperdiçassem ou destruíssem.
A posição libertária que eu uma vez defendi agora me parece seriamente inadequada, em parte, porque ela não incluiu no seu tecido as considerações humanas e as atividades colaborativas conjuntas. Ela negou a importância simbólica de uma priorização política oficial com questões e problemas, como forma de salientar a sua importância e urgência, e assim expressar, intensificar, canalizar, encorajar e validar nossas iniciativas e preocupações privadas sobre elas. Objetivos conjuntos que o governo ignora completamente … tendem a aparecer não merecedores da nossa ação conjunta e assim recebem pouco. Há coisas que escolhemos fazer juntos através do governo como ato solene da nossa solidariedade humana, fazendo-o conjuntamente e de forma oficial.
A liberdade dos governados consiste em pautar a própria existência em uma norma permanente, comum a cada membro daquela sociedade, proclamada como tal pelo Poder Legislativo; liberdade de seguir minha própria vontade em todas as situações não prescritas pela norma e de não se estar sujeito à vontade inconstante, incerta e arbitrária de outro homem.
De todas as pretensões ininteligentes e retrógradas, aquela que os comunistas mais acariciam é a ditadura. Ditadura da indústria, ditadura do comércio, ditadura do pensamento, ditadura na vida social e na vida privada, ditadura em toda parte … Assim, pelo simples desenvolvimento da idéia, se é levado invencivelmente a concluir que o ideal da comunidade é o absolutismo. Seria em vão alegar como escusa que esse absolutismo seria transitório, visto que, se uma coisa é necessária por um só momento, ela se torna para sempre, a transição é eterna. … O comunismo reproduz, portanto, mas num plano inverso, todas as contradições da economia política. Seu segredo consiste em substituir o indivíduo pelo homem coletivo em cada uma das funções sociais, produção, troca, consumo, educação, família. E como essa nova evolução não concilia e nunca resolve nada, termina fatalmente, bem como as precedentes, na iniqüidade e na miséria.
Se o marxismo é enxergado como o discurso político radical do modernismo e o feminismo o discurso político radical do pós-modernismo, pode-se ver que cada um deles funciona como um princípio articulador dominante através do qual outras lutas políticas distintas enunciam a possibilidade de transformação política.