Coleção pessoal de anajalloul
NEM TUDO QUE BRILHA É SOL
Há dia em que acordamos com os primeiros raios de sol brilhando na janela, os pássaros em um bailado de sons, orvalho brilhando entre as flores. E na solidão do meu carro, em meus próprios pensamentos, entre um semáforo e outro, a espera por um verde brilhante, e por um instante em um desvio de pensamentos, crianças dançando entre os carros, pés descalços, fuligens do asfalto, cabelos embaraçados, rostos miúdos, crianças malabaristas do asfalto, com os olhos brilhando a espera da moeda.
Moeda!
Moeda brilhante que a índia com seu filhinho mendigam na esquina, um indiozinho de pele vermelha, mãos pequenas a espera de algo,
O que!
Nem ele sabe, ah se soubesse que á quinhentos anos sua família já fora dona desta terra chamada Brasil.
Ah, se ele soubesse!
O que o homem fez com o homem, escravizou, matou em nome da fé, tomaram sua vida, seu rio, seu peixe, sua dignidade, em troca de desculpa, lhe ofertou uma homenagem “O dia do Índio”.
Ah! Indiozinho o que fizeram com você, fica ai a espera do brilho da moeda. Moeda que o velho sentado em seu orgulho, cabelos brancos, rugas que lhe revelam a idade, olhos que passam olhos que não querem enxergar, ouvidos que não querem ouvir. Velho, anônimo ao olhar alheio, quantas coisas viveu, quantas coisas estes olhos cansados enxergaram, quantas histórias tem para contar, quantas moedas para levantar-lhe.
Moeda que a mãe tenta ganhar, com seu carrinho de doce, para o leite comprar, e seu filho sustentar.
Leite!
Leite, que os homens com suas fardas azuis autoritárias não a deixam ganhar, com os olhos brilhando, uma lagrima eu vi rolar.
Ah! Mãe como queria te ajudar, mas acovardando-me em meu mundo, de semáforo em semáforo em meus próprios pensamentos.
O brilho do sol vai dando lugar ao brilho da lua, os pássaros fazendo seu último bailado, e eu, no conforto do meu lar, a espera do sol voltar, para minha janela brilhar.
Guerreiro
Negro
Negro, tu foras tirado do teu chão
Escravizado, humilhado, acorrentado
Sentiu o gosto do fel
A dor do tronco, cicatriz na alma
Teus filhos arrancados
Mulheres etária dos senhores
Da senzala o frio
Da fome, esperança
Do quilombo, refúgio
Da liberdade, relento
Do relento, morro
Do morro, senzala
Ainda hoje, buscando tua liberdade
És a maioria negra, sangue
Orgulha-te negro, levante a cabeça
Tu és um guerreiro vencedor
Que seja...
Que você seja um anjo
Que você seja criança
Que você seja menina
Que você seja mulher
Que você seja
Quem quer que seja
Que nunca deixe de ser
Esta pessoa maravilhosa
Que se transformaste
Que se foi
Amor que se foi
E nunca mais voltou
Partindo o meu coração
Sufocado de paixão
Na minha triste solidão
Numa vida sem razão
Anjo
Foi como um sonho
Você chegou
Como o sol de verão
Como o brilho do luar
Como as flores na primavera
Como borboletas no jardim
Com seus cabelos negros
Pele branca como a lua
Um olhar doce
Um sorriso sincero
Uma troca de olhar
Um abraço apertado
Foi um anjo
Foi você
Foi como um sonho!
Íntimo
O que fizeste comigo?
Porque me acordaste?
Eu cá no meu canto
Adormecido no amor
Sufocado, amores ou não
Lembranças passadas
O que fizeste comigo?
Adolescente já não sou
Chegaste de mansinhos
Com este teu jeitinho
Acordaste um coração ferido
Para que?
O tempo...
Já não o seu
O que fizeste comigo?
Porque me acordaste?
Para que?
Oh! púbere mulher!
Almas Tristes
Duas almas
Duas gerações
Duas vidas
Separadas pela vida
Encontro e desencontro
Amor covarde, bandido
Almas aprisionadas
Escolha confusa
“Até que a morte os separe”
Ou não!
Almas confusas
Almas aprisionadas
Almas tristes
Almas!
Encontro e desencontro
Almas!
Duas almas
Almas em conflito
Almas tristes!
Encontro
Quando me encontrei
No sorriso dos seus lábios
No brilho dos seus olhos
No aperto do seu abraço
No beijo da sua boca
No encontro do seu corpo
Não ouvi, nem vi
Só senti!
Dois Povos
Brilho no olhar
Suspiro no ar
Corpus laçado
Calor na alma
Dois povos
Mãos trocadas
Balé dos cisnes
Lago que chora
Pássaros que vi
Crianças que senti
Dois povos
Prisioneira do flash
No metal frio
História de um povo
Dois povos
Um coração
Dois corpus
Um desejo
Duas bocas
Um beijo
Dois povos
Um suspiro
Dois povos
Futuro incerto
Dois povos
Um sorriso
Dois povos
Desejos!
Frases
Não vim a este mundo para ser anônimo!
O mais difícil, não é ser só um solitário
E sim ser um solitário só!
Os sonhos são como uma escada
Não tente escalar o topo
Sem subir degrau por degrau!
O sol a lua as estrelas
A vida a terra
Se Deus criou tudo isso
Porque o homem insiste em destruí-lo!
Muitas pessoas não conseguem enxergar o que você fez
Só conseguem enxergar
O que você não fez!
Por acaso on-line
Por acaso vi você
Por acaso escrevi para você
Por acaso você aceitou
Por acaso o mesmo arrabalde
Por acaso amigos em comum
Por acaso um encontro
Por acaso senti sua falta
Por acaso gostei de você
Não por acaso te amo!
Romanesco
Quem sou
Poeta ou sonhador
Pintor ou escultor
Sedutor ou conquistador
Sou eu um sonhador
A eterna procura de um amor
Poeta será que sou
Pintor dos sonhos perdidos
Escultor da natureza morta
Quem sou
Sedutor, já nem tanto
Conquistador, acho que não
Talvez um sonhador,
Poeta, pintor e escultor
Ou só um sonhador!
Corpo
Corpo desejado
Sagrado, vida
Pecado que consome
Bálsamo que contagia
Curvas que enfeitiçam
No cálice o calor
Ardente da paixão!
Poeta
Dos seus versos a poemas,
Pensamentos no papel
Poeta, na suas lembranças,
Amores,sonhos
Como entender?
Poeta, que vê poesia em um olhar,
Mas também amargas palavras
Poeta, solitário,sonhador,
Mentiroso ou realista
Poeta, nem sempre compreendido,
Palavras confusas, sem rima sem graça
Poeta, como entender tua alma?
Poeta, como enxergar com teus olhos?
Ah! Poeta, se nem tu se entende
Como queres que eu compreenda
Os sentimentos de um
Poeta!
Já tentei, ou não...
Já amei e fui amado
Já sofri e fiz sofrer
Já tentei me encontrar
E não me encontro
Já tentei te esquecer
E não a esqueço
Já tentei te escutar
E não a escuto
Já tentei entender
E não entendo
Já tentei ser incessível
E não consigo
Já tentei ser notado
Não sei se sou
Já tentei me expressar
Não sei se fui claro
Já tentei escrever
E não fui entendido
Já tentei...
Ou não...
Pensamento
-Às vezes penso.
No que penso, nem mesmo sei
Se o amor perdido
Ou a paixão vivida
Se sonhos perdidos
Ou sonhos vividos
Se a indiferença da amada
Ou juras de amor
Se entre o riso
Ou entre a dor
Se tua boca molhada
Ou teus olhos fugindo dos meus
Às vezes penso
Se penso!
O amanhã
Porque choras?
-Choro por ter saudade
Saudade?
-Saudade do tempo perdido
Tempo perdido?
-Perdido por não saber amar
Amar?
-Amar mais, viver intensamente
Viver intensamente?
-Intensamente cada momento como se fosse o último
Como se fosse o último?
-Sim, como se fosse o último,
Sem pensar no dia seguinte
Para não chorar no amanhã!
Mulher
De tudo que és belo
És tu, mulher
Mulher, tua beleza é como um pôr do sol,
Que irradia o anoitecer
Mulher, tu atordoa como um cálice.
Dos mais raros dos vinhos
Mulher, teu perfume é como um
Jardim de rosas, capaz de seduzir
Mulher, tu és frágil como um beija flor,
Porém forte o bastante para ser mãe
Mulher, tu amas e será amada
Pois tu és mulher.
Menina mulher
Onde está você
Doce menina mulher
Que me fizeste amar
Onde está o sorriso
Que me conquistou
Onde está o olhar
Que me encantou
Onde está o abraço
Que me fez sonhar
Onde está a doce menina
Que me fez feliz
Onde está a menina mulher
Que me fez Poeta!
Sentir-se amado
O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?
Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo .