Coleção pessoal de ANahud
Já me sinto bem só, em solidão
De palavras matizadas de emoção,
Tudo agora é costurado, bem preciso,
Racional, rigoroso, com juízo,
Morre o poeta porque nasce o cidadão.
Quando fiz dos meus versos amargo estudo
Machuquei ensinamentos, meu passado,
Inventei de cortar com um machado
Doce rima, sons, metro, quase tudo
Que me fazia lembrar, tornei-me mudo.
Nesta selva sem verdes,
carnes claras,
encontrei a paz da carne,
sentimento.
Reluzindo a pele em flor
é chamamento
de todas as ternuras
de meus dedos.
Tomando a taça de herança,
Cristal, a mulher amada
faz tempo bom. Faz bonança
o vinho na madrugada.
Neste novo dia
Vamos celebrar a terra,
Nosso lar, somos humanos.
Vamos celebrar o ar
Que respiramos, a brisa dos elíseos.
Vamos celebrar o fogo,
A chama que nos aquece e ilumina.
Vamos celebrar a água
De que somos feitos, o ritmo da água, o rio, o mar.
Vamos celebrar a poesia,
O poeta é irmão do simples, da magia.
Vamos celebrar a vitória,
Sem ela o mundo seria sem glória.
Vamos celebrar a derrota
Porque a ela sempre abrimos a porta.
Vamos celebrar a amizade
Que nos confere intimidade.
Vamos celebrar o mistério que nos cerca.
Vamos celebrar o amor, esse mistério,
E o mistério maior
Que é a vida.
De região a fazer o bem,
mudar.
Aqui as coisas só vão na base
do milagre
Ou da força parida da vontade.
Eu penso que Jesus
Devia de nascer em Belém
Na Paraíba.
rapidamente, a nudez deixou de ser notada
(tão frágil e transparente estava), ela surgiu
revoada branca de silêncios
e se apossou de tudo!,
o corpo, a cama, o quarto, o chão,
que tanto pode a força do invisível.
Descubro
No teu corpo cálido
A textura do pássaro —
O teu corpo ave
Qualquer coisa de voo
Muita coisa do leve
Prestes a voar
O teu corpo breve —