Coleção pessoal de anacaon
Dizem por aí, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor, mas isso sim é certeza.
O ser humano gosta de complicar as coisas, é só uma brisa, quem sabe ela bagunce teu cabelo, quem sabe te acaricie o rosto, quem sabe, quem sabe…
Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras.
Desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas,
infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser. Nó aperta, laço enfeita. Simples assim.
Agora, eu penso assim: isso vale uma marquinha de expressão? Isso vale uma noite de insônia? Isso vale a minha paz? Não, então tchau. Entende? A gente que escolhe o que vai ficar na cabeça. O que está ao meu alcance, o que depende de mim eu posso fazer. Mas o que depende dos outros, bom, aí é com eles. Não posso me estressar por outra pessoa. Mesmo porque já tenho minhas preocupações constantes. Bem que eu queria ter o poder de esvaziar a mente. Se algum dia isso acontecer, pode deixar, te explico direitinho como funciona. Por enquanto, vamos tentar desperdiçar energia no que realmente vale a pena. O resto é só o resto.
Sempre fui muito bocuda. Sem maldade, achava que o mundo estava ao meu lado e que as pessoas só tinham bons sentimentos no peito. Amarga ilusão. Por isso, hoje, guardo para mim. Quem vê até pensa que "espalho" a vida, mas as minhas prioridades ficam guardadas a sete chaves. Nem meus melhores amigos sabem. Melhor assim. Aprendi com a minha mãe que certas coisas devem ficar (bem) guardadas dentro da gente.
Continuo teimosa. Não adianta, entra ano e sai ano certas coisas não mudam jamais. Não consigo ver injustiça, então compro brigas que nem são minhas. Não gosto de gente sem opinião. Preciso admirar as qualidades e ideias de uma pessoa para ser amiga dela. Tenho um pouco de agonia de quem não pensa, de quem vai de acordo com a maré, de quem não tem pulso, de quem não gosta de se indispor com ninguém e por isso fica em cima do muro. Sempre tive uma opinião forte. E prefiro ser assim do que ser uma mosca morta que ri para todo mundo só pra não perder a amizade de ninguém. Não sou de fazer tipo, se eu gosto eu gosto. Essa coisa de tipo não combina comigo, porque eu não sei ser fingida. Não consigo rir para você se não gosto de você. Se eu não te suporto, é bem provável que seja apenas educada, mas nunca vou ser sua amiga. Continuo impaciente. Não sei esperar, detesto filas, não tenho paciência com quem fala devagar, anda devagar, vive devagar. Penso que se consigo fazer quatro coisas ao mesmo tempo você também consegue. Mas estou enganada, eu sei. As pessoas são totalmente diferentes e isso eu tento aprender todo dia.
Não gosto de quem não sabe rir. E também prefiro ficar longe de pessoas negativas, que só sabem criticar, julgar ou apontar onde o outro está errado. Acho que cada um é dono do seu próprio nariz e, sinceramente, tenho mais o que fazer da minha vida. Tem gente que desperdiça um tempo danado cuidando da vida do vizinho ao invés de olhar para si mesmo. Procuro olhar para mim todo dia, mas de vez em quando sei que fecho os olhos. É que é mais fácil a gente tapar o sol com a peneira.
Tenho muito o que mudar, muito para evoluir, muito para alcançar.
“E é no jogo bobo e repetido que vai se revelando: o que passa, o que vem para ficar, o que é só caminho, o que é lugar para morar.”
O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.
MANEIRA DE AMAR
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "Você o tratava mal, agora está arrependido?" "Não, respondeu, estou triste porque agora não posso tratá-lo mal. É minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava".
Tudo isso me deixa com calafrios na barriga e uma certeza maluca de que o que realmente quero - como a gente é louco - é na verdade oposto de tudo isso, entende?
Estou cada vez mais bossa-nova, espiritualmente sentado num barquinho, com o violão no colo. Deus, como eu quero paz.
Com o baú da memória absolutamente repleto e o coração sabendo mil coisas de tudo. Ando apaixonado por viver, com tudo que isso implica, e espantado pela passagem do tempo.
Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. Ando assim descontínuo, exaltado, mas sempre com carinho enorme por você.
Eu sou as duas, é verdade. Alguns sabem, outros não.
Se em uma eu deixo transparecer a ternura, a doçura, a bondade.
Na outra eu escondo o desejo, a paixão, a sedução, a vaidade.
Uma tem vários amigos, a outra vários amantes.
E o que elas tem em comum? As duas sentem-se atraídas pelo mesmo rapaz.
Mas ele não enxerga nenhuma das duas, e qdo as vê… só vê o superficial.
Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo... Sim, ele poderá convencer alguém da sua angelitude – mas que trabalheira!
Todo caso de loucura é que alguma coisa voltou. Os possessos, eles não são possuídos pelo que vem, mas pelo que volta.