Coleção pessoal de AnabelaPacheco
O tempo urge.
A pressa de chegar a um porto desconhecido,
desperta em mim a busca do inalcansável!
Há dias que acredito,
outros tantos que não...
Atingir um estado de graça,
em que tudo importa,
mas nada se desfaça...
É utopia!
Porque o tudo e o nada,
são o oposto da felicidade...
Estar, sentir, viver,
é o antídoto,
para querer, pedir, sofrer!
Porque não adianta...
O mundo tem uma força própria
que nos transporta para além do ideal...
Levitamos entre pólos opostos,
entre o que desejamos e o que obtemos.
Entre o sonho e a realidade!
Anabela Pacheco
Doce luar.
Trazes contigo o brilho eterno do teu manto
perdido na luz que vagueia
entre a bruma e a saudade
e que me incendeia de amor...
São as estrelas tuas escravas
os cometas teus servos
bailando suspensos
num doce bailado de cores.
Névoa passageira
que ofusca as demais,
corpos celestes bailando
em gestos angelicais.
São eternas canduras
fantasias, ternuras
trocadas ao luar.
Porque teu rosto iluminado
há muito desejado
desperta em mim
a doçura de um olhar!
Anabela Pacheco
Perco-me no nada
e encontro-me no tudo...
Vielas despidas e frias.
Ruas sem gente.
O vazio tem um cheiro próprio
que não desaparece!
Frenesim de viver,
pressa de chegar,
a lugar nenhum...
Pequeno querubim.
Tua beleza e magia
contagiam de luz
a minha essência.
Porque do tudo, onde vivo,
me resgataste!
Porque no nada, me continuo a perder...
Anabela Pacheco
São momentos!
Momentos feitos de certezas,
de alegrias,
de paz, de harmonia...
São momentos!
Momentos feitos de dúvidas,
incertezas,
ansiedade, tristeza...
São momentos!
Momentos de sabedoria,
de criação,
de aprendizagem, de autoria..
São momentos!
Momentos de reflexão,
de busca,
de culto, de solidão...
São fragmentos!
De um passado
que teima em ficar...
De um presente
que teima em acabar...
Anabela Pacheco
Só um sopro...
No rasgo do teu olhar,
na melancolia do teu sorriso,
na nostalgia da tua vida!
Apenas um sopro...
Na penumbra da tua sombra,
na raíz da tua saudade,
no silêncio do teu medo!
Não estás morto.
É apenas a tua alma
que não vive!
Frágil, em pedaços se desfez.
Sonhadora, em ilusôes se perdeu!
Só um sopro...
De esperança,
de crença, de felicidade!
Irás ser imortal,
no templo dos Deuses,
no mundo dos lendários.
Porque a tua história,
nâo desfalece no teu perder.
Sobrepõe-se ao teu viver.
É única, verdadeira, lendária!
Só um sopro
e será ETERNA...
Anabela Pacheco
Promessas vãs.
Sonhos vãos...
Palavras proferidas.
Escarpas. Feridas.
O tempo que não chega,
nem nunca chegou!
São bolbos ao vento.
Um gemido,
um lamento,
por tanto, por tão pouco...
Quem nunca chorou?!
Cruéis expectativas,
desespero,
fatiga...
Quem nunca perdoou?!
São chamas ardentes,
que queimam,
tão quentes...
Tão vivas, tão presentes!
Quem nunca amou?!
Anabela Pacheco
Maior será a minha coragem!
Menor será o meu medo.
Vou olhar para o futuro.
Não faço disso segredo.
Porque o sol nasce a cada dia,
em todo o seu esplendor.
Porque estou viva,
rodeada de amor.
Porque adormecer,
é morrer a cada dia...
Porque maior será a minha alegria!
Porque desejar é querer,
a cada dia renascer.
Porque vou conseguir!
Vou lutar e atingir
tudo o que quero alcançar.
Fazer castelos de areia.
Dançar ao luar.
Correr, saltar.
Sentir, viver.
Sorrir, amar!
Porque maior será a minha coragem!
Porque menor será o meu medo.
Porque sou apenas humana,
não faço disso segredo!
Anabela Pacheco
Um só olhar...
Um momento.
Aquele momento!
Saciar a vontade
de ser e estar
contigo...
Doce melodia
cujo eco persiste
em me atormentar.
Saudade!
Do toque aveludado das tuas mãos,
do leve beijo,
do cheiro inebriante da tua pele...
Tão doce.
Tão macia.
Um só olhar...
Um momento.
Aquele momento!
Perco-me no querer
que nunca se vai concretizar!
Perdida. Sigo.
À procura do teu odor...
Cada vez que em ti me encontro.
Cada vez que em ti me perco!
Anabela Pacheco
Diz-me!
De que cor pintaste o céu?
Será azul celeste,
agreste como eu?
Terá traços de negrura,
frios e vorazes?
Será a expressão das nossas vontades,
ou a certeza das nossas ternuras?
Diz-me!
Se vês o brilho do sol,
para lá do horizonte.
Se pintas a lua de branco.
Se esbates o castanho do monte.
Diz-me!
De que cor pintas a tua vida?
Será um esboço do nada?!
Estarei a ser atrevida?!
Não consigo adivinhar.
Vejo um espectro de cor,
sem significado.
Um traço parado.
Um destino, sem fado.
Diz-me!
Porque não queres colorir
um céu estrelado?
Dar luz e brilho
a um sonho encantado.
Diz-me!
Preferes viver e sonhar,
com um desenho inacabado,
que só tu podes terminar?
Diz-me!
Anabela Pacheco
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
São meras fantasias,
que jazem tardias,
no teu esplendor.
Cruéis fantasias de amor!
Pecados mortais.
Doces tentações.
Histórias perdidas.
Mar de ilusões.
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
São frases não ditas.
Promessas malditas.
Que causam ardor.
Um grito no escuro.
Teu lado obscuro.
Que tanto me seduz!
São memórias esquecidas.
Apagadas. Destruídas.
Aquelas que vivi.
Por saber que não vinhas...
Senti-me perdida.
Definhei. Sofri.
Amaldiçoei teu nome.
Selei a ferida.
Desfaleci.
Não mais pude amar.
Resignei-me.
Sorri.
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
Anabela Pacheco
Deixa-me olhar para ti.
Descobrir se finges,
ou sentes o mesmo que eu.
Deixa-me escutar a tua voz.
Perder-me e encontrar-me.
Só por breves segundos.
Saber se sussurras o meu nome no silêncio.
Se o gritas ao vento,
assim como eu...grito o teu!
Este querer infinito,
que só tu sabes desvendar.
Uma alma perdida,
por tanto te amar!
Vislumbrar o teu rosto.
A cada amanhecer, a cada luar!
Porque vives em mim,
porque tudo o que sei é amar.
Anabela Pacheco
O tempo esgota-se!
Tantos projectos, tantos sonhos por viver...
A vida dá-nos tanto e tira-nos tanto!
Cada minuto, cada segundo,
sem saber...
Se entre o partir e o chegar,
existe o permanecer.
Porque a vida é um eterno descobrir,
entre emoções, sentimentos, sensações...
Não temos tempo para definir,
se avançamos ou recuamos.
Apenas vivemos, cada segundo, cada instante,
num eterno advir...
Será esta a resposta? Nada saber? Tudo sentir!
Anabela Pacheco