Coleção pessoal de ana_julia_franca
Onde estamos, há adagas nos sorrisos! O mais perto de nosso sangue é o que está mais perto de derramá-lo!
É rápido como uma sombra, curto com um sonho
Breve como um relâmpago na noite fria
Que com melancolia revela tanto o céu quanto a terra
E antes que o homem consiga dizer "Veja!"
Os dentes da noite o devoram.
E assim, depressa, tudo o que é luminoso
Desaparece em meio à perplexidade
Um homem inteligente pode transformar-se num joão-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais.
Pois vê só quão pouca consideração tens por mim: estás querendo tocar-me, como instrumento, conhecer os meus registros, do mais alto ao mais baixo. Há muita música boa; aqui dentro, e mesmo assim não sabes como tirá-la deste pequeno órgão. Estás pensando, por Deus, que eu seja mais fácil de ser manuseado que um pífaro? Podes dedilhar-me á vontade, não tirarás nota alguma de mim! - Hamlet, lll ato, cena 2.
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.
A luz irrompe onde nenhum sol brilha;
onde não se agita qualquer mar, as águas do coração
impelem as suas marés;
e, destruídos fantasmas com o fulgor dos vermes nos cabelos,
os objetos da luz
atravessam a carne onde nenhuma carne reveste os ossos.
Nas coxas, uma candeia
aquece as sementes da juventude e queima as da velhice;
onde não vibra qualquer semente,
arredonda-se com o seu esplendor e junto das estrelas
o fruto do homem;
onde a cera já não existe, apenas vemos o pavio de uma candeia.
A manhã irrompe atrás dos olhos;
e da cabeça aos pés desliza tempestuoso o sangue
como se fosse um mar;
sem ter defesa ou proteção, as nascentes do céu
ultrapassam os seus limites
ao pressagiar num sorriso o óleo das lágrimas.
A noite, como uma lua de asfalto,
cerca na sua órbita os limites dos mundos;
o dia brilha nos ossos;
onde não existe o frio, vem a tempestade desoladora abrir
as vestes do inverno;
a teia da primavera desprende-se nas pálpebras.
A luz irrompe em lugares estranhos,
nos espinhos do pensamento onde o seu aroma paira sob a chuva;
quando a lógica morre,
o segredo da terra cresce em cada olhar
e o sangue precipita-se no sol;
sobre os campos mais desolados, detém-se o amanhecer.
( "Light breaks where no sun shines" )
Não vás tão docilmente nessa noite linda
Que a velhice arda e brade ao término do dia
Clama, clama contra o apagar da luz que finda!
Embora o sábio entenda que a treva é bem-vinda
Quando a palavra já perdeu toda a magia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.
O justo, à última onda, ao entrever, ainda,
Seus débeis dons dançando ao verde da baía,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
O louco que, a sorrir, sofreia o sol e brinda,
Sem saber que o feriu com a sua ousadia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.
O grave, quase cego, ao vislumbrar o fim da
Aurora astral que o seu olhar incendiaria,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
Assim, meu pai, do alto que nos deslinda
Me abençoa ou maldiz. Rogo-te todavia:
Não vás tão docilmente nessa noite linda.
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
Se
Se podes conservar teu sangue frio
Diante do que te acusa, a desvairar;
Se, ainda quando suspeitem de teu brio,
De tua fé, podes em ti confiar;
Se podes esperar, sem te cansares
E sem de ti perderes a noção;
Se, caluniado, em vez de caluniares,
Compensares o mal com o teu perdão;
Se podes tu sonhar; se teu intento
Fazes por algum dia realizar,
Se não buscas impor teu pensamento;
Se o mesmo és no prazer e no penar;
Se podes tu ouvir o que a gente
Demolidora e má nos faz ouvir,
E após, pela verdade, consciamente,
Lutas até fazê-la ressurgir;
Se podes tu tentar sorte insegura
E, perdido uma vez e uma outra mais,
Tornas de novo ao lance da aventura
Sem uma afronta proferir jamais;
Se podes tu fazer que tu obedeçam
Os teus nervos, e o próprio coração,
Sem que, por mais exausos que pareçam,
Ao teu desígnio jamais digam "NÃO" !;
Se podes, com igual solicitude,
As multidões ouvir, como a teu Rei,
E sem que um só te imponha uma atitude
Conte contigo toda a humana grei;
Se podes, da existência a que dás brilho,
Aproveitar todo o minuto seu,
Sem desperdício algum, então, meu filho,
És um homem de bem e o mundo é teu !