Coleção pessoal de amargarita
Através de meus graves erros – que um dia eu talvez os possa mencionar sem me vangloriar deles – é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada. A consciência de minha permanente queda me leva ao amor do Nada. E desta queda é que começo a fazer minha vida. Com pedras ruins levanto o horror, e com horror eu amo. Não sei o que fazer de mim, já nascida, senão isto: Tu, Deus, que eu amo como quem cai no nada.
O mal é que a minha esperança ou é inexistente ou forte demais – esperança forte demais é “infantil”.
Sofrimento não sofrimento como caminho só se pode falar no passado, dizendo sofrimento foi caminho, só se torna “caminho” se levou a alguma coisa.
Tudo às vezes questão de mão recusada ou dada, tudo às vezes por causa de um passo a mais ou a menos.
De algum modo cada um de nós oferecia sua vida a uma impossibilidade. Mas era verdade também que a impossibilidade terminava por ficar mais perto de nossos dedos que nós mesmos, pois a realidade pertence a Deus.” Martim pensou depois que temos um corpo e uma alma e um querer e os nossos filhos – e no entanto o que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
O importante não é dizer, é saber. Cartas coisas não se dizem, porque dizendo, deixam de ser ditas pelo não-dizer, que diz muito mais.
Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar.
Desejo que você não esmoreça, porque é tão bom estar de “bom jeito”. Acho que eu devia abandonar minha “tragédia” em um ato...