Coleção pessoal de aliinerosa

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⁠Onde dorme o seu poema mais bonito?
em que lugar ele se meteu?
onde é que ele está escrito?
em qual página você o escondeu?

aquele verso
do avesso
um desabafo
num tropeço

aquele texto
uma canção
alguma carta
ou oração

talvez bilhete
ou sms
singelo recado
talvez no direct

quando vê o amor num detalhe ordinário
e ele acende a luz da sua atenção
quando acha que tudo está perdido
mas a luz reacende o seu coração

onde quer que esteja
vive o teu poema.

⁠⁠Ser poeta dói do lado
avesso

quando não está
apaixonado
fazer um poema sobre
paixão
o faz cambalear em uma
fina
corda bamba do
impossível
e chegar ao outro lado
da corda
com feridas da alma
curadas
com sujeiras da mente
lavadas
ser poeta dói do lado
avesso
mas quando faz um
poema

dá até vontade de se
apaixonar.

⁠⁠Às vezes um poema se esconde
no som da risada de alguém
e aparece apenas quando o riso
se torna melodia bonita
e então eu deixo de rir junto
para ouvir o poema-riso
e só
Às vezes um poema se esconde
num carro sem uso e empoeirado
assopra os meus olhos castanhos
e então eu deixo de seguir o caminho
de ruas retas e calçadas limpas
para me sujar com o poema-pó
e só
Às vezes um poema se esconde
numa caixa de fotos antigas
e entre os amigos que passaram
vejo a família que sempre fica
então deixo o nó na garganta
para chorar no poema-lembrança
e só
Às vezes um poema se esconde
na alva tez da manhã
e vai se amarelando o corpo
pouco a pouco
num banho dourado que vem do Céu
e então eu deixo a câmera de lado
para agradecer o poema-dia
e só
Às vezes um poema se esconde
nas miudezas que nascem no silêncio
nas delicadezas que tocam na atenção
e a atenção me distrai de todo resto
e então eu deixo de ser resto
para me tornar o todo e encontrar
abrigo no poema-escondido
e só.

⁠⁠À flor da pele
é a flor mais forte que existe
todos tentam o seu total controle
ela resiste

desabrocha
no tocar das intensidades
e busca o seu ideal
nas mais cruas realidades

carrega
as nuvens do peito
e deságua
imensos sentimentos

inunda os olhos
que refletem
o que a razão
não se submete

transborda
as bocas dos poros
levanta
solo e subsolo

do corpo
que arrepia
do início da noite
ao final do dia.

⁠⁠Se(parar)
pra pensar
na importância
da separ(ação)

dá até para
compreender
o que não se
pode entender

é que às vezes
duas metades
só são inteiras
se separadas.

⁠⁠Às vezes uma lágrima salgada cai
e não sabe para onde escorrer
se perde pelo caminho

encosta num canto

((se isola))

não chega até os lábios que
sentiriam o seu sal
não fosse a necessidade de ser

.só.

⁠⁠No corpo da palavra
minha melhor intenção

na leitura da palavra
sua melhor interpretação

à sombra da palavra
nosso mais íntimo segredo.

⁠⁠Tenho observado
diariamente
o movimento
dos horizontes
ao entardecer
e me emociono sempre
quando imagino
o motivo de serem
tão trêmulos

serão nervosos
por tanta distância
ou distantes
por serem nervosos?

⁠⁠De tanto olhar pra trás
me perdi de vista
agora
agarro-me a tudo
o que me traz de volta
pra mim.

Meu verso
(em) chama(s)
por ti.

⁠⁠Só ouvir o coração
pra ele sempre ter razão.