Coleção pessoal de alfredo_bochi_brum

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⁠EXTRAVASÃO
Roubaram o sol do Guaíba
Um balanço a inundar o outro
As águas encobrem a vida
Deixando tudo meio torto
Serão gigantes as feridas
Correnteza embalando corpos
Incansável gente aguerrida
Que alcança a esperança do encontro
Afogando as mágoas com a lida
De quem não se entrega “nem morto”!

⁠GÔNDOLAS EM VENEZA
Qual a Força da Natureza
E qual seria o Seu Tamanho
Uma Gigante com certeza
Chega soar um tanto estranho
Poder trazer tanta tristeza
Mas quantas vezes eu me acanho
Pensando só em miudezas
E o que aqui hoje acompanho
Não são gôndolas em Veneza!

⁠RESPINGOS
Nem tudo é o que parece
As andanças são distintas
Resta invocar uma prece
Quando se está na berlinda
Quanto mais a ti conheces
A Virtude te respinga!

⁠SERENO
Quando em meu canto recolho
Vou tentando ser ingênuo
Deixo as ideias de molho
Me cobrando muito menos
Sobre aquilo que eu escolho
Julgamento mais ameno
Muito mais de mim eu colho
Ao regar um ser sereno!


ENCONTRO
E o que afinal te traz aqui?
Será a busca por um novo mundo?
Outro lugar não há além de ti!
Pra encontrar o que é de mais profundo
Não há que ser de fora o evoluir
E descobrir em ti o mais fecundo!

⁠INCANSÁVEL
Os despertares nunca são iguais
Invocação profunda ao Grande Pai
O que é realmente Belo não cansa
Teimoso que aponta sempre à Esperança.
(Alfredo Bochi Brum)

⁠INCERTEZAS
Que bom vê-la coagida
Em voltar brincar com a vida
Assim, meio na chibata
No açoite que arrebata
As incertezas do medo
Permitindo um novo enredo
Deixando o que não importa
Virar chave à outra porta!

⁠EM CANTO
Que não te cause espanto
Porque estou em pranto
Agora enxugo o manto
Ao céu invoco um canto
Pois és tu meu encanto!

⁠POLIMENTO
Com que lentes vês o mundo?
Sorris da própria tristeza
Transformas cada segundo
Em oportuna beleza
Nova vida ao moribundo
Polindo o olhar da leveza!

⁠VOO RACIONAL
Sei que não há nada mal
Em um pensar racional
Afinal também importa
Pra não titubear a rota
Sem fla"gelar" a emoção
Deixa voar o coração!

FRIO
Daria um certo tudo
Para repetir mudo
O segredo noturno
Desse bem sobretudo
De um carinho veludo
Me deixou moribundo
Quase meio sem rumo
Na geleira do mundo!

CORRIDA
Não sei bem qual o motivo
Que eu chamei o aplicativo
Nem sabia onde ir
E tão pouco estar ali
Não foi muito o que esperei
Mas o fato é que embarquei
Gratidão pela corrida
Mais que um beijo a despedida!

⁠TONHO
Uma Taura velho medonho
Repontador de alegria
Esse era o amigo Tonho
Que nos deixou nesse dia
Transformou a vida em sonho
Rastros de amor e família.

⁠COMANDO
Independente à dor que sangra
Convém arregaçar as mangas
Confirmar que ainda comanda
O que quer e por onde anda!

⁠O QUE SOBROU
Quando nada mais resta
Buscar rumo sem pressa
Pro tino abrir a fresta
Clarear o que não presta
Serenar as arestas
Redefinir as metas!

⁠INSÂNIA
Em meio a tantas agruras
Que já vêm de lonjuras
Por que agora apuras
Se nem o tempo cura
As estocadas duras
Rasgaram a lisura
Que um dia foi pura
Nessa insana loucura.

⁠REVÉS
Entre tantos pois és
Se vai mais um revés
Balancear os porquês
Seguir mais uma vez!

⁠ESCONDERIJO
Quando se fita ao longe
Longe de ser monge
Olhar sem saber onde
Alguma luz responde
E sai de onde se esconde.

⁠TINO GRATO
Do que era um fino tato
Não há mais nem contato
Melhor pagar o pato
Não sendo um insensato
Assim me fui ao mato
Pra não virar um trapo
Voltar ao tino trato
E o que parece fraco
É fortemente grato!

⁠AMARGO
Meu mate hoje ficou solito
Num coração que sufoca o grito
Tentando amenizar o atrito
Dos mesmos erros que eu repito
Com eles peleio e insisto
Sorvendo esse amargo eu não desisto
E sei que não berra o bom cabrito
Pra ver se alguma paz eu conquisto!