Coleção pessoal de alessandrahorta
Ei, seu moço!
Eu tô com frio
e pra me aquecer
preciso de você.
Me dá um trago
do seu cigarro?
Um gole da sua cerveja
e um abraço bem apertado?
Beijo molhado.
Sorriso minguado
de tão tímido e suado.
Tô ali na esquina,
"perando" o encontro adiado
e mal combinado.
Tem blusa de frio aí, seu moço?
Ou seus braços me aquecem?
Seu moço, eu "pero".
O JARDINEIRO DE MIM
Pernas cruzadas, arqueadas, medrosas.
Se abraçam, se fundem.
O Jardineiro nem semeia; mas colhe de mim cor e flor.
Sem fôlego, quer e espera.
Menos que eu,
já trôpega em meus gritos roucos.
Moça bonita, moço cheiroso... pele!!!!
Me refresquei num banho de sonho e, assim, adormeci.
O que eu vi?
Um jeito mineiro, matreiro e aventureiro
passeando pelo meu canteiro,
semeando cheiros!
Eu quero o seu colo.
Seu colo melódico, sem método.
Eu quero o seu riso e olhar terno,
seu desejo devasso.
Quero que me invada no pouco espaço
vazio do copo e do trago que trago.
Te sarro e devoro!
A pedra sustenta, mas um dia quebra.
Quebra e cai.
Espatifa, desliza e se esvai.
Sou a pedra. Quando quebrar rolo em pequenos pedaços.
Estilhaços inofensivos de mim mesma.
Eu vou e volto.
Num suspiro retorno
e me aconhego no que não vejo.
Transcedo, me olho no espelho
e descubro que é opaco.
Impotente, tenho medo.
Medo do que nunca tentei,
medo do medo.
Medo do que que poderia ser.
E não é.
Medo porque sou pequena,
grão de areia
num mar revolto e confuso.
Me ofusco.
Escondo em
verso
diverso,
desconexo.
Atolo no copo,
entrego.
Carrego aqui
sentimento profundo,
devasso.
Encurto o passo.
Adiante o abraço,
entrelaço.
Trago,
cigarro,
sarro,
farto!
Sonho,
deliro,
respiro.
Outro verso,
outro copo.
Sentimento,
passo encurtado,
abraço entrelaçado.
Mais um trago,
um cigarro
e um sarro!
O dia era triste,
parecia não terminar.
Foi um suplício.
Nem um caniço
poderia erguê-lo
das profundezas
daquele mar...
Seu olhar era tenso
e nublado.
A feição estática,
apática.
Não se movia,
não era cria
daquele lugar!
Divagou,
caminhou
e perambulou
pelas trilhas
que já não
existiam.
Às vezes parece
que o mundo para,
estaca
e estanca
a vida.
Não sei se é paz,
ou solidão.
Mas digo de antemão
que o sentimento
apraz.
É quase adormecer,
é quase sonhar...
deixar o tempo
me levar
e me largar
em qualquer lugar!
Se não entendi, perdoe...
Se entendi, releve!
Sou afetuosa,
mas casca grossa!
Sou na lata
e desafio
qualquer
faca,
por mais afiada
e amolada.
Mas não corte meu coração,
mereço perdão!
Mereces também!
Te amo com paixão...
Não deixe um vão
na melodia desse acorde
às vezes dissonante,
mas sempre perfeito!