Coleção pessoal de AldoTeixeira
Pra quem queria uma vida diferente,
Que acreditou nessas propostas indecentes.
Promete o mundo, mas lá no fundo
Não cumpre nada. É sempre a mesma jogada.
Pra quem esperou seu discurso bem falado,
Acreditou mais uma vez no cara errado.
Como um gravata de pele lisa vai defender
Quem na batalha trabalha tanto só para comer?
Ele nunca vai poder falar por você.
No prato dele nunca nada faltou.
No ano par, vem agradar. Pra que?
E na passada em quem você votou?
"Esperança é última que morre"
Esse papinho juro que não comove.
Se ela última, eu vou primeiro.
Vamos morrendo de janeiro a janeiro.
Na esperança só elegemos terceiros.
Quero um de nós, num um bacana,
Mas abre os olhos que aqui também temos Obama.
Ele nunca vai poder falar por você.
No prato dele nunca nada faltou.
No ano par, vem agradar. Pra que?
E na passada em quem você votou?
É ano eleitoral, já vem o marginal de gravata.
Por incrível que pareça, isso que retrata,
A cesta básica por voto de presente
Foi paga por você de forma inconveniente.
A foto no bairro com as crianças carentes
Num piscar de olhos ele te convence
Puro lobo em pelo de cordeiro,
Esperando o confirma pra desviar dinheiro.
Antes de jogar seu voto fora, pense!
Ele nunca vai poder falar por você.
No prato dele nunca nada faltou.
No ano par, vem agradar. Pra que?
E na passada em quem você votou?
Quando eu abrir a boca
Abrirei as portas com boca.
Mesmo morando no porão,
Mesmo esquecido no meu canto.
Eu cantarei.
Convencendo, mas sem convéns.
Direi o que ninguém conseguiu me dizer.
Dizeres de alguém que já se convenceu.
Eu cantarei.
Quando eu abrir os olhos,
Eu sonharei.
Sem música popular,
Eu vou me poupar dessa fadiga.
Quem me instiga contará metais.
Quem me investiga, esse não saberá.
O que será de nós?
É evidente que estamos em maus lençóis,
Que a grande maioria de nós
Já estão presos em anzóis.
O que será do amanhã?
Se o mensageiro Tupã
Foi trocado por Gabriel
Anjo do céu, entidade pagã.
O que será das matas?
Se o homem ainda desmata
E maltrata por ambição.
Nós de mão atadas, não por opção.
Por opressão.
O que será de mim?
O que será de você?
Se continuar assim,
Sinto muito, vamos perder.
O triste nisso tudo
É acordar cada dia em mundo,
E dormir em outro pensamento.
É vontade de abraçar o mundo
Ou de deixar tocar-se pelo vento.
Viajem astral ao meio-dia.
Anoite me entrego a boemia.
Acendo um ultimo cigarro,
E penso em como salvar o mundo.
Contraditório.
Igual rato de laboratório,
Louco de sanatório, que aceita honorário.
Uniforme. Big-bang. Amém, ah não.
Que ilusão, 5 4 3 2 1
Bom bá relógio na contagem regressiva.
Minha mente carregada de cargas explosivas
E negativas.
Disfarço o sorriso na face,
Depressão, há de ser o grande impasse.
O aborto de um adulto, adulterado.
Entorpecido. Melancólico.
Teor alcoólico.
Não sei se fui errado.
Não pedi pra existir sem voz.
Vim aqui pra dizer por nós.
Que a vida confundiu-vos.
Vamos levantando, vamos nos armando.
Nosso exército está atrasado,
Temos que ir marchando.
Nos politizando, não comprando.
Vamos.
Levantem-se, o farda de pé está
Pronto pra atirar,
A pedido do gravata que você
Colocou lá.
As canções explicativas acabaram.
Os filósofos interpretativos se calaram.
O livro não foi escrito.
Os planos mirabolantes ofuscaram.
O mundo perdeu a cor.
Os meses se passaram.
O coração renegou o amor.
O rima mudou o tom.
A vida que já não tem som, do lado direito.
Assim nasceu a realidade do hoje.
Eu te quero! Te amo de verdade mesmo, sem mentiras. Sinto até que amo mais do que devia, não que você não mereça, muito pelo contrário. Mas é que com tanto amor assim eu fico com uma insegurança gigante, um medo de te fazer sofrer e não conseguir me perdoar. O que sinto por você vai além do amor convencional entre um homem e uma mulher. E é por isso que eu não me sinto confortável com a situação.
Eu queria te ter pra sempre, só que do meu jeito, sem magoas e expectativas. Apenas deixando acontecer. Sem aquele compromisso de namoros comuns. Não que eu vá procurar outros amores por ai, longe disso, mas é que mal sei se continuarei por aqui. Se seguirei por essas vidas.
Não sei amar dessa forma. Sei que seus pais querem alguém sério, que pretenda ter uma família ideal, que lhes deem netos normais. Mas esse nunca serei eu.
Sinto uma cobrança sobre a minha luz.
Juro que não quero te magoar. Pra não te ver chorar eu sou capaz de mudar o nosso sistema solar, mas não me peça pra mudar-me.
Eu juro que te amo, só que do meu jeito!
Eu podia te compor uma canção de amor
Mas não sou um bom compositor
E não sei fazer canções como se deve.
Eu podia escrever uma bela poesia
Mas rimas me faltariam
Assim como sobram nas nuvens de neve.
Eu podia gritar seu nome nas praças
Mas me jogariam às traças
E diriam que estou louco.
Eu podia... Eu podia é tão pouco.
Euforia em gritar que eu te amo até ficar rouco!
Tudo floria na maior das simetrias!
Já tentei, juro que tentei te explicar e me explicar o que sinto por você, mas não consigo. É bem maior que meu vocabulário poça imaginar, chega a ser algo extraordinário do qual nunca, em hipótese alguma eu trocaria. Nem por todo dinheiro do mundo, nem por nada.
Você pra mim é aquela razão do sorrir distraído que me expulsa do estado melancólico, é aquela pessoa que sempre me visita em pensamentos, ou melhor, que mora em meus conturbados pensamentos. Não sei explicar direito. É como se revirasse-me pra tentar escrever algo pra te mostrar o que sinto e no final ficar com aquela sensação de que ainda falta muito pra falar.
A verdade é que eu te amo e não sei explicar.
Mais um dia se passou. Bom ou mau?
Mais um dia se passou, fato.
Um dia chato que implorei pra acabar.
Mas o dia se passou, e não passei o que queria.
Mais um dia que não lembrarei que vivi.
Fingi estar ali, mas viajava por entre meus sonhos.
Os dias seguirão passando.
E com eles a vida.
O morro eu subo.
Como uma formiga,
Alimentando a rainha chamada de realidade trabalhista.
Mas que morram os reis.
E também o seus soldados que são mais escravos do que imaginam.
Meu sonho é deixar de ser formiga.
Descer formigas dos morros.
Viver sem medo dos predadores pessimistas.
Um dia ainda vou!
Ela voltou pra me assombrar,
Pra falar no meu ouvido o que não quero escutar.
Pra lembrar dos minhas falhas
E cortar como navalhas
As vezes que tropecei.
Ela voltou pra revirar
Os sentimentos, e me fazer chorar.
E me lembrou que não tenho com quem desabafar.
Chegou pra contradizer o bom momento
E construir uma muralha de cimento
Pra separar os sentimentos.
O mal do bem.
Chorar sobrou pra quem?
Contagem regressiva
Sem saber a estimativa
Do tempo que vai durar.
Hora, dia, mês ou vida inteira.
Tapando o sol com peneira.
Já pensando em disfarçar,
Em camuflar as lagrimas.
Uma senhora milenar
Que vive (ou morre) a me seguir.
É sexta!
A grande maioria já cumpriu obrigatoriamente sua sentença semanal. Alguns ainda lutam, com por exemplo o garçom, o balconista, até mesmo o frentista do posto lá em baixo.
Mas estes não estão à vista, não são vistos. Nem reconhecidos pela manada de normais.
Direitos iguais? Pra quem?
Enquanto você disfarça sua depressão no seu copo de bebida, atrás do balcão tem uma vida que te serve enquanto você bebe. Enquanto se diverte.
De leve, contraindo seu braço pra impressionar a moçinha,
que tá do outro lado do bar falando abobrinha...
O que aconteceu na novela? Você viu quem tá namorando ela?
Não gosto daquela menina de blusa amarela.
As mentes foscas cruzam olhares, cada um com seus hormônios. Não demora muito tempo, o desalento do destino e da natureza, põem pra se embriagarem juntos na mesma mesa, predador e presa.
Quanta beleza... vazia.
O clima era propício, o garanhão mirava o míssil, a presa se exibia!
Ali fora, na calçada do bar, socos se trocavam pra poder estacionar. Acompanhante era o álcool.
A noite é o caos!
E vocês estão em maus lençóis, ou melhor nós.
Não vem achar que é fácil
Matar um leão por dia.
Não vem dizer que é frágil
A nossa periferia.
Minha vida sem regalia,
Na luta diária,
Não falha
O som que contagia.
Gritam meus sonos:
Ah! Quero descansar.
Repete com eco meu ego:
Cansar, cansar, cansar!
Gritam meus donos:
Não há tempo para sonhar,
Lave o rosto e volte a trabalhar.
Sonho que não houve,
Dono que não ouve.
Um escravo mudo e analfabeto
Na indústria "do portão aberto".
Prisão voluntária,
Estou farto dessa história.
Me confundo,
Na raiz de delta, cromossomos e fuso horário.
Mais confuso,
Sem decência, mas com razão no fundo.
Ciência explica tudo, tudo que ela acredita.
Hipóteses, mas de mil pra cada ponto.
Confronto de ideais.
Frases que pra você talvez não tenha fundamento,
São a exatidão da minha confusão que sinto no momento.
Até as mais belas letras dos mais requintados compositores
Já não me satisfazem por completo.
Está na hora compor meu refrão,
De agradecer os que me engrandeceram com as letras,
E letrar os engrandecidos que agradeço.
Segunda, o céu só não está mais belo
Pois está atrás das grades.
Prezo, detido por ser livre.
Por ser tão azul e mudar de cor.
Até aqueles gigantes pedaços de algodão foram aprisionados
Por andarem soltos por ai, pra onde o vento tocar.
Eu aqui, na mesa do trabalho dentro das 44 semanais. Olho para essas grades a pensar:
Quem será que prendeu esse céu, que minutos antes de bater o ponto, era tão livre?
Quem ousou trancafiar essas esculturas de algodão, que estavam a correr antes de segunda?
Quem foi o ser que inventou tamanha escravidão?
Se eu tivesse a força dos ventos, arrebentaria essas grades como se fossem barbantes. E perdoaria o "sem coração" que deixou um céu tão belo prezo desta forma.
- Céu, se é que me lê agora, preste atenção. Eles estão te comprando da forma mais barata possível. Eles estão tirando a sua beleza. Eles, eles...
Talvez se o céu soubesse que é um escravo, se rebelaria, chutaria as grades destes portões e pressionaria este ser que o escraviza.
Pena maior, é saber que esse mesmo céu olhará pra mim por entre essas grades e achará que o prisioneiro sou eu.
Sou a pedra no seu sapato.
Talvez me chame de filho ingrato,
Que ordens não acato,
Mas é que ainda falta comida no meu prato,
E da grande multidão.
Acuado, não morro e não mato.
Isso é fato.
De obrigações eu to farto,
Seguir normas que não estão no contrato da vida.
Indevida constituição.
Serviço obrigatório
Bem parece um sanatório,
Ou melhor dizendo: - "Sedatório".
Um corpo, pra não chamar porco em decomposição.
Essa história de guerra não me convence,
A verdadeira paz nunca vence.
Sobre honrar a pátria, pense:
Amor é via dupla não contra-mão.
E se eu fosse um poeta?
Escreveria com as mais difíceis palavras,
Palavraria com as mais confusas escritas.
Encheria os olhos de lagrimas,
Não só os meus, mais também dos que me lessem.
Se eu fosse um poeta...
Recitaria aos ouvidos atentos,
Justamente o que querem ouvir.
Diria teorias criadas por mim,
E reflexões copiadas de alguém.
Se eu fosse o poeta...
Fingiria sentir a pior de todas as dores,
Inventarias intrigas de amores
E criticaria as opiniões contraditórias.
Pois não me convencem.
Se eu fosse um poeta...
Terminaria estas linhas
Dizendo as minhas mais falsas palavras.
E mudaria o mundo com minhas mentiras
Se eu fosse, mas não sou poeta.
Isca viva,
Quem não arrisca não petisca.
Truque caro,
Carta na manga-larga-paulista,
Cavalo de Troia na burguesia.
Quem enterrou o ouro se perdendo no mapa,
Mais pra direita que pra esquerda.
Abaixa a saia,
Já diziam os truqueiros.
Não fujo à raia
Nesse mundo desigual.
Um novo ciclo monetário
Mais igual, mas ilegal.