Coleção pessoal de AldoTeixeira
Imagino,
Onde mora futuro?
No bairro do destino?
Ou no jardim do acaso?
Cercado de muros?
Ao campo aberto?
Onde será o endereço certo?
Tão perto que nem alcanço?
Tanto que me lanço,
Danço atrás das paredes.
A procura da resposta
Pra saciar a sede.
E temo, gemo de medo,
De não saber como me comportar
Na presença desse mal estar
Parcelado sem juros,
Mas com mil juras.
Na mais pura das loucuras,
Fujo do futuro que tanto quis.
Espero a chuva pra apagar
O que foi escrito de giz.
Por mim,
No fundo do jardim
Da infância,
No auge do esconde-esconde
Os dias não encontrariam-me
E se perguntariam: Onde?
Vou direto ao ponto...
De partida.
Vou correr,
Cuidar da minha vida.
Que vem andando.
Girando ponteiros
Dos quais não tenho o controle.
Custa caro,
Mudar a cor do cavalo
No meio da corrida.
No caminho de volta
Penso na ida,
E versa e vice.
Essas conversas
De que devo melhorar...
Em que linhas deveria pisar...
Só me fazem lembrar
Das minhas loucuras
Que não abro mão.
Julgam sem razão
Pois minha ideia não dura
Mais que as normais.
Televisores e jornais
Infiltrados,
Escorrem a parede do pensamento
Daqueles que não separam
Nada do que querem dizer.
Em meio a mil super-heróis
Eu estou desconfiado.
Sem escudo permaneço,
Sou mais um desempregado.
Os pés preso a corrente
Dos mil vícios da cidade.
Passarelas, viadutos,
Escondendo a verdade.
Do oitavo andar se jogam
A procura da resposta,
O mercado de trabalho
Não aceita outra proposta,
Triste sina.
Eu falo sério!
Praticante do stress,
Na esperança um "senhor",
Garante lugar no céu
Negociando com o pastor.
Lagrimas já nem se escorrem
Temem o medo de nascer,
Na poluição do mundo,
No que possa acontecer,
Temos medo!
Eu falo sério!
Automóveis atrasados
Levam vidas inocentes
E nos planos funerários
Não cobriram acidentes.
Tão ingenuo!
AVC, HIV e os PS brasileiros,
Leitos, super lotação
Não é turismo de estrangeiro.
Nada disso importa se vai bem a seleção.
A vida de gado segue
Sem ter prosperação!
Leptospirose e corrupção
Vem da mesma infestação.
Eu falo muito sério!
O corpo é todo modelado,
As roupas são da moda atual,
Os conceitos estão nos moldes.
E os cérebros estão em baldes
Enterrados em terrenos baldios.
Todos são iguais
Com suas vidas normais.
Transitando a vida existente,
Onipresente.
Se fazem presente
Dentro e ao mesmo tempo
Olhando pra vitrine.
Manequins de um regime
Fútil!
Uma vida inútil.
Eles andam soltos nas avenidas,
Nos shopping, nas praças,
Nas vindas e idas
Da vida sem graça.
Manequins, vazios,
Ou lotados do conteúdo
Que as manilhas soltam nos rios
Da minha cidade!
Um disparo!
Um diz para!
O outro siga...
Eu no meio da briga,
Dessa luta sem fim.
Já perdi a conta
Das vezes em que separei
O meu eu que aponta
Dos tantos outros que nem sei.
Mas basta uma distração
Já refaz a confusão,
E não sei onde parei.
E me reparto em pedaços
Nos pensamentos que faço,
Ou melhor dizendo,
Que pensei que estava fazendo.
Não entendo.
Fico vendo essas lutas,
Procurando qual daqueles é o judas
Que causa a discórdia e não ajuda
A resolver o "quem eu sou".
Pra onde vou também não sei.
São tantas perguntas.
Já vaguei por vales,
Por estradas a procura
Da cura da loucura.
Não encontrei.
Pensei quando procurava,
Do que adiantava achar a cura
Se nem se quer quem sou, eu sei.
E me procurei.
Por entre os livros da estante,
As notícias manipulantes,
Os cinco mil auto-falantes,
Por um instante pensei.
Tanto me procurei,
Sem me encontrar,
Talvez daqui eu não seja.
Talvez por engano aqui eu esteja.
E hoje, sem paciência
Procuro a saída de emergência
Desse planeta em decadência,
Do qual não desejo morar.
Mundo a pisar,
procurar.
Vou pulando os muros,
De mundo em mundo.
Talvez lá no fundo,
Numa fração de segundos
Mais duráveis que milênios
Ouça gritos em silêncios,
De que cheguei a verdadeira resposta...
Talvez...
Só poderei saber quando chegar.
Minha mãe não me espere pro jantar,
Hoje eu vou pelo mundo vagar
Até me encontrar!
Envelhecido, meus pensamentos
Tocados contra o vento
Só por desventura
Ou aventura de viver a vida.
Envelhecida, segue perdida
As civilizações
Tomada pelas profissões
Mais lucrativas.
Envernizada, segue minha face na estante,
Em um instante muda tudo
Muda a visão do mundo
Em um segundo.
Inconstante, nesse instante,
Que mal saí da largada
Penso na chegada triunfante
Mal trapilhos ou elegante,
Indiferente.
Já cobiço o que evitam.
E desejo, encontrar-me com ela
Em qualquer beco ou viela,
Pra ganhar a liberdade que cobiço.
Aprisionado,
Nesse planeta mal frequentado.
Sinto-me um rato de laboratório,
Vivendo em um regime observatório.
Analítico
Ou crítico.
Um cientista certamente faz anotações
De quais serão minhas reações
Diante de tantas confusões mentais.
Enchem-me de sedativos,
Como experimentos em ratos vivos.
Oferecem-me mil vícios,
Em paredes de ladrilhos.
A grade, que dos ratos é de vidro
A nossa é atmosférica.
Na terra esférica
Fica nosso viveiro.
Preso pela gravidade o dia inteiro.
Até o momento derradeiro
Não aceitarei a vida de prisioneiro.
Ao fim da abolição dos experimentos!
Lamento, observando as estrelas
Sobre o chão de cimento.
Eu, pela primeira vez,
Venho até vocês
Comunicar-lhes
Que não há mais recursos,
Nem esperança.
Que cada contra-fluxo
É um pedaço do muro que arranca.
Que já não resta mais base.
A parede, que estava no quase,
Caiu.
Já era esperado o que ocorreu,
Em vários pesadelos, tão meus.
Menciono os meus sentimentos.
E os teus?
Coração de cimento,
Afunda na piscina alcoólica.
Canal fora do ar, na parabólica.
Não sintoniza.
Um dia no bar talvez ameniza.
Um dia no ar talvez me procure.
Não faça promessas, nem jure
Se for em vão.
Escravidão sentimental,
Da qual não quero mais não.
Já dei o ultimato,
Esse é o ultimo dia do contrato.
Espero que tenha sorte,
Que seja forte.
Que mire em num norte
E siga até chegar.
Boa sorte ao caminhar!
De repente, eu vejo algo que não queria,
Que não devia ter visto.
Insisto, repito.
Se arrependimento medisse em litro
O sentimento afogaria, afundaria.
Morreria talvez, se tivesse sorte.
Perco o norte, nesse acaso.
E me atraso na prisão,
Até então voluntária.
Na fé contrária, corta como navalha.
Essa vontade de concertar.
Por medo do futuro,
Não posso piscar, e tudo já foi.
Gostaria muito de dizer que quero ficar,
Mas seria mentira.
Lembranças de passados presentes me causam ira.
Tira do sério, só de pensar.
Só de pesar.
Não julgue a minha desistência,
Por carência, ou insuficiência de paciência.
Espero o dia amanhecer, e anoitecer,
Espero não acontecer, o que posso prever.
Não descer novamente a contramão.
Acelera o coração, na despedida.
Desperdiça a chance da viver a vida
Do modo que sonhava, pensava, falava.
Até indagava. De vagar, com o passar.
Passou da hora!
Vou agora, vou embora.
Inferno, em maus lençóis
Padece a mente fisgada por anzóis
Até o que dia?
A vida me pedia, e mudei.
Pensar não parei, mas não farei
Dizia a esperança.
Pesar das mudanças, em vão.
Assim não, não continuarei.
Presente de fuga na madruga,
Futuro não sei.
Longe daqui talvez.
Minha parte eu cumpri
Por favor apague a luz do passado pesado
Quando eu sair!
A fração sem razão de horários,
Relógios, ampulhetas e fuso horário.
Contando os segundos e centésimos
Cobrando do futuro o que quiséssemos.
Medo ou esperança?
O futuro é a vingança positiva do presente
Que descontente lembra do passado.
Que jura ter fracassado no primeiro tempo.
As lembranças das lanças que lancei num futuro
Hoje fincadas no muro do desespero.
Olho por elas sem zelo, e espero lanças novas.
Atingir o auge dos tempos,
Sem correr, e sem parar.
Andando de vagar, sem ultrapassar a pressa que o futuro tem.
Ir contra o vento, o tempo sabe o que não faz.
Futuro sagaz, chega antes do esperado.
Bagunçando passado, futuro e presente.
Não contente ainda olho no relógio,
É lógico que não sei quando vou chegar.
Atrasado, mas não que esteja também preocupado
Com que horas devo chegar.
E sinto medo do futuro, assim como juro não ter feito.
O passado mal feito, um presente hedonista.
Pendura na lista dos primórdios
Dos quais não tenho certeza nem dos relógios suíços.
Eu não tenho nada com isso,
Ou talvez tão envolvido esteja
Que nem percebo o sumiço omisso das horas noturnas.
Agora tudo é lindo,
Super heróis sorrindo com suas mascarás
Vilões fictícios, aliás, vilões verdadeiros
Herdeiros da logomarca. Grande marca,
Mas conhecida como cicatriz.
Quando o canal sair do ar
O clima vai melhorar até pro nariz.
O bloco vai ferver a milhares
Os vingadores vão fugir pelas saídas auxiliares.
Artistas colaboradores fugirão da TV a cores,
Evitaram tomar as dores do patrão e do povão.
Assistir de cima do muro é mais seguro.
Até porque não corre o risco, as cicatrizes,
As varizes, as rebeldisses.
Comercias marginais, incentivadores
Conduzem ao sucesso dos dólares.
Destroem seus lares, com prazeres precoces
Do qual vocês não saberão quem é o vilão
O mocinho e o bandido.
Traído, isso que deveria sentir
Mas sorri.
As cobranças sem fim
Fácil? Nem pra ninguém, nem pra mim
Como vou vencer na vida se não vim
Pra competir?
Apesar da pouca idade
Não me comovo com faculdade,
Esses termos vaidosos e embaraçosos
De status e lugar ao sol.
Igual, todos iguais.
Formulados dos quais não pretendo enfurnar.
Talvez vão me internar
Antes um manicômio alternativo
Do que um diploma sedativo.
As vezes me pego a pensar:
Se o tempo passar e for tarde demais?
Se eu não lembrar dos dias dos quais quase morri?
Sem querer sorri, na verdade em prantos.
Tantos são os dias
Já nem lembro o que queria dizer no dia que não disse.
Tolice talvez. Pra três ou mais que vinte.
Não sente, prisioneiro na atmosfera terrestre.
Sigo inocente.
Um universo gigantesco pintado a fresco por sei lá quem
A milhões de anos adormecido num além.
Brilhante artista, nunca assinou suas obras.
Nunca saiu na revista, nem direitos autorais cobra.
Egoísta?
Paranoia constante, por instantes me leva a loucura
Doença que não tem cura, a morte da lucidez que murmura.
Afogado em meio litro
Sigo quieto, evitando atrito.
A mente paranoica solta o grito,
Um disfarce facial.
A sisma com silêncio força usar o "normal".
Um acomodado incomodado, com as cordas mudas.
Planta sementes de um futuro, de uma ceia sem judas.
Um vulcão leva um tempo adormecido
Esquecido, aparentemente passivo.
De repente fumaça!
Predador vira caça, não embaça a visão.
Não, ainda não.
Parece confusão de valores,
Mas só saberão quando os doutores
Sentirem as dores de quem dormia.
Não conte comigo.
Vou hoje de amigo oculto.
O tempo passou
E pedi meu par de asas
Como um pássaro que não voou
Como filho que não sai de casa
O presente chegou
E calcei meu pé em brasas
Como alguém inconsciente
Que mergulha em piscina rasa.
O "amanhã" foi o que restou
Pode ser que eu fracasse
Oscilação cotidiana.
A loucura nunca atrasa.
Aqui, olhando para vocês
Me pergunto se realmente me ouvem.
Ou se sou apenas uma música de fundo.
Se vocês esquecem a situação em que vivemos.
Fazem tampouco o caso mais extremo que estamos.
Já se perguntou quantos anos você tem?
E quanto tempo você já ficou parado?
Anestesiado, acomodado, caçando e sendo caçado.
Você mal sabe a capacidade que desperdiça.
Na primeira corrida, deixou milhares para atrás,
E agora se satisfaz em ser mais um.
Nove meses encubado em útero.
Rompeu a infância, e fez de tudo.
Hoje quer a sombra, abandonou a guerra da resistência.
Não esperávamos isso de você!
Acredite, você pode ser o próximo da história.
Gravar seu nome na memória da humanidade.
Contudo, repense meu amigo.
Precisamos de você!
Se eu tivesse algo a dizer
Eu diria, assim como disse a respeito do ter.
Sim eu tenho, tenho muito a saber,
Pouco a falar.
Tento me conter mas não dá.
A necessidade de me expressar é maior que o medo de fracassar.
E vão me ouvir. Mesmo que eu insista até a morte.
Se tiver sorte talvez alcance. O lance é tentar.
Caso desconsiderem, eu me ouvirei. Parece egoísmo, mas é medo.
Só saberei se fogo é quente colocando o dedo.
Assim vai ser. Sem ter, ou conter.