Coleção pessoal de aia
Tenho um mundo grande. Sonhos maiores ainda. Carrego nos olhos a suavidade de um sentir desajustado. Sou o que sou. O que fui não interessa. O que resta é essa normalidade exagerada que não se limita. Finjo ser normal. E não convenço. Brinco de ser menina, arco-íris, luz e purpurina.
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Não me venhas com Densas Complexidades Psicológicas. Artimanhas, embustezinhos corriqueiros. Portas falsas, coração. Tudo isso me nauseia como a décima dose de um licor de anis.
Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções.
Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.
Acho que é isso que vocês não são capazes de compreender, que a gente, um dia, possa não querer mais do que tem.
Prefiro reconhecer com o máximo de tranquilidade possível que estou só do que ficar à mercê de visitas adiadas, encontros transferidos...
Não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha à mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão - escudo.
Mas não me queixo. O amor que sinto pelos outros quase sempre é suficiente, não precisa nem ter volta.