Coleção pessoal de aguiasol

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Essencialmente bela, pausadamente triste... Assim é a poesia que hoje eu li nos olhos teus.

Marcas...

Pausa, ausência, silenciosa presença... Como denominar esse vazio impresso nas páginas insossas - outrora - vividas?
Pensando bem... Que peso tem isso agora, se as marcas diluídas nos retalhos do tempo que passa não passam jamais? Ah, são tantas... Indeléveis e silenciosas, pontuando momentos tão meus - retalhos nos quais eu evoluí sob a égide do teu intermitente s i l ê n c i o.

Deixa-me!

De que valem as pétalas sem o carimbo da aurora?
O brilho, na opacidade das horas...
De que valem os ventos sem direção?
E os passos, então...

Palavras maquiadas só reforçam a indiferença represada nos meus olhos...

Divagações...

Quem me dera ser águia a voar através do sol, desconhecendo - das próprias asas - os limites... Ou notas musicais - em âncoras transformadas - eternizando fragmentos de um tempo intensamente vivido... Ou, então, mar de águas claras, de ondas valentes, de mistérios profundos a transmutar sentimentos do (a) poeta em poemas versados no ontem, hoje, sempre...

Espaços vazios...

Pálida é a paisagem que dos olhos se distancia.
Nau à deriva, chama sem vida: geleiras de um coração que desaprendeu o amor...

Na pequenez de mim te espelhaste...

Não vês? Tampouco sentes?

Olhar distante...

Quisera eu poder dissipar
Essa névoa que envolve tua alma
Que eterniza a efemeridade do tempo
Nas horas de solidão entre ti e o mar

Sei bem, nada posso ou espero
Se o temor me faz companhia
Se as ondas se quebram em silêncio
Se me vejo teu inverso, em agonia

Então,
O que mais tenho a dizer-te?
Vai! Arranca de mim a última lágrima
E deixa-me ir, contigo...

Vidas a ermo...

Passos dispersos no chão batido
Horizonte a muito esquecido
Eis o caminhar do homem
Na mente que tolhe
Dos pés, a firmeza
No coração que sente
Ou não, a tristeza
Imersa em lágrimas ausentes...
Ah! "É tão-somente uma vida"
Uma história marcada
Sentida
Anulada por lapsos de memória...

A simplicidade cultivada é senha à prática do desapego e sua expressão maior, ao amor devotado sem cobranças ou expectativas.

Quando nos julgamos suficientemente fortes e preparados frente aos mares revoltos, a vida nos lança à deriva para aprendermos um novo jeito de singrar esses mesmos mares...

Se queres ganhar meu coração, não te cales diante dos meus deslizes, ocultando-me as mazelas que em tua alma estigmatizei... Antes, sê amorosamente firme para que eu me conscientize das dores que te causei.

Pior que a dureza das palavras é o silêncio da indiferença...

Solidão, em tuas deixas sentimentos se confundem...
Liberdade ou abandono?
Saber-me só da aurora ao crepúsculo é inevitável sentença, então... Aceito-te como preço da minha liberdade!

Se eu pudesse, adentraria ao solo sagrado desse silêncio que te alenta; que te consome para melhor compreender-te.
Não posso...

COMPAIXÃO...

Num olhar
Numa palavra
Num gesto ou ação
A DOR e o AMOR
Se mesclam
Com PAIXÃO

Palavras caladas

Silêncio feito de palavras...
Palavras guardadas nas bordas do tempo
Capítulos mudos de uma história
Embalada nas ondas do vento
Sonho? Pesadelo?
Não sei...
Sei das bordas do tempo
Das ondas do vento
Das palavras caladas
Gravadas na memória em tempo

Que a chama do amor sem medida endosse teus desejos mais secretos, reeditando promessas firmadas no brindar da aurora, anuladas ante o crepúsculo dos anos que vem e vão, sucessivamente...
E mais... Que essa intensa chama sustente o desabrochar de um novo tempo - um novo ciclo marcado pelo desbravar de autênticos e promissores caminhos por ti mesmo (a).

Compassos e descompassos virtuais

Concebo a virtualidade como meio disponível para se criar significativos laços amistosos, apesar da distância geográfica.

Para muitos, revela-se como porta de acesso a um mundo de sonhos; de fantasias que desejam viver junto a seres utópicos – misteriosos habitantes das telas – dotados de refinadas qualidades e escassos defeitos...

Conscientemente, um campo onde - desprovidos do contato físico - precisamos redobrar os sentidos para lermos o oculto nas palavras trocadas, nas imagens distorcidas que inevitavelmente despertam sentimentos; um campo onde precisamos ouvir a voz do silêncio para captarmos a essência do outro, sutilmente, revelada nas entrelinhas do que escreve e/ou nas ondas que emite.

A cautela e a seletividade são poderosas aliadas tanto no mundo real quanto no virtual, visto que expressivo número de homens e mulheres mascara sua verdadeira identidade, devotando-se a jogos emocionais manipulados por uma criança interior profundamente ferida.

Sondarmos a essência do outro e nos revelarmos despojados de máscaras não é tarefa fácil, porém a prudência e a retidão demarcam caminhos para evitarmos provar, mutuamente, o gosto amargo da decepção...

Um sonho, um caminho sem fronteiras...
E tu, caminhante... Passos incertos, vacilantes frente aos solos escarpados da vida?
Dúvidas... Certezas... Cada qual carrega as suas, escolhendo compartilhá-las ou não com aqueles que – pelo amor sem medida e confiança merecida – conquistaram passe livre ao solo sagrado que as abriga.
Ah, caminhante! Não olhes para trás, pois toda palidez inexplicável é passado... Segue em frente, hoje e sempre!

Prismas são detalhes...
O que conta é a precisão dos olhos que enxergam além dos estilhaços da vida, diferenciando sinais da presença vital - silenciosamente - operante quando - aparentemente - ausente ela se faz...

Sob o manto das horas a harmonia da música, a suavidade da brisa, o encontro das águas em busca do mar...
E tu, caminhante, aonde vais?

Verdade absoluta...

Verdade enclausurada
Absoluta impera
Nas pupilas dilatadas
Do menino à beira mar

Verdade enclausurada
Absoluta encerra
Nas pupilas cansadas
Do ancião a divagar

Se absoluta impera
Se absoluta encerra
Como pode a verdade
Num olhar se enclausurar?