Coleção pessoal de AgostinhodeHipona2
"Energúmeno, de acordo com o étimo grego da palavra, é alguém possuído pelo demônio. Contemporaneamente, nós o podemos tomar por pessoa vencida de maneira impetuosa por uma maligna força desagregadora, ao ponto de despersonalizar-se por completo. O energúmeno é, pois, alguém incapaz de testemunhar com segurança os seus próprios atos, pois lhe falta vida interior.
Eram verdadeiros energúmenos aqueles a quem Cristo ordenou que não se atirassem pérolas..."
"O declínio terminal de uma civilização só é percebido pelos pouquíssimos que, nela, se mantêm espiritualmente fiéis aos princípios sobre os quais foi erguida. Os demais, enceguecidos pela vertigem da queda, não enxergam um palmo à frente do nariz. Entre estes encontram-se os mais operosos em opinar com paixão sobre o curso dos acontecimentos, de que só vislumbram certas causas materiais próximas.
Suas diagnoses a respeito do horror imperante são, no melhor dos casos, parciais, e portanto errôneas no que diz respeito às causas formais da decadência, de alcance incomparavelmente mais amplo.
Não podia ser de outra maneira: só percebe o tamanho da desordem e do caos quem contempla (com sabedoria, moderação e coragem) a fonte da ordem e da harmonia.
'Beati mundo corde quoniam ipsi Deum videbunt'".
"A feiúra é uma evidência metafísica identificável no espasmo de repugnância instintiva que gera em quem a contempla".
"A felicidade perfeita coincide com a máxima imperturbabilidade.
À felicidade perfeita nada pode qualitativamente acrescentar-se.
A felicidade perfeita é a imobilidade da vontade.
A felicidade perfeita é a radical impossibilidade da dor, seja física, seja espiritual.
A felicidade perfeita é a clara visão das verdades e da conexão destas com a Verdade suprema, fonte metafísica das demais.
A felicidade perfeita é amor ao indecifrável.
A felicidade perfeita é a posse plena de um bem que a vontade é incapaz de não querer. Portanto, não é deste mundo.
A felicidade perfeita é a saciedade de nada mais esperar.
A felicidade perfeita é permanência eterna da inteligência a assimilar o ser.
A felicidade perfeita é a ausência de busca pela felicidade.
À felicidade perfeita o homem não pode chegar por esforços próprios.
A felicidade perfeita pressupõe auto-suficiência absoluta.
A felicidade perfeita não pode estar delimitada pelo tempo.
A felicidade perfeita é a incompatibilidade com quaisquer estados de dúvida.
A felicidade perfeita não é deste mundo.