Coleção pessoal de adyla_maciel_emediato

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TIETÊ

Meu paladar não é mais tão infantil
Tudo me irrita.
Tudo me entoja
Bambolês, pandeiros, gritarias...
Marshmallow, chocolates
Cortei o açúcar
E as conversas sobre tempo e clima
Tudo me irrita!
Água fria, estabelecimentos de má qualidade.
Política chula...
Odeio, detesto, odeio e ainda detesto
Bijuterias, loterias...
Tudo que é de má qualidade.
E a injustiça fere !Fede!
Fede justamente por não ter qualidade.
Meu nariz não aguenta.
Perdeu o prazo de validade
Você venceu.

Ádyla Maciel 04 de 2019

povo.
Se você não faz o que o povo gosta, dificilmente ou quase nunca terá sucesso. Não adianta agradar só a crítica. Quem manda é o povo. Infelizmente! ( Ou felizmente)

Se tiveres alguma opinião homofóbica, preconceituosa, machista ou racista baseada em crenças limitantes e hereditárias, piadas de mal gosto ou julgamentos sem provas, guarde somente para você. Não tenho interesse em ouvir ou me alimentar desse carma. Gratidão.

A Serpente

Adão bebeu de novo
Quebrou garrafas de cachaça
Na testa de Eva.
Se curou da ressaca
E adoeceu.
(Da Memória)
Não se lembra de nada.
Amnésia pura
Eva perdoou
O bom marido
Que só briga
Quando bebe
Adão bebeu de novo
Dessa vez tinha uma arma
Eva Morreu
E A cobra é a culpada.

JORGE AMADO
Mergulho no mesmo lago
de Jorge Amado.
Cochilo, ao calor dessa lareira baiana.
Para esvanecer meus fardos
caminho descalço
por cima de Jorge Amado.
Poeta potente, que hoje é pó!
E pó de poeta potente:
o vento leva
Leve e quente...
Nada é pra sempre!
É começo, meio, fnal.
Só a poesia é imortal
O resto: é pó!

Ádyla Maciel

PULSAR

Nossas partículas ínfmas
são de mesma matéria e essência
O que pulsa nas estrelas do céu
pulsa também em nós aqui da terra
Pulsa em toda natureza
Na inocência animalesca
No olhar do surreal
No sangue de cada veia...
Em cada verde folha...
Em cada grão de areia
Em toda discreta beleza
O que pulsa nas estrelas
pulsa em todos nós
Nós de toda natureza.
O assomo de minhas ideias
é o mesmo assomo que sustenta
o voo do passarinho
mostrando a cada cria
seu verdadeiro ninhoÁdyla Maciel | 19
Somos experiência infnita
Orbe natural
Cada qual em seu ninho
Em seu cenário, em seu caminho.
Com o mesmo pulsar real
experimento natural!

Andar de Passarinho

Tenho um
nariz que
enxerga lá
longe.
E tenho
olhos que
sempre cheiram
a terra molhada.
Perdoe-me não poder viajar
contigo de avião.
É que preciso andar de ônibus
para conseguir escrever
porque, enquanto o ônibus corre
as árvores passam
e o pássaro que sou eu
permanece parado em vôos...
Mas não se preocupe, eu não vou a pé.
Voou andando...

Nas folhas e flores do cemitério
Vejo uma esperança
Esperando a última morte.

Entre se apaixonar e comer tâmaras, prefiro comer tâmaras.

SERTANEJO

Nunca escrevi sobre gado
Boiadeiros ou canhões
Plantadores de feijão
Pisadores de arroz
Só escrevo
O que as folhas pedem
Lembro que chorei ontem
Debaixo do jenipapeiro
Sentada sobre as folhas
Usando fraldas de pano
Eu cabia na palma da mão
Hoje ainda caibo
Mas me recuso
Estar nas mãos
De quem quer que seja.

Em- carnação


Penso em seus olhos
A cada 28 dias
Como uma loba no cio
Uma pedra de gelo
Desaparecendo
Dentro da fogueira.
É magia branca
Fogo imaginário
Que não queima
Só arde...
Desde a penúltima lua
A cada 30 surtos
E se tudo der certo
Te vejo daqui mil anos
Naquele mesmo lugar de sempre
Num banco de praça
Em minhatura
No lado esquerdo
Do cérebro.

Só me faz falta aqueles que estão presentes na minha vida.

Ádyla Maciel nasceu em 1994 em Brasília . Filha de Hermes Gonçalves e Nilbete Maciel desenhista, produtora cultural e monitora cultural pela secretaria de educação . É autora do livro infantil “ Amin e os livros mágicos , e do livro de poesia “ Andar de Passarinho. Tem participação em uma das antologias do projeto Palavra é Arte, da Cultura Editorial de Barris, Salvador (BA) . Foi coordenadora do projeto MIP Mostra Itinerante de Poesia Falada, organizou o livro “ VOZ” poesia Falada com a participação de mais de 10 autores de Brasília. O livro foi patrocinado pelo Fac e governo de Brasília. Já participou de mais de 100 saraus no Brasil interpretou seus poemas em recitais do Poemação, no Beijó- dromo da UnB; PUC , USP e na II Bienal do Livro de Brasília; também participou das coletâneas do projeto poesia e crônica patrocinado pelo FAC e do livro “ Liguagens “ do coletivo dos poetas traduzido em 2 idiomas. É aquariana, e vive nas nuvens, não dispensa um doce de buriti, adora chá e companhias divertidas. Atualmente mora em uma floresta na Serra da Cantareira.

ESPERANÇA

O que nos acende e o que nos apaga
São os nossos desejos e ideologias
Ninguém está preparado pra nascer

Ninguém conhece o real segredo
Do mistério indecifrável de nossa existência.
Existe uma lei natural e inatingível

Mas se nesse momento você tiver audição
Pare e ouça o assovio do vento
É o cosmo paquerando sua vibração

Pega aquela concha antiga
Pega aquela concha e põe perto do ouvido
E Escuta o barulho do mar

O barulho do mar não é um barulho
É um código, um dialeto.
Como as cordas vocais dos elefantes

Comunique-se com o sol, com o vento
Dance com as árvores
Seja o que você quiser !

E quando sua carne apodrecer e desaparecer
Feito um gambá atropelado na estrada
Entregue sua caixinha de segredos para a humanidade

Lições, um punhado de amor, um legado de poesia e paz
Quando morreres não se esqueça de ser eterno
Eternize suas idéias influencie gerações

Como Drummond e Dumont voe em sua própria criação
Comunique-se com as ondas,
porque até a morte tem algo a nos dizer.

MEU INTERIOR
Eu banhava de cuia
E sabão d`cuada
O barro do riacho
Encardido ficava

Desnuda na praia
Só passava a boiada
Eu tibungava nos açudes
Saia da água renovada

Chovia em mim chuva de versos
Minha alma saia lavada
Nas ribanceiras caçava ingá
Manducava todo o jatobá

Depois eu pegava caminho
No atalho do carreirinho
Apreciava o casulo
E o ninho do passarinho

Atravessava a cerca de arame farpado
Pra catar canapum do mato
Quando eu chegava à casa de vó
Era hora do arroz pinicado

Parecia infindo o caminho do riacho
Era hora de acender as candeias.
Como eu vivia um lado avesso
Tudo em mim já estava aceso!

DIFERENÇA DE IDADE

Antes de assumir um relacionamento amoroso com um homem que tem 3 vezes a minha idade, bem antes disso, eu fui até o meu guarda-roupa chiquérrimo e peguei o meu melhor colete à prova de bala, eu tinha que estar muito bem preparada, mas esse meu colete não era um colete qualquer, desses que policiais usam nas ruas, era um colete à prova de preconceitos, suportava até os olhares mais cortantes, aqueles olhares tortos que todo mundo conhece, e foi por isso tudo que eu saí de casa de punhos bem fechados, os punhos não iriam agredir ninguém, só quebrar em milhões de pedacinhos os sermões de uma sociedade "padrãozito".
Eu fui armada e vestida de coragem, pra assumir o que eu sou e o que eu quero, essa coragem que eu usei foi a mesma coragem que Charles Chaplin usou quando decidiu formar uma família com Oona O'Neill, a mesma coragem que José e Pilar enfrentaram, a mesmíssima coragem que Woody Allen enfrentou ao lado de Soon Previn, não é nenhuma comparação, só estou dizendo que eu bebi da mesma coragem, na mesma fonte, e foi essa coragem que Fernanda Gentil usou recentemente.
E que coragem é essa, minha gente? É a coragem do Foda-se!
A minha sorte é que todos os meus amigos são artistas, poetas, atores, espíritos evoluídos, de mente aberta e pés livres, mas sempre tem alguém com a curiosidade de saber como nós nos conhecemos, onde e quando.
Um dia desses eu estava na manicure, e a mesma fez o seguinte comentário:
"Nossa! você se casou com um homem bem mais velho que você, bem mais velho mesmo. "
E eu fiquei em silêncio, porque aquilo que ela estava dizendo era óbvio demais, era evidente e eu sabia daquilo o tempo todo.
Depois ela disse:
"O importante é o amor..."
E eu pensei, mais importante do que o amor é cada um cuidar da própria vida, afinal de contas, ela não estava pintando minhas unhas de graça, eu estava pagando por aquele serviço, resumindo: Ela não paga minhas contas!
Vez ou outra, alguns amigos fazem piadas, como o Nilson Rodrigues, mas eu não me importo, porque são meus amigos, eles têm liberdade pra isso, e eu sei que não tem um tom de maldade, não fazer piada com a nossa diferença de idade, é inevitável, fazemos isso o tempo todo, o Luiz vive brincando dizendo que é avô da Serena, existem as brincadeiras sadias, e as piadas de mau gosto, que visa somente ofender e constranger, e onde é que eu quero chegar com esse mimimi todo?
Eu só quero me expressar, acho fantástico essa oportunidade que o Facebook nos dá de falar pra várias pessoas ao mesmo tempo, essa espetacularização toda. :)
Eu conheci o Luiz em um bom ambiente, lá tinha muitos livros, e você também pode encontrar uma pessoa bacana se parar de frequentar esse botecos de esquina, baile funk ou essas igrejas pentecostais. (Sorry!)
Então, camaradinha... quando tiver alguma dúvida ou curiosidade sobre a minha pessoa, por favor não suponha, não julgue, não espalhe falsos boatos, não ache, tenha certeza, não cai no achismo, seja feliz! Caia na real!

Muquifo e paraíso são só dois estados da alma.
Maciel.Ádyla Sp 2017

Tenho medo de tudo que é de graça
Até das aves que se chamam Maria.

Maciel, Ádyla SP 2017

ESCREVER

Escrever é um ato de coragem, é estar aberto a críticas, é aprender a lidar com o silêncio das editoras sérias, é saber se comportar diante dos julgamentos, é aceitar dicas dos escritores mais notáveis, é a liberdade de se abrir para o mundo, e revelar os males da alma, escrever vai além do processo criativo, é a arte de assumir riscos.

Você é um trem, e eu sou uma plataforma, entre nós existe um vão.

Maciel Ádyla 2018 SP