Coleção pessoal de adson_guedes

41 - 60 do total de 59 pensamentos na coleção de adson_guedes

⁠Tu és amazônida até a alma, teus relevos como serras que ocultam o sol ao romper do dia, teus olhos, negros como o rio, teus cabelos longos, contos que seduzem. Teu maior pecado ? Ter surgido em terras distantes, como uma lembrança esquecida.

⁠Se todos fossem brutalmente honestos uns com os outros, estaríamos imersos num mar de tragédias silenciosas, onde palavras afiadas seriam as únicas ferramentas de interação.
As ilusões são nossas defesas, resguardando-nos da insanidade, estimulando até o mais sábio dos idiotas.

⁠Conheces a temível lenda da Yara?


Onde pescadores sucumbem ao encanto,

levados por uma sereia nativa,

afogados na sedução do desconhecido

tuas pernas me prendem feito serpentes nas águas escuras,

agarrado aos teus cabelos macios, o ondulante curso da cor do rio,

sou arrastado pela correnteza traiçoeira
para a profundidade dos teus olhos

amanheço extinto,

submerso em teus seios


tu és a sereia que assombra meus poemas mais profundos.

⁠Curto tua inocência refletida nesse olhar, mas mal posso esperar pelo dia em que teu demônio interior se libertará, despejando verdades que me consumirão.

Nossa, que intrigante contemplar a terra de um outro planeta distante!

ela brilha como uma estrela solitária, em meio a um vasto tecido de escuridão,

repleta de criaturas, flora, oceanos
e um monte de idiotas.

⁠O poder, a essência do mal

crianças correndo, uma figura política, a corrupção personificada, outra, a sombra de Hitler em seu tormento.

meus olhos ardem, testemunhas de uma realidade distorcida.

Fomos adestrados a conviver sob o julgo das armas.

Agora, me vejo sob a mira dos teus olhares, rendido ao domínio dos teus saltos...

Não preciso de moedas, guardo pessoas na minha carteira.

⁠Eu sou a sombra que te acaricia na calada da noite.

quando a brisa adentra pela janela e sopra pelo quarto
ossos de vento que sussurram ao teu ouvido.

Eu sou a sombra que te observa nas horas silenciosas da madrugada

quando um objeto cai e um vulto se desenha, despertando a inquietude.

Não enlouqueça, meu bem, sou eu, testemunhando tua nudez na cama.

⁠Você não precisa da morte para compreender a inexistência,

pois já caminha sem vida
nas vielas do caos, nas aldeias abandonadas,
em cada vilarejo,
em cada povoado,

onde teus pés nunca pisaram
onde desconhecem a tua existência.

⁠A questão não é o céu ou inferno,
o problema é a multidão que habitará, as mesmas figuras daqui,
e a tortura será eterna.

Deus é amor

Deus é como o amor que surge quando a paixão amadurece, invisíveis, intocáveis, apenas sentidos,
pois ambos são fabricados nas profundezas do cérebro.

⁠Quero te amar

Desejo te entregar ao meu lado mais sombrio

afogando-te em um rio de humilhação profunda

elevando-te aos céus, num delírio divino e, simultaneamente

rebaixando-te ao patamar vil da mulher descartada

mas ao lançar meu olhar

quero presenciar o desvario, a insanidade das gargalhadas incontroláveis tuas, com o rosto encharcado de lágrimas douradas do meu eu mais sádico.

⁠Não guardes de mim
apenas flores, querida

nem poemas sacanas
a cada instante.

o amargo também se faz presente.

⁠No que sei e na tua certeza

as gotas de orvalho que caem das folhas

são como os rios de suor que escorrem

das colinas do teu corpo em noites de chuva.

⁠Oh, maldito tempo, traiçoeiro, que desbotará a pele do teu rosto

que desarmará o fascínio do teu sorriso

tempo este que te roubará a juventude

mas enquanto caminharmos sobre este chão de lama
enquanto respirarmos o ar poluído desta vida.

perto ou longe, nos braços ou na ausência da minha cama

toda a beleza dos traços que hoje me inspiram,

estará guardada em algum canto escuro da minha memória.

⁠Belos lábios, rubros e carnudos
vestidos com batom vinho

um beijo teu no meu pescoço
descendo até meu peito, na minha barriga e, por fim, na cabeça entregue ao êxtase,

deixaria o teu rastro visível até mesmo da lua.

⁠Eu sou o livro proibido,

banido em muitos países

repudiado por muitos,

alvo de olhares hostis e de falsos pudores

sou o livro que te desafia, que te faz desaprender...

em poucas livrarias me enfeito, esquecido pelos deuses, abominado, sou renegado,
mas sou acolhido por ti.

⁠Esse olhar não se encaixa em ti, boneca.

tua doçura é evidente, mas há mais do que se vê.

Sinto que por trás desses olhos tímidos, há uma sinfonia de histórias
mal contadas, mal acabadas

Sinto que por trás desses olhos introvertidos
residem desejos imundos
pecados absurdos

vontades que só o álcool poderia desvendar.

O olhar do sublime percorre cada traço censurável dessa natureza desconhecida, cuja areia é branca e as águas me afogariam.

Pouca vida para uma imensidão de rios e mares.