Coleção pessoal de adson_guedes
Parabéns, rapaziada, pela marca
dos trinta anos, três décadas de trajetória.
As canções de rádio do velho boteco ganham significado agora.
Não acenda meu instinto
com teu perfume
nem adoce meus pecados
com teus beijos
não seduza minha boca
com teus seios
nem fortaleça minha mão
em teus cabelos
Às vezes, o não é um convite sutil.
Vagueio pelos relevos dos contornos da mãe natureza
com sua floresta devastada
desolada
eu beijo cada pedaço desta terra inundada
O fogo voraz que a consome é
intenso.
Ela me mandava fotos suadas e cruas,
cada imagem um soco na alma,
eu, desejando a arte como válvula de escape,
em toda sua plenitude,
compor melodias, dar vida às telas,
mas não sou Mozart, nem Da Vinci
no fim, só me restam estas palavras banais e pesadas.
E eu me fascinava por aquelas marquinhas de biquíni,
pareciam dois rios que corriam lado a lado sem se misturar.
Eu anseio por ti, breves instantes fugidios
Por um minuto enlouquecedor,
Por um segundo arrebatador,
Por uma noite em chamas
Por um dia de entrega completa,
Por uma semana em êxtase
Por um ano de fervor incandescente,
Por uma década avassaladora
Quero-te
Ignorando o ponteiro que avança.
Tudo que é majestoso e rústico, carrega em suas curvas os elementos poéticos essenciais para a inspiração e a construção de uma obra-prima.
Nessas voltas e reviravoltas, pisando sobre tábuas rangentes, eu me acostumei com a exuberância dessas plantas; as vitórias-régias são lendas que acendem meu juízo.
Não é talento, são tragos de café, com aroma enfeitiçante, entrelaçados nos cachos ondulantes e sedutores dessas águas.
Conheço tua alma, não és santa, minha musa. Navegamos nesse mar de libertinagem, cobiçados e solitários. Encanta-me com teus artifícios de sereia e vamos mergulhar juntos; uma saga de dois canalhas irresistíveis.
No pulsar das noites de sábado.
Ela imaginava o luxo do melhor restaurante da capital,
mas nos encontramos em um simples boteco
Compartilhando histórias íntimas na extensão da noite.
" Não és minha, amor. És livre!
caso prefiras ficar, vamos embriagar-nos de vida, falar bobagens sem fim, escancarar o riso e que se dane o mundo."
Caminho sobre a ponte da travessia final mirando a selva amazônica, observo sorrisos desesperados e pálidos, diante desse espetáculo.
Nenhum paraíso resplandece quando enfermidades corroem as raízes internas.
O poder do intelecto é que você pode estar robusto, frágil, na miséria ou na riqueza e ainda assim será sempre intrigante.
A menina do mercadinho da esquina, com o sorriso de desafio.
Cada vez que a vejo, me perco nos traços do seu rosto e dos fios de seus cabelos, minha mente se desnuda e corre por outras sinuosidades.
É como uma explosão íntima, apenas com o encontro de olhares.
Em um dia qualquer despertei, o rosto cansado, um fio de prata coroava meus cabelos. Uma parte de mim, história enrugada. Brinquei em demasia nas ruas, com crianças, corações, em terras longínquas. Agora, reúno os fragmentos, carregando os fardos do passado em meu peito, transformando a agonia em arte, buscando inspiração em risos e rios.
Olhos refletindo o rio, corrente profunda
Tu és Manaus, cabelos, pele morena
ardente, perigosa, nas noites tempestuosas
Há quem te ame, há quem te odeie apaixonadamente.