Coleção pessoal de Acirdacruzcamargo

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Professores de História no ensino básico encontram dificuldades de fontes para ensinar o Governo Jânio Quadros. Os nossos sebos estão cheios de preciosidades sobre esse curto período. Recomendo as 92 páginas do livro "A Miséria é nossa!" do Professor Gondin da Fonseca, da Editora Fulgor. ⁠

⁠POPULISMO

"Não tem sido puro acaso a difusão, entre nós, de conceitos como populismo e totalitarismo, que ganharam espaço em estudos acadêmicos e passaram à linguagem comum. Um dos aspectos mais curiosos da luta ideológica, realmente, é aquele ligado à confusão conceitual. Ela faz passar como verdades indiscutíveis falsidades transparentes, que não resistem à menor análise. A velha técnica da repetição lhes dá consistência...Nos acirrados debates, iniciados praticamente há mais de meio século, em 1930, com o avanço da burguesia, ocupando crescente espaço em área do poder aqui, o conceito de populismo foi uma poderosa arma, usada como demolidor e desmoralizante tacape para deter o avanço no Brasil das forças populares...o populismo aparece como injúria...Getúlio Vargas, personagem central da época, desfrutou de prestígio popular incomum em ditadores...ele pelo menos efetivou reformas que importavam em significativo avanço...Populismo é, pois, um conceito a arquivar. Já prestou ao que o criaram benefícios e vantagens suficientes para desmistificá-lo. É um instrumento da reação" - Capitalismo e revolução burguesa no Brasil -

⁠O governo Jocelito Canto começou divino, místico e fantasioso. Terminou trágico, diabólico, escandaloso e real. Precisamos para responder isto com escolas públicas de qualidade, professores que ensinem bem, que ensinem seus alunos a pensarem. Precisamos de famílias que reduzam o santuário da televisão em suas casas. Substituamos a televisão por livros e áudios educativos.

... E chega, por um diagnóstico simplório, à ideia ingênua, que, no caso brasileiro, nosso atraso é devido à preguiça e indolência congênitas do povo.

Dentre as variadas formas de ingenuidade da consciência política, uma das mais nocivas é aquela que se exprime por um enganador apelo aos autênticos efeitos da educação. Apresenta o problema da realidade social, e o da sua direção, como problema de pedagogia; os males da sociedade, como defeitos de instrução, e o que chama de vícios e erro dos homens, como simples ignorância. É o retorno ao que foi ser a posição socrática, a crença de que os virtuosos devem ser de direito os dirigentes, de que estes podem ser preparados para tais funções por obra dos sábios, de que a virtude se ensina.

A educação não precede o processo de desenvolvimento, acompanha-o contemporaneamente. Entre ambos existe uma tensão dialética que os condiciona mutuamente.

A educação é eminentemente matéria sociológica, a que o filósofo dá a contribuição de um esclarecimento categorial. A sociedade não pode despender o enorme esforço de prover às despesas que custa a difusão da instrução apenas para transformar os indivíduos isoladamente. Este esforço só se justifica, se o faz para se transformar a si própria.

Educar para o desenvolvimento não é tanto transmitir conteúdos particulares de conhecimento, reduzir o ensino a determinadas matérias, nem restringir o saber exclusivamente a assuntos de natureza técnica; é, muito mais que isto, despertar no educando novo modo de pensar e sentir a existência...

A rigor, a abolição da escravidão deveria se fazer acompanhar da reforma agrária. O inchaço de nossas cidades tem menos a ver com o processo de industrialização do que com a expulsão de negros do campo, entregue ao latifúndio desde a Colônia.

...os colegas de meu pai e oito tios, todos pastores. Eles me infundiram angústia durante muitos anos, sem falar nos padres católicos...

O Senhor Jesus nunca foi para mim completamente real, aceitável e digno de amor, pois eu sempre pensava em sua equivalência subterrânea como numa revelação que eu não buscara e que era pavorosa.

...tive o primeiro sonho de que me lembro e que, por assim dizer, me ocupou durante toda a vida. Eu tinha então três ou quatro anos.

...comecei a desconfiar do Senhor Jesus...

Minha mãe me ensinara uma oração que repetia todas as noites, de bom grado, pois isso me dava um certo sentimento de conforto diante das inseguranças e ambiguidades da noite...

Nessa época eu sentia angústias vagas durante a noite. Aconteciam coisas estranhas.

Nas obras desses autores eram apresentados os pontos principais da posição deísta. Afirmavam eles que...Os piores inimigos da humanidade são os que tem mantido as criaturas na superstição e o maior exemplo desses inimigos são os sacerdotes de todos os tipos.

O cristianismo americano é, antes de mais nada, uma importação do Velho Mundo. Sendo a América colonizada por muitos povos da Europa, vários tipos de cristianismo europeu foram reproduzidos no novo continente.

No seu famoso "Ensaio sobre a inteligência humana", 1690, Locke...encontrou a existência de Deus demonstrada pelo argumento de causa e efeito. A moral é igualmente demonstrável como as verdades a matemática. A religião deve ser essencialmente razoável. Pode estar acima da razão - além da experiência - mas não pode contradizer a razão

...Locke negou a existência de ideias inatas. A mente é um papel em branco, no qual as sensações escrevem suas impressões, que a mente combina em ideias mediante a reflexão

Em 1964, esse secular silêncio começava a ser rompido e a reação feudal estava profundamente assustada com essa perspectiva. O alastramento das relações capitalistas no campo - seguindo o Brasil a via prussiana - realmente, com todas as deformações provocadas pelo desenvolvimento aqui inaugurado com o período Kubitschek e sofisticado com o chamado "modelo brasileiro", começa a colocar na arena política o trabalhador agrícola e completa o quadro em que a revolução burguesa necessita com urgência ultimar o seu processo já tão retardado (O populismo: a confusão conceitual)