Coleção pessoal de acessorialpoeta
EXCELÊNCIAS
Vi, há instantes, o amanhecer,
Flores novas e o sol brilhante...
Sendo que nada era preciso ver.
Vi, há instantes, o azul do mar,
Cantigas belas e a lua amante...
Sendo que tudo já me era amar.
Vi, há instantes, o beijo louco,
Paixão ardente na rua distante...
Sendo que nada me era pouco.
Vi, há instantes, o meu coração
Pulsar frenético e ofegante...
Sendo que nada me era em vão.
Vi, há instantes, o que me podia
O meu corpo firme e elegante...
Sendo que nem já me era o dia.
Vi na noite a dor e a saudade
A presença que me faz instantes;
O amor ondeante e de vaidades...
— E eu vejo a esperança. E vivo!
NAS AFLIÇÕES
Hás de cumprir as coisas que te espera,
O que Deus quer de ti; as tuas provas.
Pois apenas ganharás os céus depois
Do seu intento. Não te provoque a morte,
Pois a morte que desejas é para sempre.
E haverá mais uma prova do Senhor
Sobre os céus, e sobre a terra;
Sobre todos aqueles que confiam Nele.
INDULGÊNCIA
A bondade só nos é aceita quando
entendemos que somente com ela podemos
nos curar de todos os males da alma.
DEFERÊNCIA
Se você não conhece um irmão, não
o duvide, não o faça ofensas;
isso é contra
os princípios da alma, e do espírito.
A ETERNA MUSA D'UM POETA
Depois que eu a vi surgir, bela assim
À luz dos instantes, a me enamorar
Sob as estrelas, na alma, à terra e ao mar
– Vinde borboletas a poisar em mim...
Depois de tantos anseios, por fim
Deixou saudades do meu peito a chorar
Agora em alegrias, e a te conjulgar
Eis o meu coração, frenético, flor-carmim.
Mas por perfumes, tão enlouquecido,
No vaguear neste mundo eu sou perdido
Nas falsidades vis dos meus amores...
Sim, és tu, a mariposa da minha ilusão,
Que dentre às trevas me é fulgor, mas é vão
Dentre a paixão eterna das minhas dores...
PAGÃO
(...)
A essa vida, eu respondo:
Vai andando... e cantando... compondo
A encontrar quem lhe sorriu.
SONETO VAZIO
O quê ter sem pertencer
o teu sentir de explosão
em mim p'ra poder ter
ao meu ser seu coração?
O quê ter sem pertencer
a tu'alma sem que vão
de intenso o seu prazer
viver d'amor à imensidão?
O quê ter sem o sentir
em mim o explodir
tua paixão ao peito meu?
O dia se vai e a noite vem
No teu sonhar meu bem
sem o pulsar do cerne seu.
PECADOR
Espírito imortal, escuro, rastejante...
Alma maligna, deixa-me viver,
Minha vida miserável a percorrer
O caminho do meu sonho, doente.
A cura dos meus pés haverá de ser
Nas trevas da estrada, coerente,
Que insana minh'alma descontente
Já é dor, já é queimar, a não morrer...
Vida que pós vida será amor, será?
Ser deslumbre, quem há de amar
Se lágrimas estende pelo caminho?
Deixa-me viver sem mesmo amor
Que a ti suplico o esplendor,
Triste e curvado, mesmo sozinho...
PASSAGEM
O amor contigo, talvez, um dia se vai
Rompendo a estrada em desventuras;
Cumprindo ao tempo os nossos ais
Na paixão dolente, complexa e pura.
O amor contigo, talvez, imortal se fica
Sem dias amargurados, em prazer,
A ermo dos sentimentos, que suplica
O infinito do teu caminho a romper...
Quem sabe dentro d'alma nossas vidas
De graças maculadas, nossas lidas,
O nosso peito, que de pulsar lucidez
Ao coração miserável, tão profundo,
O nosso amor simplesmente no mundo
Nada é do que é, passagem... Talvez!
POESIA CEGA
(O Ledor)
Não entendeu? -Sim, compreendi, amigo!
Sei o que sublimas tua mente desponjosa,
Pois que mais ousados que uma rosa
São os teus ouvidos aos meus sentidos.
Hipócritas palavras, cabeça maldosa
Habitas em seu corpo como um perigo
Daquele que ouvir asnos, mas bem contigo
Está tão brilhante alma, e magestosa.
Que nesta sagrada vida, da literatura,
Há quem não entende sabendo ler
Tantas coisas mais complexas e conjuras,
Que, quem não lê, sabe entender
O que vós digo, palavras vis, palavras puras
Sem que haja sentimentos a lhes dizer...
DA LITERATURA
Tem aquele que sabe ler,
mas não entende.
E tem aquele que entende
sem ao menos saber ler.
A PROPÓSITO
Seja em ti o seu próprio amor:
tu és de criação da divindade.
Ama-te, antes, ao esplendor,
pois, amado serás à eternidade.
Cuidas de ti igual ao outro,
para que seja disposto o que têm.
Aliviados serão os teus dias,
ao amar-te, lhe virão às alegrias,
para que sejam amadas também.
A MINHA BÊNÇÃO
Vida nua... mariposa das noites, fria
Qual um rio corrente, sem nada,
Sem destino e desvairada,
De caminho torto... de ardentia...
Vagueando curvas de pecados, fugidia
Em preces dolentes, maculada
Rompendo o sol, e desgraçada
Como as rochas vagas... de agonia...
Silêncio de bênçãos... branca alma
Arrastando saudades... sem talma
Poisando os pés descalço em dor...
Vida além... Ah, pobre vida além...
A vaguear no mundo... sem ninguém...
No mendigar dum só pouco amor.
PARABÉNS P'RA VOCÊ
(A Amanda Oliveira Lopes)
Hoje, minha amada, é o seu aniversário
Pois, quem diria: mãe-mulher-amor.
Menina quando a conheci, eu literário,
Hoje desfruto d'o seu esplendor,
Do brilho intenso que reluz os teus olhos
E da bondade do seu coração;
Pulsante, frenético, aos desejos e fólios
Faz-me explodir de intensa paixão.
Que a vida te seja para sempre inteira,
Imensa de bênçãos, mulher-companheira
Rogando a Deus alegria em viver...
Beijo-te, minha amada, a face bonita
Que infanta a sorrir seja infinita
De saúde e de paz... Parabéns p'ra você!