Coleção pessoal de Abreu2010
Fico louco, sofro, sinto ao saber
Que a necessidade está a obrigar
Você a viver em eterno desprazer!
Você, que ainda nem desabrochou
Acha que tudo se resume em amor
Que não conhece da vida, a podridão
E tampouco conhece a voz da razão.
Sabe quando algo lhe toca a fundo, a despertar sentimento interior sem compromisso, mas com valor adicional e irracional?
Vulcão que somos em olhares, corpos amalgamados, desejo implícito, preservado, pronto a entrar em erupção...
E quando eu morrer pegue o que servir e oferte para quem necessitar. O que não servir, doe assim mesmo. Nesse mundo tem muita gente que merece...
Em sã consciência, a si mesmo iludir, na sua idade, é só imaturidade. Iludir a outrem, é pura má fé.
Saber viver é ter prazer em bocejar ao acordar; é estar a refletir, a questionar; é pensar para executar; é fruir, a desfrutar; é maximizar, sentir... entrar... sair...
Música sempre é música!
A que faz pensar
A que faz chorar
A que faz dançar
E até requebrar
Música sempre é música!
A que faz sorrir
A que faz gritar
A que faz ouvir
E até escutar
Música sempre é música!
Seja dos pássaros
Da natureza
Da dor, da morte
Sem som, a vibrar
Até para surdo-mudo
E a escrófula, repudiada, inexistente
Afasta o horror, num beijo cálido
A evadir-se, como chegou, furtivamente.
No viver sinistro, ainda infausto
Medonho é o tempo, no cadafalso
E o sentimento, horrífico e cáustico.
No labirinto, eu fico estático
Inextricável, me deixa elétrico
Na saída eu travo, ainda cético
O olhar é grave; o humor, metálico.
Áspero, esse trecho escuro
Íngreme, de intenso tráfico
Místico, em suores gélidos
Severo, com tumores tétricos.