Coleção pessoal de 1andreluz
Fenêtre
Não tenho palavras,
Pela primeira vez me vejo sem elas
Todas sumiram e se somaram numa unica: espera!
Feito você que tanto olho e não vejo
No desejo da minha janela.
não há vagas Um gosto amargo, no doce que me cabe...
Uma garganta seca por palavras que te traga.
Riscos imersos de solidão...
Guarda-Roupa
Paz se veste de paz
Assim é que se acalmas
Revestir de guerra
A Paz se erra
Em resposta a nunca ter respondido
Eu digo, não brinque mais com meu abrigo
Se não: não serás nem terá sido, paz.
E agora que morri?
Me jurou de morte
Trazendo me no sangue da sua palavra
Afiou em minha língua o teu punhal que me guarda
Disse que me beberia
Que eu não era de verdade, que arei sua dor
E sente muita saudade, saudade de flor!
Me acusou de roubo
Furtando meu passado pro seu julgo
Quis que o mundo me expurgue
Agora que morri pra ti
Não acenda vela ou apele prece, pois virei vento
Olhe para o seu céu de centelhas
E se agradece!
Bom dia sim!
Esse mote de pássaro me amanhecendo,
Trazendo musica enquanto sonho,
me abrindo...
Ouvindo suas dores e seu amor
Na voz lucida de cantador.
Estrelas Binárias
Sempre juntas se envolvendo!
Não são Grandes.
Médias ou pequenas,
Dançando incandescentes pelo espaço,
Juntas brilham mais que soltas,
Até que uma dessas morre...
E continuam dançando,
Até formar uma supernova.
Se eu preto e branquear o horizonte
Desnudaria todo verdejar
Faria muitos tons de cinza
E tiraria o azul do céu
Não teria nuvens cheias
Nem flocos brancos formariam estas imaginações
Se descolorir...
Sexta feira dia 13
Gatos pretos vasculham seu medo
Ansiosos ao receios das surpresas
Na noite cheia do azar e da sorte
Onde muitos nascem
Outros morte.
Circo encantado
A fila de ingresso as suas graças
Criança ansiosa não disfarça
O palhaço Lelé
Roubando Mulher
O Garboso apresentador e sua voz de locutor
La vem o truque da risada, palhaçada!!!
Pipoca no algodão doce
Sombra e luz, embaixo da lona o circo vem a tona!
Globo da morte e quase bateu
Trapezistas com sorte, a corda é forte?
Quase caiu num suspiro cheio de silêncios
O mundo pendurado por um fio
Malabares e Trapézio
Destreza e firmeza
Suspense e mistério
A cigana vem a Lona e põe fogo na roda
Borboletas psicodélicas
Voam pelos cabelos
Sensualidade em forma de brinquedo
O susto e a cortina se abriu
Os pequenos sorrindo
O mundo é lindo
A verdade é a grande imitação
Na próxima semana o mágico não me engana
Já acabou?
Sétimo
Revanche dos dias
Repouso da carne
Estado da graça
Domingo Sala escura filme de terror
Tarde no fim um barato
Quem sabe na segunda eu escapo
Cadê?
Quando perdemos sentimos o que temos
Através da ausência presente como uma sombra sem luz
Um tipo de desejo invertido
Catapulta o pensamento num tipo de dor
Mostra o quão distante é o finito...
Cego Blues
Num chapéu cor de farinha
Com uma cachaça e uma garrafa quase vazia
Uma cegueira cega que nem ela
Um tempo certo na hora errada
Um blues de um forró bem triste
Uma criança que não chora nem vai embora
E três mesas vazias.
Uma lembrança de um perfume
Um chale branco, saudade e ciúme
Uma parede de uma alusão púrpura bondade
Um amor insano, regado e negado
Invejado pelos anjos, flechado caboclo
Uma antiga mentira virou verdade
E as tais mesas vazias
E depressa vai cada vez mais lenta
A noite e o dia feito o amor que se inventa
Arde, queima e contenta
Falso feitiço feito a destilada água que torpe
Os modos e as giras
que envolta de nós se sustenta
Nenhuma mesa, onde não a via
O local deixou a razão com sorte
A música acabou e o bumbo coração tenta
Bem mais poema do que cena
Eu sorrio vida que brilha, não me faço de dentes.
Vida não esfazia no feitio de mesas fazias.
Um sonho numa era de sonhos
Devasto copas altas
Onde flores um dia foram moças
Desta memória que folhas tornam
Todo o pomar de onde furtei seu doce
Desmanchada feito fruta posta
De um chão tão longe que a terra encosta
Fiz minha base em soma, insumas e hiatos
Beirei a esperança em ser desapegado
E de longe não te vi feito um retrato
E sem monte não subi no cerrado
E sem fronte deixei o rosto suado
E sem estrofe, refrão ou mote, fiz o campo vasto.
Re-verso
Pra cada Orixá um Santo
Pra cada Profeta um Anjo
Em cada Ateu vejo um Deus
Ninguém aqui é irmão, nem Eu!
Reverbera
Um mandala depenado na casa de janelas de espera
O sacro amor profano
A falta de saber deixar
E os telefones todos com ela
Esse seu me abandonar por aí
Minha solidão, querendo seu estranho desejo odioso.
E várias outras mãos te digitando
E os telefones tocam sem ela
E desse vai sem ir
Nesse insosso sabor de desdém
Aonde eu vejo e penso lembro
E o telefone reverbera essa aquarela.
Hoje eu vi um bobo
Um tipo louco de bufão escancarado e barulhento
Bruto feito o tremor e sensível feito o artista
Ele era um fora do mundo vivendo imigrado
Não vi refrão no tempo desse movimento
Certo de que alma contida ele não tem
Dor com sorriso é mais bonito logo desde manhã, chorava.
Um pierrô sem colombina
De maus tratos uns cortes
De vida sorte
Cheio de passos pra dar
Foi olhando pra trás.
alusão
Gosto de todos,
Nem tudo muito.
Sinto minha hora
Nem toda hora minha
Mesmo assim, sinto sim
O tanto proporcional lúdico de cada dia
Meus pés sem raízes buscam matizes, mirar
E o medo de perder
Né medo não é só
perceber não ter e ser
Um dia embora feito a hora
Cheia de querer ir, aurora...
Desejo grande não tenho
Dor bem longe por perto
Mais distante que o desassossego
Talvez me sinta só e criativa, saudade