Cemitério

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Comecei a ver a mesma pessoa em vários cemitérios durante algumas pautas em enterros e velórios. Num segundo momento, depois que eu me liguei que era a mesma pessoa, achei que estava vendo uma entidade, pois ninguém perde tanta gente, todo mês, e está em todos os enterros. Como observava que essa pessoa nunca estava conversando com ninguém, sempre sozinha, comecei a ficar curioso. Do cemitério do Irajá ao São João Batista, ele estava lá, até que resolvi investigar. Me aproximei e, com um cigarro, perguntei se ele teria um isqueiro para me emprestar. Não tinha. O nome dele é Bernardo e me chamou atenção porque ele tem apenas 25 anos. Isso me fez achar que poderia ser um espírito. Ele é diferente do cara que fica com a camisa do Brasil e os cartazes de protesto perguntando onde está o Amarildo, que todo mundo conversa e conhece. Ele é muito discreto. Como respondeu que não tinha como me ajudar a acender o cigarro, iniciei a conversa dizendo que já havia reparado que ele estava em outras capelas, em outras pautas. De cara, ele me deixou meio espantado ao responder que tem uma catedral que ele sempre vai, mas não sabia o nome e que havia esquecido o bairro naquele momento. Perguntou se eu era repórter. Quando respondi que sim, ele disse que o avô havia trabalhado com "um tal de Mário Alves", que teria sido muito importante para imprensa num determinado momento. Perguntou qual área eu trabalhava e respondi: geral! Ele respondeu: não gosto! Disse que dos jornais só lia as colunas sociais e que despertavam sua curiosidade as notas sobre casamentos, aniversários, formaturas e ENTERROS. O certo é que, através dessa leitura precursora, Bernardo fica a par das missas e enterros, e diz que nunca falta quando são os mais interessantes. Diz que procura sempre ficar longe da imprensa quando é alguém famoso para "não tirar a atenção do personagem principal, que deve ser o morto". Depois corrige a informação dizendo que essa é a postura que adota em todos os enterros, pois todos são iguais. Disse coisas que me chamaram atenção, como: "está vendo como a gente chega hoje nos cemitérios? Uma falta de respeito! Antigamente, contratavam bondes especiais, que conduziam os 'convidados' até os cemitérios." Tudo bem, percebi rápido que a cabeça do Bernardo não bate bem. Mas, ao mesmo tempo, concluí que ele não é bem um louuuucoo, louuuco, louuucooo, mas está fora e dentro ao mesmo tempo do normal, tipo uma questão de lua. Enquanto ele fala, dá umas mastigadas na língua, esmagando-á entre os pré-molares. Ele balançava a cabeça de forma esquisita, as vezes, "chifrando" o vento sempre que a gente sentia bater no rosto. Piscava constantemente o olho esquerdo. Na face, por todo o lado, discretos cortes faciais, quase imperceptíveis, dependendo da luz do sol. Em que pese, porém, essa mistura de sequelas, Bernardo, ainda sim, por estranho que pareça, é um rapaz simpático e muito, muito educado mesmo. Reparei que estava um pouco sujo, embora com um terno bem lavado com uma ombreira que o engolia. Já reparei ele mexendo em algumas coisas nos cemitérios, fazendo sinais como se estivesse limpando os objetos. Perguntei sobre isso e ele respondeu que se todos entrassem nos cemitérios como se fossem donos do local, podendo mexer em tudo, aceitaríamos melhor a morte e também preservaríamos os cemitérios em melhores condições. Bem estranho... Contou que por várias vezes já foi expulso de dentro das capelas em momentos de velório mais reservados. Mas ressaltou também que, brigando ou não, sendo expulso ou não, aquilo era um dos centros de interesse da sua vida. Contou que, assim como os cemitérios, adora as praças. Perguntei se teria alguma especial, e ele responde: todas. Disse que a igreja é sua "obsessão", e que se pudesse limpava os altares e as imagens todos os dias, mas que deixou de entrar nas igrejas faz tempo porque não gosta de padres. "De nenhum deles!". Foi incisivo, mesmo educado, ao dizer que não iria tocar neste assunto e ficou vermelho, muito vermelho, até aparecer os traços de veias pulando em sua testa. Fiquei em silêncio e ele foi se acalmando novamente, tudo numa fração de cinco segundos que, pra mim, observei como um take em câmera lenta. Pra cortar o clima, disse que ia acender um cigarro com um rapaz que estava ao nosso lado fumando e, depois disso, quando virei novamente, ele simplesmente não estava mais ali. Em determinado momento, conversando com ele, encostei rápido a mão em seu ombro, pra ter a certeza de que não era tipo Ghost. Era real. Enfim, cheguei agora em casa e, pensando ainda sobre tudo isso, acendi uma vela e fiz uma oração pedindo muita coisa boa pra esse rapaz. Paz pra ele, paz pro Bernardo.

Inserida por AlessandroLoBianco

Saudade em mim, lembrança permanente...

Inserida por Gilliard-Oliveira

Viver é muito além de só existir. Pois homem que não vive, este existe apenas respirando para morte.

Inserida por CGabrielCunha

Os cemitérios são grandes depósitos de cálcio.

Inserida por OswaldoWendell

Quando o cálcio dos ossos humanos dos já falecidos puder ser reaproveitado, haverá uma corrida aos cemitérios.

Inserida por OswaldoWendell

Eu prometo! Vou pensar seriamente em ir ao enterro de todos aqueles que eu pensava serem amigos, e que não foram ao meu.

Inserida por CCF

Todas as vaidades finalizam na porta do "és o que fomos, serás o que somos".

Inserida por ReneGois

⁠Ah, como são belos e magníficos os cemitérios dos outros países! Tão lindos, dá até uma vontade louca de morrer ao contemplá-los! Tão diferentes dos cemitérios do Brasil! Aqui, até a morte é feia; os nossos cemitérios parecem favelas de mortos!

Inserida por Rogerio727

Epitáfios são poesias da morna vida que aqui jaz. Aqui, onde as trevas outrora sombrias e aterradoras, transformaram-se num inerte alento de paz, alheio às agruras e incertezas da existência que não mais é palpável. Uma existência de guerras e dores. Aqui jaz a paz.

Inserida por William-Shakespeare

⁠Ao entoar da corneta, no silêncio do toque fúnebre, cada nota é empunhada no bojo da vida.

Inserida por PastorMaxwelAurelio

Poema - Aquiescências ...


Somos as nuvens
pela colina

E quando a noite
se descortina,

O vento frio
que abraça os galhos! ( ... )


Somos um lago
em plena chuva

Frios de lua
e ouvindo as rãs

Cingindo as flores
pela manhã ( ... )


Somos o bosque
sem a choupana

Grilos e orvalhos
voando a grama

Somos caminhos
que a solidão anda! ( ... )


Somos o céu
em que o sol não arde

Chorando estrelas
quando é tarde

Sentindo amor
quando o amor parte! ( ... )


Somos o fim,
nunca a palavra

Só arrepios,
jamais as marcas

E o coração?
Dor coroada! ( ... )



Instagram,
@lemo.sdesousa⁠

Inserida por Christopher_Bennett

⁠Poema - Frágil ser ...


Somos a morte

em cada flor

Somos orvalho

vermelho em cor

Somos espinho

pontas de vida

Estar sozinhos

nos significa

Não caminhamos

somos levados

Somos descalços

de ventania

Somos o tempo

nunca o relógio

Ponteiro zero

berço e velório

Somos silêncio

que se consagra

Somos o instinto

extinto em mágoas

Somos trovão

seremos chuva

Cartas, poemas

e fotos nuas

Somos o amor

feito às pressas

Rastros de guerra

tocos de vela

Caixões no quarto

das aquarelas

Somos, em suma,

soma palavras

Acumulados,

águas caladas ...


Instagram,
@lemo.sdesousa

Inserida por Christopher_Bennett

⁠Nossas cabeças podem ser cemitérios ou sementeiras, a escolha é sempre sua. Cultive uma ideia.

Inserida por evermondo

Todos os espíritas são covardes, medrosos e mentirosos, porque têm medo de consultar o morto no cemitério de madrugada, caem fora se lhes pedir ajuda de médium e velas, porque sabem que na hora da consulta, os demônios só se manifestam para negar a verdade e atrapalhar a vida dos outros.

Inserida por HelgirGirodo

⁠A moça que dançou
depois de morta
escreveu no seu coração,
Deixou o seu casaco
na tumba e escreveu a História
com a tinta da eternidade
nesta vida que ainda continua.

Inserida por anna_flavia_schmitt

⁠Mentiras são como covas rasas. Com o tempo o cheiro de carne podre se espalhará, se tornando insuportável. E cedo ou tarde, encontrarão o cadáver.

Exú Caveira.

Inserida por TAISARAMOS