Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda (trechos inesquecíveis do autor chileno)
Nunca permita que um problema a ser resolvido se torne mais importante do que uma pessoa a ser amada.
Ser amado é consumir-se na chama. Amar é luzir com uma luz inesgotável. Ser amado é passar; amar é durar.
Passamos metade da vida à espera daqueles que amamos e a outra metade a deixar os que amamos.
As mulheres amam muito tempo antes de confessá-lo; os homens têm já deixado, há muito, de amar, quando continuam a confessá-lo ainda.
É possível amar e não ser feliz, é possível ser feliz e não amar, mas amar e simultaneamente ser feliz, isso seria milagre.
A fotografia nunca se revela por inteiro quando você se desmancha por alguém. Essas relações lembram uma foto polaroid: a imagem vai aparecendo aos poucos. Algumas coisas se distanciam do sentimento original, mas isso é a vida.
Beber a grandes tragos extingue a sede; beber em pequenos goles prolonga o prazer da bebida. Assim é também com relação ao prazer do amor. E com tudo o mais na vida.
Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu.
Não há nada mais gratificante do que o afeto correspondido, nada mais perfeito do que a reciprocidade de gostos e a troca de atenções.
Assim como, por costume, olhamos para um relógio parado como se ele ainda estivesse em funcionamento, assim também olhamos para o rosto de uma bela mulher como se ainda a amássemos.
Entre os seres humanos, mesmo se intimamente unidos, permanece sempre aberto um abismo que apenas o amor pode superar, e mesmo assim somente como uma passagem de emergência.
Horas vão passando.
Tenho eu que aguentar
Essa saudade me sufocando?
Beijo-te sonhando,
Abraço-te chorando,
Zarpo em direção ao imaginário,
Infeliz e solitário,
Lembrando do teu amor.
E acordo sem teu calor.
"De todos que existem sou dentre eles apenas mais um Pablo.
Pablo que sou ,pergunto a você: "Para ti sou que Pablo?".
Se te encabula a pergunta, te dou a resposta agora, no ato.
Estou para ti como Neruda aos poemas, tenho por ti a paixão de Picasso aos quadros.
Sou seu louco, seu tudo.Mas acredite, só seu!
Sou seu Pablo."
A meu ver não é apenas um sino,
Espia! Existe outro ao lado,
É verdade, que são dois sinos,
Sinos são vozes feitas para escutar,
São vozes anunciadoras do tempo,
Sabem ao seu jeito dar o recado,
- e a escuta despertar
Assim anunciam os sinos,
Que daqui para frente vou contigo.
Seguirei para Isla Negra,
Para qualquer lugar,
Desde que eu volte
- sempre -
para a casa do poeta.
Haja visto, de que a moça
- admirável -
e que ele gosta,
- sou eu
Por uns passou desapercebido,
Que o nosso amor chegou
é despercebido,
Faz parte, foi por obra do destino,
- destarte
O amor hoje é fruto ainda proibido.
A meu ver o tempo sempre inflige,
A pena dessa espera,
A espera sempre vale a pena.
Os sinos sinalizam, abrem a alma
Para aprender a ter calma,
- e se concentrar
No tempo que tem o seu próprio tempo,
Espera com paciência,
Que a oportunidade irá chegar.