Cartas de Morte

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Onde quero morar até a morte chegar

Vários lugares ja andei, por muitos lugares viajei... mas tem que um que quero sempre percorrer e se possível morar. Os caminhos misteriosos do seu corpo, no calor do seu desejo, no brilho do seu olhar ao me ver despindo-me, no gosto do seu beijo onde mora o desejo, esse desejo de querer mais do que só beijar, mais do que só abraçar, esse desejo de amar intensamente até cansar e a morte desejar.
Pois morrer amor é uma bela forma de amar.

Erika Renata de Macedo Andrade

Vagamos na vida como trens
Saímos da estação vida quando nascemos
E sabemos que a estação morte é o fim da linha
As estações que encontramos no caminho chama-se períodos
E cada período tem seu prazo de validade e sua importância
Cada travessia se chama momento
E cada momento passa rapidamente e deixa marcas
Mas antes do fim, vamos olhar por onde percorremos
E possivelmente iremos lembrar dos fatos mais marcantes
Quer sejam bons ou maus, lembraremos de simples fleches de luz
Que no caminho nos fez enxergar belezas e desgraças
Força e fraqueza, erros e acertos, problemas e soluções.

A perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro (a) mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo (a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo (a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é NEVER.

Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa. Minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai. Durante as horas de perdição tive a coragem de não compor nem organizar. E sobretudo a de não prever. Até então eu não tivera a coragem de me deixar guiar pelo que não conheço e em direção ao que não conheço: minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria. Não eram as antevisões da visão: já tinham o tamanho de meus cuidados. Minhas previsões me fechavam o mundo.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por natxalinha

Sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, (...) faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranquilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro (...)

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

A MORTE PARA O EU


Quando você for esquecido ou negligenciado,
Ou propositalmente tratado como nada,
E não se ressentir, nem se magoar,
Com um insulto da negligência, mas seu coração,
Se mantiver feliz, por ter sido digno de sofrer por cristo,
Isso é morrer para o “EU”

Quando o bem que faz é tomado como mal
Quando seus desejos são contrariados,
E seus conselhos postos de lado,
As suas opiniões ridicularizadas,
Você se recusa a permitir que a ira se acenda em seu coração
Ou se quer defende-se a si mesmo,
Mas aceita tudo com paciência,
E em silencio cheio de amor,
Isso é morrer para o “EU”

Quando você se satisfaz com qualquer alimento,
Qualquer dádiva,qualquer vestuário,e qualquer clima,
Qualquer sociedade,solidão, interrupção
Segundo a vontade de Deus,
Isso é morrer par o “EU”

Quando você com amor e paciência,
Suporta qualquer irregularidade,
Qualquer desacerto ou qualquer aborrecimento,

Quando você puder enfrentar face a face o desperdício,
A loucura, e a extravagância a insensibilidade espiritual,
E suportar tudo isso como Jesus suportou,
Isso é morrer para o “EU”

Quando você não mais se importar em ouvir as próprias suas palavras durante uma conversa,
E ver boas obras registradas,
E envaidecer-se com elogios feitos,
Quando realmente preferir-se manter desconhecido,
Isso é morrer para o “EU”

Quando você receber correção e censura da parte de alguém
“inferior” a você e puder sujeitar-se humildemente tanto por dentro tanto por fora,
Não sentindo revolta, nem ressentimento, levantar-se no coração
Isso é morrer para o “EU”

Quando puder ver seu irmão prosperar,
Satisfazendo suas necessidades, e em seu espírito alegrar-se,
Sinceramente com ele,
Não sentindo inveja nem cobrando de Deus.
Mesmo que suas necessidades sejam muito maiores,
E suas circunstancias desesperadoras,
Isso é morrer para o “EU”.

FONTE: LIVRO QUATRO REALIDADES

Soneto Inglês No. 1

Quando a morte cerrar meus olhos duros
- Duros de tantos vãos padecimentos,
Que pensarão teus peitos imaturos
Da minha dor de todos os momentos?

Vejo-te agora alheia, e tão distante:
Mais que distante - isenta. E bem prevejo,
Desde já bem prevejo o exato instante
Em que de outro será não teu desejo,

Que o não terás, porém teu abandono,
Tua nudez! Um dia hei de ir embora
Adormecer no derradeiro sono.
Um dia chorarás... Que importa? Chora.

Então eu sentirei muito mais perto
De mim feliz, teu coração incerto.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M. Estrela da Vida Inteira - poesias reunidas, Livraria José Olímpio Editora, 1986

Vozes da morte

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte inda teremos filhos!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

A Morte

Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!
Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…

O Amor e a Morte

Sobre essa estrada ilumineira e parda
dorme o Lajedo ao sol, como uma Cobra.
Tua nudez na minha se desdobra
— ó Corça branca, ó ruiva Leoparda.

O Anjo sopra a corneta e se retarda:
seu Cinzel corta a pedra e o Porco sobra.
Ao toque do Divino, o bronze dobra,
enquanto assolo os peitos da javarda.

Vê: um dia, a bigorna desses Paços
cortará, no martelo de seus aços,
e o sangue, hão de abrasá-lo os inimigos.

E a Morte, em trajos pretos e amarelos,
brandirá, contra nós, doidos Cutelos
e as Asas rubras dos Dragões antigos.

A Vida e a Morte

O que é a vida e a morte
Aquela infernal inimiga
A vida é o sorriso
E a morte da vida a guarida.

A morte tem os desgostos
A vida tem os felizes
A cova tem as tristezas
A vida tem as raízes

A vida e a morte são
O sorriso lisonjeiro
E o amor tem o navio
E o navio o marinheiro

Florbela Espanca

Nota: Poema escrito em 11 de novembro de 1903, quando Florbela tinha apenas 8 anos de idade.

Parece um sonho

Parece um sonho que ela tenha morrido!
diziam todos... Sua viva imagem,
tinha carne!... E ouvia-se, na aragem,
passar o frêmito do seu vestido...

E era como se ela houvesse partido
e logo fosse regressar de viagem...
- até que em nosso coração dorido
a Dor cravava o seu punhal selvagem!

Mas tua imagem, nosso amor, é agora
menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...

Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a gente diz, então:
Parece um sonho que ela tenha vivido!

Quando amamos um cão, a dor da sua perda é irreparável, mas o amor é infinito e renovável. O tamanho do sofrimento da sua perda, jamais chegará aos pés do tamanho da riqueza deixada em nossos corações.

Portanto, não é hora de negar uma nova oportunidade de adotar um novo amigo. Que não substituirá o que partiu. Mas nos ajudará a seguir em frente.

Quem dera pudéssemos voltar no tempo e quem sabe nos reencontrarmos, para novamente nos abraçarmos, e eu ter mais uma chance de dizer o quanto te amo, o quanto me faz falta.
Mas sei que quem parte não volta e é por isto que a saudade nos fere tanto, ela me traz a certeza que jamais o terei de volta.
Não nesta vida por isto digo que ê breve a despedida. Até breve pois logo aí no céu novamente te verei minha vida.

Estrelas
Meu olhar se perde pelo universo.
Me pergunto se existe um pedaço de nós nas estrelas,
Ou um pedaço delas em nós.
Algumas pessoas devem ter um pedaço grande de estrelas porque brilham demais
Outras estrelas, devem ter um pedaço grande de pessoas especiais,
Porque são intensas e constantes.
Não importa.
Gosto de pensar que olho para o céu e posso matar a saudade de quem um dia esteve aqui nesse planeta e que estará pra sempre em meu coração.
E adoro me aproximar de pessoas brilhantes como as estrelas; elas trazem o infinito até meu coração e todas elas me fazem sentir um pedacinho de divindade no ser humano.
E um pouco de humanidade no divino.

QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer, não chores
Eu não te poderei ouvir
Quando eu morrer, não peças perdão
Eu não te poderei perdoar
Quando eu morrer, não me tragas flores
Eu não sentirei o seu perfume
Quando eu morrer, não sintas saudades
Eu não as terei de certeza
Quando eu morrer, lembra-te
Dos momentos felizes, serei uma poesia
E estarei em paz com Deus.
ღღ 2018

Tão rápido, quase não senti os anos passarem, não senti o frio na pele, desde então o coração virou pedra, não sangrou mais, dor incurável, mistério irremediável.
Meus olhos fecham querendo voltar, meu corpo pede um ultimo abraço, uma última palavra não dita. Viraria todos os corpos por não ter dito a gratidão. Valores jogados ao lixo, a vida tratada na miséria. O remorso corroendo a alma e a fazendo gritar eternamente.
Putrefação, sangue, ossos, vermes. Cadaverina. Olhando para a escuridão mais profunda do céu e tentando achar o foco. Lutas perdidas, porém certificadas do aprendizado. Infelicidade mutua, mas valorizando o pouco que tinha. A vida mudada, o exemplo citado, a inspiração contida e a personalidade moldada uma vida escura, uma vida de morte.Tentando escolher o correto. Se prontificando dos erros, regenerando a carne, amaldiçoando a estrada da morte e por fim entendendo o ultimo adeus não dado.

AQUELA GAROTA
Um dia você irá se lembrar daquela louca apaixonada que por você vivia a chorar, deitado em sua cama, logo adormecerá e sonhara com aquela garota. No sonho ela vem linda, com uma áurea incandescente, cuja luz irradia pelo quarto todo.
Seus olhos refletem todo amor devotado a você, sua pele e macia e seu toque te faz estremecer. Você acorda assustado e decide ligar para minha casa, mas ninguém atenderá. Desesperado sai a minha procura, mas não me encontrará, decide perguntar aos meus amigos, mas ninguém sabe onde estou, então resolve ir naquele bosque, cuja árvore mais frondosa acolhe em sua sombra uma humilde casa, você reluta e o coração apertado te empurra para dentro, mas não me encontrarás, encontraras apenas um bilhete dizendo:
“Eu já fiz de tudo pra te esquecer, mas meu coração só quer você,
Já tentei te conquistar, mas você só soube me desprezar.
Não existe solução, muito menos explicação, só encontro uma saída,
Acabar de vez com a minha vida”.
Nesse momento você não consegue controlar as lágrimas e o ar passa a faltar, angustiado você sai daquele lugar e corre sem rumo, adiante encontrará uma enorme cruz com o nome da garota que um dia você desdenhou, e perceberá que SEU DESPREZO E SUA AUSÊNCIA ME MATARAM.

A gente se acostuma com uma amigo chato
A gente se acostuma com uma fraqueza
A gente se acostuma com uma palavra não dita
A gente se acostuma com um amor perdido

Só não nos acostumamos com aquele ente querido que
foi embora e nos sabemos que nunca mais vai voltar
Que nunca mais vai nos dar aquele aconchego, que nunca
mais vai segurar em nossas mãos e dizer pode ir
que se você errar eu vou estar ao seu lado lhe apoiando
a morte é uma dor tão grande e machuca tanto.

Nascemos anônimos, para construir nosso legado.
Devemos fazer de nossas vidas uma bela história. Fazer nosso tempo valer a pena. Para que mesmo na morte sejamos lembrados. Lembrados por ações memoráveis e atitudes épicas. Lembrados por construir um legado inesquecível.
Nascemos anônimos para morrer como uma lenda.