Cartas de Amor para a Pessoa Amada

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⁠⁠⁠⁠⁠A Grande Questão -

Por que ainda há no mundo
pessoas morrendo em decorrência dafome?

Não há alimentos suficiente
para todos?

Quem fabrica as cédulas
e moedas — necessárias para
se ter os alimentos?

Que material é usado na fabricação das cédulas e moedas?

Esse material usado é mais
raro e importante que as milhares de vidasperdidas diariamente?

NÃO HÁ DESCULPAS!

A violência não irá
acabar.
Os conflitos, as guerras,
infelizmente,
continuarão a acontecer.

O preconceito, a intolerância,
a injustiça, a desigualdade,
todas essas coisas,
provavelmente nunca serão,
tatalmente extintas.

Acidentes, doenças, catástrofes continuarão a ceifar vidas.

Mas a grande questão é uma:

POR QUE AINDA HÁ NO MUNDO PESSOAS MORRENDO EM DECORRÊNCIA DA FOME?

Inserida por SilvioFagno

⁠Não Amanhece -

Acabei de acordar, depois
de mais uma noite,
extremamente
torturante.

Agora são,
precisamente,
09h37, de uma segunda-feira
qualquer de outubro.

A noite passada
(um pouco mais do que
de costume),
foi bastante triste,
angustiante — quase
não dormi.
Chorei tanto que, neste momento,
sinto-me, fisicamente,
como se estivesse
anestesiado.

Os meus olhos mal se
mexem.
Sinto meu corpo pesado
e um pouco trêmulo.
Inerte.
Em contraste, pensamentos acelerados, desordenados,
confusos, que estão me
causando umcerto temor,
uma certaangústia, um quase
desespero — algo como um
grande medo — medo do restante
do dia.

Não é bem a morte o que
mais me assusta:
É algo que precede-a.
Algo como perder
o controle.

Estamos na primavera
e,
hoje,
me parece que será um
dia ensolarado — de
céu azul lá
fora.

Aqui dentro...
Nem sei: não amanhece.

Inserida por SilvioFagno

⁠FERNANDO PESSOA

Com as suas mil faces,
são tantas em uma.
Com a pura emoção
sem uma alma pequena
sonhou os sonhos do mundo.
Sempre inquietação,
mordidas aos bocados
foi feliz e infeliz
Pensando por pensar,
sua alma sofreu o tédio.
incoscientemente
coerência da incoerência
Ele foi mutação,
Alberto, Ricardo ou Álvares.
E completamente alma,
foi natural igual,
ao levantar do vento
mfp

Inserida por MadalenaPizzatto

⁠⁠⁠Guerra Fria -

Neste momento,
não tenho mais por que
lutar.
É inútil,
é uma batalha
totalmente perdida — acabou.

O que restou da guerra
foi lutar contra o
espelho:
um velho conhecido, cheio de
marcas, feridas, traumas
acumulados — heranças de outras guerras (perdidas).

Posso até golpeá-lo,
atingi-lo,
mas o verdadeiro inimigo
é outro (confortavelmente
inatingível), com status
de vencedor — de Grande
Vencedor — dessa silenciosa e impiedosa "guerra fria",
onde vence quem sente
menos,
e o final provou, de maneira
clara e cruel,
que somente um tinha
coração.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Não Jogue o Jogo -

⁠Não jogue o
jogo!

Um encontro — que leva a um
desejo — que transforma-se em sentimento — que nos faz
mergulharem sonhos —
é para nos ajudar a reparar
os estragos que a vida
costuma nos fazer
diariamente.

Se te rouba a paz:
causando desconforto,
provocando raiva, aflição...
não serve!

É inútil, traumatizante,
destrutivo.

Não jogue o jogo:
Ambos serão derrotados!

Inserida por SilvioFagno

⁠Não Quero Explicar: Talvez Não Saiba -

Primeiro,
a sensação de acolhimento,
de não estar mais,
aparentemente,
sozinho.

Depois uma dependência
e uma vontade a mais,
de mais e mais vontade.

E esquenta e esfria
e, às vezes,
transborda para quase secar.
Renasce (se é que é possível),
depois de quase morrer.
E morre,
inexplicavelmente, respirando.

Não, não é o amor:
é isto.

Nem sei bem como somos
por dentro, lá no fundo.
Mas espero que compreendas
todas as lágrimas e bebidas
e motivos desta semana;
deste mês;
deste ano...

Vá,
desta vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Em Casa -

⁠Largo mão da rua e
ponho o pé na
escada.
Subo-a, não penso,
chego ao portão, fico ao portão.
Giro o trinco, abro o portão,
entro e fecho-o.

Dou cinco passos à esquerda
e chego à porta.
À direita, há entretenimento:
não paro — sigo em frente.

Mais nove passos e paro.
Olho rapidamente à direita,
há descanso:
não deito — continuo
adiante.

Mais dez passos e fico
diante de mais uma
porta — onde tenho passado
a maior parte do tempo.
(Dormir, pensar, escrever...).

À direita há água, há remédios,
há alimentos: não bebo,
não tomo, não como.

À frente,
depois da última porta,
a última janela
e o fim.

Atravesso a porta e fico
próximo à janela.
Dou mais dois passos e
chego à janela. Fico à janela.
Fecho os olhos e me sinto,
de fato, em casa.
Há conforto, há segurança — abrigo.

Agora
abro os olhos,
abro a janela e vejo à minha
frente (decorando a janela),
a lua.

E assim, de repente,
como se amasse,
eu me lembro que existe um
mundo inteiro distante,
bem distante, muito
distante lá fora.
E choro.

Inserida por SilvioFagno

⁠Falha -

Tentei,
o dia inteiro,
encontrá-la, mas falhei.

Revisitei importantes lembranças
— gestos, fotos, vídeos —
e,ainda assim,continuei vazio.

Abracei-o.
Beijei-o, e nada.

Mesmo diante da pessoa mais importante do mundo,
no dia mais importante do
ano,
eu não encontrei as palavras,
os encontros — a Poesia.
E falhei.

Mesmo com todos os motivos
e sentimentos;
mesmo com todo o orgulho e admiração, eu falhei na busca.

Tudo que consegui escrever
resume-se a isto:
Este lamento, esta culpa, esta falha.

Este vazio.

Todas as crianças são especiais.
Absolutamente todas.
Mas nós, adultos, falhamos.
Falhamos muito.
E, grosseiramente, estragamo-las.

Inserida por SilvioFagno

O Normal da Coisa -

⁠Eles não me deixarão
em paz.
E eu não vou conseguir
deixá-los também.
(Mas, certamente, eles ficarão
melhor que eu).

Agora é isto:
o normal da coisa.

E a coisa toda está fundamentada
na futilidade, superficialidade e mediocridade da grande maioria deles.

Eu precisaria ficar rico,
talvez,
para que algo diferente
aconteça.

Então,
precisarei somente de alguns
deles, e esses eu os
suportaria.
Eu posso suportar alguns
deles, certamente.
Eu não suporto muitos
ao mesmo tempo:

Uma vizinhança, uma cidade,
um país...
Uma geração e a próxima
sob os efeitos desta.

Inserida por SilvioFagno

⁠Tão Pouco e Tanto —

Vivo preso, totalmente preso ao
que sinto.
Sou escravo devoto dos que têm os meus
sentimentos. — minh’alma.
De algumas histórias sem começo
e outras sem fim.

Trago, desde sempre, um sentimentalismo escancarado, muitas vezes vergonhoso, desmedido, desamparado. — quase infantil.

Dói: ninguém acerta-me! — tenho um
coração invisível e gasto.

E desejo tão pouco e tanto...

Inserida por SilvioFagno

⁠Julgar

Ouvir em silêncio, se colocar no lugar do outro, Compreender;
Ouvir em silêncio, aplicar seus ideais, julgar;

É difícil, para nós, sabermos oque é certo, e o que é errado;
É difícil, como pessoa, se colocar no lugar do outro e continuar acreditando ser bom;
Ser bom é o que importa?;

Falar é difícil;
Falar é fácil;
Não falar é difícil.

Inserida por AnaClaraAngel

⁠O Peso das Coisas que Escrevo -

É sempre um alívio concluir
alguma coisa:
um pensamento, uma canção,
um poema.
Ainda que o processo de fazê-los,
algumas vezes,
seja torturante, carregado,
penoso.
Mas vê-los alí, prontos,
de certa forma
alivia-me.

Mas concluí-los não é encerrá-los,
e eu preciso conviver com o peso
das coisas que penso, que faço,
que escrevo:
As canções e seus motivos; os poemas
e seus motivos; os motivos
e o pensamento.

Quando escrevo, escrevo por
alguma necessidade urgente:
às vezes algo;
às vezes alguma coisa;
às vezes alguém.

Mas as coisas e causas mudam,
passam.
As coisas e pessoas mudam,
rapidamente mudam,
se vão.

Mas os poemas e pensamentos não.
Eu os fiz nascer e preciso dar conta
deles agora, não posso
abandoná-los.

Eu senti as canções chegando, nascendo,
ganhando forma, alma, intimidade.
É preciso, vez ou outra, cantá-las.
Sim, cantá-las ainda que sangrando;
Cantá-las ainda que sussurrando;
Cantá-las ainda que emudecendo...
em silêncio.

Aquilo que escrevo tem o peso
daquilo que sou.
E ninguém, ninguém mais, além de mim mesmo,
precisa carregar isso.

Inserida por SilvioFagno

⁠Beberei Sozinho —

"O que acontece com os sentimentos reprimidos?" — pensava eu enquanto colocava na cesta do supermercado (ainda meio indeciso), algumas bolachas, biscoitos, iogurtes, chocolates, sabonetes e duas sardinhas com molho, não sem antes,
reparar bem a validade de
cada coisa ali.

Já no caixa, no momento de passar
o cartão e honrar os meus avós e todos
os outros que vieram depois deles
(como eles),
eu pedi ao rapaz que acrescentasse uma garrafa de vinho tinto suave que,
às pressas, fui buscar.

No trajeto de volta pra casa, revisitando sensações e memórias em cada
pedaço de rua,
eu havia me decidido:
"Desta vez, beberei sozinho! — assim o fim é menos doloroso."

Afinal,
depois que a última taça for esvaziada,
e a inevitável e desanimadora realidade
cair sobre minh'alma tosca e indefesa,
eu não precisarei ver ninguém
indo embora.

Inserida por SilvioFagno

⁠Admiração –

Comprei umas coisas e, enfim, elas chegaram.
Olhei-as e gostei.

Mas sempre sinto que me falta alguma
outra coisa (maior),
e então entendi que tudo que tenho (possuo),
não me tem. — pessoas e bichos
me têm;
Sentimentos e dúvidas me têm;
Sensações e sentidos.

Sou do tipo — raro — de gente que "costuma
usar coisas e amar pessoas".
(Acho que ouvi alguém dizer isso
por aí).

Gosto de gente interessada, admirada,
intensa, sincera.
Se quer algo frio e últil: compra
uma geladeira.

Amor é devoção, entrega — admiração.

Inserida por SilvioFagno

⁠Tal Como É –

Olha só que céu
lindo! — eu disse-lhe.

Mas não está um pouco
nublado? — questionou-me.

Sim, sim. — eu outra vez.
Mas ainda assim,
tão belo quanto ontem ou
há sete dias.

Na verdade,
o encanto, a beleza, a graça das coisas
se perdem somente nas pessoas.
A coisa ainda tá lá,
tal como é.

E,
no fundo,
quase todo problema
é gente.

Inserida por SilvioFagno

⁠Costas Nuas –

Despertei-me primeiro que ela,
um pouquinho antes do
sol nascer.

O quarto ainda estava um pouco escuro.
Havia, somente, uma pequena réstia vindo
por uma fresta da janela entreaberta,
de cortinas malfechadas que,
poeticamente, alcançava
suas costas nuas.

Fiquei ali,
parado. Bobo.
Observando ela dormir, enquanto
o pequeno raio de luz, delicadamente,
beijava suas costas nuas.

Era o sol nascendo lá fora.
E um sonho acontecendo
cá dentro.

Inserida por SilvioFagno

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa só.
Cada pessoa tem um DNA, é única, e ninguém substitui ninguém.
E cada pessoa que passou em nossa vida, não segue só.
Certeza de que leva um pouquinho de nós mesmos.
Assim como, deixa um pouquinho de si mesma.
Ninguém se encontra, e cruza nosso caminho por acaso.
E nós entramos na vida de alguém por alguma razão.
Hoje, nessa viagem, é lindo descobrir que a vida tem um significado.

Inserida por EUCLYDES-ZANON

⁠É muito legal quando a pessoa é espontânea.
Aquela pessoa que te faz rir quando você quer chorar.
Aquela pessoa que te ouve, quando ela mesmo quer falar.
Aquela pessoa que te quer bem, quer te ver sorrindo.
Uma pessoa assim será sempre a sua melhor amizade!
Pois do jeito dela, ela te protege.
Somos pessoas abençoadas por ter amizades assim!
E é para a vida inteira!

Inserida por EUCLYDES-ZANON

⁠⁠Ouça -

Ouça:
não confie em mim!

Não tenho como provar, de
maneira convincente,
indubitável, o que
digo quando
escrevo.

Nem mesmo
isto.

Mas há gente muito
pior, extremamente
perigosa falando
muito, falando
alto,
gritando insistentemente.
Fique atento!

Fique em silêncio quando
não souber o que falar.
É mais seguro.

E mais: ouça,
ouça atentamente
o que o silêncio
esconde.

A sabedoria pode
estar aí.

Inserida por SilvioFagno

⁠Cada pessoa tem um jeito.
Cada uma gosta de se vestir, comer, assistir, ouvir, ler, sair, passear, do jeito que gosta.
Algumas sentem atração pelo mistério que ele provoca.
Outras não trocam a paz que possuem.
Tanto como queimar num fogo ardente, ou se apagar gradativamente aos poucos, o mais importante e verdadeiro, é se sentir bem.

Inserida por EUCLYDES-ZANON