Carta para a Pessoa Amada

Cerca de 10221 carta para a Pessoa Amada

⁠⁠⁠O "X" do Problema -

O "X" do problema é que
sempre nos oferecem (primeiro),
o "melhor" de cada um.

E quando começamos,
com o tempo,
a conhecer, verdadeiramente
a essência, já é tarde.

Está ali o sentimento
impregnado — roubando verdades, camuflando defeitos, nos ridicularizando.

E isto,
nesses casos,
é desmoralizante,
traumático, revoltante.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Salvar o Homem -

⁠Para manter-se,
literalmente, ainda vivo,
um poeta, um artista, precisa,
por muitas vezes,
ignorar sua arte.

Largar de mão da visão artística
na maneira como enxerga
as coisas — a vida — e encarar
coisas mais comuns (que, naturalmente, também fazem parte
do seu dia a dia),
de maneira mais crua, mais vazia,
mais real:

Uma conversa estúpida,
com pessoas
estúpidas;
Uma pia de pratos sujos;
Um bico para ganhar alguns
trocados ou um emprego
maçante;
A não compreensão, a não
valorização da sua
arte;
A rejeição, o vazio de algumas pessoas, de alguns sentimentos,
de alguns sonhos — da vida.

É nessa hora que ele precisa
entender que, às vezes,
é preciso matar o poeta, o artista
para salvar o homem.

Inserida por SilvioFagno

⁠Pequenino -

⁠Ninguém encara a solidão
de um chão de banheiro
sujo e frio, e finge
chorar.

Já interrompi um banho
porque havia um pequenino inseto
se afogando naquela água
de lágrimas e sabão.

Só queria que os meus problemas ficassem do tamanho que eles realmente são.
E não do tamanho que eu os transformo e eles transformam-me.

Inserida por SilvioFagno

⁠No Limite -

⁠É uma noite maldormida por anos;
Dias que não amanhecem ou
nunca acabam;
É um desânimo crônico
estendido;
Uma falta... excessos... solidão.

É um não trabalho;
um não relacionamento;
uma não realização — pequenas e repetidas rejeições diárias — invisíveis aos outros.
Invisíveis a todos
os outros.

São dias cheios de coisas vazias,
em que nada acontece
e,
aparentemente
são nesses dias em que
"nada acontece",
que pessoas esgotadas,
saturadas — no limite —
desistem de
tudo.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Mistura Ácida -

Agora são
exatamente 3h37 de uma
madrugada quente de
novembro.
E neste momento
tudo que preciso fazer
é dormir.
Apenas dormir.
Mas dormir é tudo que eu
não consigo fazer.

As notícias correm,
palavras vêm e vão de um lado
para o outro dentro da minha
cabeça que não sossega,
não se desliga.
Uma mistura ácida de lembranças presentes, desejos reprimidos e saudades incuráveis.

Que noite:
enquanto todas as outras pessoas, bem ou mal,
tocam suas vidas em
frente,
tudo que eu consigo fazer
é sentir-me completamente parado, travado, inútil — perdido.

Inserida por SilvioFagno

⁠Esta Página -

Quando um dia,
se um dia, tu chegares
até esta página e leres estas linhas,
saibas que eu terei te amado
a cada dia:
De sol ou de chuva ou naqueles em que há de tudo um pouco, e
nada de mais há.

Terei te amado a cada noite escura
ou de luar, e, quem sabe, nos
sonhos das madrugadas
mais solitárias.

Terei te amado sempre que tu sorriste ou choraste, ou não fizeste nem uma coisa nem outra.

Terei te amado a cada falta tua,
a cada lembrança tua, a cada
saudade da gente,
Pequena.

Sim,
eu terei te amado, inevitavelmente,
a cada segundo antes que tu
chegaste até aqui — nesta página,
com estas linhas, estes versos.

E,
talvez
continuarei a te amar
mesmo depois que tu enxugares
o rosto, fechares o livro e
esqueceres-me numa
noite de um sábado
qualquer da tua
vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Aos Meus Avós ‐

⁠De onde se é capaz de se imaginar,
eu sinto, como uma primeira
força, que eu nasci dos
meus avós.

Dali:
de onde eu alcanço
o sonho,
os primeiros choros,
os primeiros
passos.

Dali:
da casa cheia, maior,
de todos.
Dos grandes encontros,
das brincadeiras no balanço
da rede, do colchão no
meio da sala,
da sala, dos quartos cheios,
das risadas com os primos
e tias e tios.

Nasci do chão áspero (que
desgastava só os lados
dos pés),
das plantas e da caixa d'água
(fria), com pequenas pedras
e latas em cima e o que eu não
me lembro agora.
Dos quintais de objetos
e pinhas e mamão.
Das histórias
(depois, repetidas inúmeras
vezes),
do pequeno velho espelho amarelo
no lavabo de mãos ao lado do
velho quarto com objetos
e um forte cheiro
de sertão.

Nasci dali:
das conversas, das piadas,
dos longos cabelos, da
tagarela que não para
de falar.
Nasci de onde eu reconheço
(hoje),
o primeiro colo,
o afeto, a ternura, a doçura
nas palavras, nos gestos,
nos cuidados — a proteção.

Assim,
de onde se é capaz de amar incondicionalmente,
eu sinto como uma primeira
força maior que eu nasci
(e eu não sabia ontem),
do primeiro amor dos
meus avós.

Inserida por SilvioFagno

⁠Ela É beleza e exprime o olhar cerrado...
Medo - Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais ou imaginários.
Eu Sou e exprimo a existência...
Amor - sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente ligação afectiva.
Medo Amor?
"Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma"
- Fernando Pessoa

Inserida por cawednes

⁠De Coração -

Morrendo como todo
mundo,
sentindo como
poucos.

É assim, de coração:
sentir e ignorar os sentimentos
e desejos mais urgentes,
mais intensos, mais
sinceros,
enquanto aprende a suportar
o medo de perder o que
não é seu. — o que nunca
foi seu, nem nunca
será.

E taí um ato inútil de bravura
daqueles que não têm
mais escolha.

Inserida por SilvioFagno

⁠E chegou o dia que meu coraçãozinho temia, mas uma desculpa formulada para poder conversar com você!
Seu aniversario chegou, eu fique semanas ensaiando a mensagem que seria enviada para você, comprei um presente que demorei meses para escolher. O presente não deu muito certo de te entregar, eu não tive coragem de falar que comprei e você não teve a coragem de responder minha mensagem no whatsapp questionando o que eu queria conversar. Ah, confesso que foi algo bem constrangedor, como todos os pontos épicos desse termino.
Eu pensei em te encaminhar um texto descrevendo todas as suas qualidades, eu poderia fazer paginas falando sobre você.. Mas, eu percebi que estaria fazendo mais uma vez o papel da boa moça que sofre por algo que não é reciproco. No final eu apenas fiz uma breve mensagem com "feliz aniversario que todos os seus sonhos se realizem" e confesso que eu levantei um sorriso ao ver que você me agradeceu. Eu me seguro firme para não puxar um assunto que talvez não tenha continuidade. Eu preciso ser forte mesmo que essas situações me deixem fraca.
Do fundo do meu coração eu desejo que você apague as velinhas o quanto antes e que esse dia acabe para eu poder seguir com meus dias normais.

Inserida por thalyaapm

A Fórmula do Mal -

⁠Junte política e religião;
Acrescente consideráveis partes de egoísmo, insensibilidade, hipocrisia
e fanatismo;
Misture tudo ao discurso do "bem
moral" e "em nome de Deus",
e crie assim
as pessoas mais crueise perigosas
da históriada humanidade.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠O Passar do Tempo -

Até minha adolescência
(exceto para lembrar-me
as datas e horários dos meus programas de TV favoritos),
como um bom adolescente,
eu não sabia bem para quê
serviam relógios, despertadores
e calendários.
Pra mim,
eram desnecessários
e eu me sentia alheio
a tudo.

De uma maneira mais consciente,
não tinha a percepção do
passar do tempo.
Assim,
me sobrava tempo
para a liberdade
de não temer
as horas,
os dias,
os meses,
os anos.

Mas chega uma certa idade
que passamos a nos relacionar diretamente, de uma maneira
um pouco mais íntima,
com o Tempo.

Dormir, comer, passear,
trabalhar...
tudo passa a ser controlado, contado, cronometrado,
medido.
Passamos a ter que nos
moldar para que, de algum
modo,
caibamos naquele dia.
(Inevitavelmente sempre
há sobras).

Então
espalhamos relógios,
despertadores, calendários
por todos os cômodos, cantos
e caminhos.

Sentimos na pele e ossos
e mente o passar
dos anos.
Começamos a perceber
coisas que, antes,
pareciam não
existir.
E,
hora ou outra, esquecer
outras.

Às vezes
começa perto dos trinta;
às vezes aos trinta, perto
dos quarenta,
não sei.
Mas tenho a impressão
que mais na frente,
bem mais lá na frente,
ficaremos tão ligados,
tão íntimos do
Tempo,
que a vida não saberá
mais diferenciar-nos.

E
então,
é chegada a hora.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Ao Meu Último Romance -

Sabes
esse teu coraçãozinho apertado,
machucado,
cheio de traumas e receios?

Deixas que eu cuido dele!

Prometo que terás sempre
o melhor abraço
do mundo.
Tentarei de tudo para que
possamos rir juntos,
sempre.
E chorar (se tiveres que chorar).

Quando faltares forças,
eu serei tuas pernas
e olhos
e braços, e te guiarei.

Quando sentires medo,
te acompanharei segurando
tua mão.

Prometo
acolher-te na dor
e agasalhar-te no frio.

Prometo fazer-te poemas
e lembrar de ter paciência
naqueles dias.

Prometo escrever-te mais canções
e cantá-las sempre que quiseres
ouvir.

Prometo fidelidade aos teus olhos
e mãos e pele.

Prometo respeitar teu espaço,
teus limites,
tuas manias
e imperfeições.

Prometo alimentar teus sonhos,
tuas virtudes e teu sorriso.

Prometo atencão à tua saúde
(corporal e mental).

Prometo banhar teu corpo de carícias
e tua alma de poesia.

E só peço-te uma coisa:
Protejas meu coração!

Pois este,
antes,
foi quebrado e,
ao encontrar-te,
reconstruiu-se
(ainda que triste e fragmentado),
nobre, lírico e infinito,
e cada pedacinho agora
é teu.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠Viva Mais e Entenderá -

Já me fizeram chegar
ao ápice (e não é que tenha
sido ruim), mas segundos
depois,
eu queria, imediatamente
fugir dali,
pois me sentia totalmente
vazio e descartável.

E já encostaram (meio
que sem querer),
alguns dedos em minha
pele,
acompanhados de um,
desconcertante meio
sorriso sem
graça,
e eu me senti um Rei de
coroa e trono.

Eu sei,
isso acontecerá
para poucos.

Mas um dia, feito
um dia qualquer,
então você
saberá:

Não é com quantos. É com quem.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠⁠Na Mesma Moeda -

Às vezes,
diante de algumas situações
ruins,
precisamos nos colocar
à altura: cerrar os punhos,
fechar a cara,
endurecer o coração e estar
preparado para o que tiver
que ser.

O melhor caminho sempre será
o da paz e do amor.
Mas um coração — vivo —
ainda é alimentado
por sangue.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠O Senhor -

Certo dia,
enquanto eu estava no sofá
de casa,
com aquela velha angústia
das minhas manhãs,
vi pelo portão um senhor parado
na rua em frente.

Percebi que estava perdido,
pelos movimentos repetitivos
da cabeça — que ficava de um lado
para o outro, à procura de algo.

Logo
notei que era um senhor
conhecido,
inclusive por
mim,
que já o vira outras
tantas vezes
por aí,
e, assim como a maioria,
eu sabia que se tratava de
um pobre dependente
de álcool (ignorado como
tantos ignorados),
precisando de ajuda desde
sempre na vida.

Então
eu desci e fui até ele.
— O que deseja? — perguntei-lhe.
— Ir para minha casa. — respondeu-me.
— Onde o senhor mora? — questionei-lhe, mais uma vez.
E após ele dizer o nome do bairro,
eu o instrui para que,
dessa vez,
pudesse pegar o caminho
correto até sua casa.

Chamei-lhe e disse:
Olha,
o senhor vai direto,
e na primeira esquina
vira à esquerda até
chegar à avenida
principal — apontando-lhe
o sentido com um dos braços.
Ele,
que havia perdido um dos
pés das sandálias,
assim o fez.

E enquanto ele seguia,
meio cambaleando,
lentamente seu
destino,
eu voltei para minha
casa, para minha vida,
minhas angústias
diárias.

Minutos depois,
outra vez sentado no
sofá da sala,
agora com uma xícara
de café na mão,
para minha surpresa
(como num déjà vu),
me aparece o mesmo senhor,
no mesmo local, fazendo os
mesmos gestos.

Por um instante,
pensei em descer e, outra vez
ajudá-lo.
Mas percebi que,
independentemente do
quanto demorara,
ele já havia entendido a vida
e seus labirintos íngremes e esburacados — mais cedo
ou mais tarde, no seu tempo,
tomaria o caminho de volta
até sua casa — como o
fizera tanta e tantas
vezes.

Eu é que nada sabia
da vida,
além da porta
de casa,
e era, de fato, quem
mais estava
perdido.

Inserida por SilvioFagno

⁠Encontros Trágicos -

⁠Se a vida fosse, de fato,
boa,
não permitiria tantos
encontros trágicos.

A maioria das pessoas,
simplesmente
não liga.
Uma pequena parte
tem sorte.
O resto
vive à beira deum precipício.

Assim,
a vida acontece,
e se, de fato,
ela fosse boa,
não permitiria tantos
encontros trágicos.

Inserida por SilvioFagno

Infinito Distante -

⁠Somente a morte é algo
inteiro,
e ainda assim,
com uma parcela do
infinito distante,
imaginada, desconhecida.

Viver é despedaçar-se (diariamente),
em fragmentosde verdades, mentiras e ilusões,
a fim de adiar o
inevitável e profundo
sono eterno.

Sonhar, então,
é manter-se ainda acordado.

Inserida por SilvioFagno

Insistências -

⁠Há,
em mim,
um enorme
cansaço feito
deinsistências.

Há um acúmulo de
frustrações e derrotas
em forma de
rejeição.

Assim,
é preciso parar,
respirar... enxergar-me,
cuidar-me.

Dar chance para que
algo diferente,
de alguma forma,
possa acontecer: nascer
ou morrer.

Inserida por SilvioFagno

⁠Será Para Sempre -

O Tempo,
inevitavelmente
continuará a passar.

As pessoas tomarão
seus rumos,
cada uma à sua
maneira,
cada uma banhada
sob as consequências
de suas escolhas,
de seus atos.

Conhecerão novas pessoas,
criarão novos vínculos,
atarão novos laços
e,
de todos os amores que
ficaram por acontecer,
digo,
de todos os amores
suspensos no
tempo — com todas as
quase glórias
e as quase tragédias,
e todo o desconhecido
dos quase — um deles
será mais lembrado.

Mesmo se já houver um
outro;
mesmo que não haja mais
o mesmo fogo, o mesmo
desejo, os mesmos
motivos,
ele será lembrado.

Hora ou outra,
sem a mesma intensidade
será lembrado.
Sem a mesma urgência
de outrora
será lembrado,
sem nunca, de fato,
ter sido.

E porque nunca será,
será para sempre.

Inserida por SilvioFagno