Carta para a Pessoa Amada
Pela influência imponente de uma imagem estática de cores sóbrias e formas esplêndidas, minha imaginação poética começa a atuar prontamente, passeando por um cenário frio, muito detalhado, de nuvens numerosas no céu, águas numa grande quietude, algumas árvores desfolhadas e uma beldade aparentando estar solitária, mas penso que na verdade, ela está sozinha de propósito para dizer sem palavras que gostaria de estar acompanhada de alguém específico, aquele que conversa intensamente com a sua alma.
Neste lugar tranquilo de um dia nublado, é possível observar apenas uma parte da luz do Sol como se ele estivesse mais seletivo, ciente de que o seu valor é inestimável, então, esteja numa fase que não pretende compartilhar com todos a essencialidade do seu forte esplendor, o qual é apreciado por poucos, principalmente, no seu ápice, um calor notável à semelhança de um amor grandioso, um coração bastante emotivo , porém, sensato, talvez, cansado de ser mal compreendido.
A quietação da qual as águas de lá desfrutam é muito rara, uma menção a um semblante de quem está em paz por ter encontrado algum ponto de quilíbrio, a conquista árdua por terem enfrentado as pedras desagradáveis que foram surgindo, numa demonstração de resiliência, abraçando a valorosa solitude, sem pressa, deixando a vida fluir no seu fluxo contínuo, agindo na hora certa, paciência e atitudes coordenadas, conduta instável, momentânea, entretanto, altamente, necessária, uma bênção tamanha por uma compreensão equilibrada.
É de conhecimento de muitos que uma escolha exige uma renúncia semelhante quando uma pessoa precisa escolher onde e com quem quer estar e daquilo que deve ficar longe, portanto, quanto a ausência de folhas em cada árvore, quiçá seja o fruto de suas escolhas, daquelas que são inevitáveis, por conseguinte, abriram mão de algo que não tem mais a relevância de outrora para que pudessem alcançar a maturidade, considerando que a firmeza delas foi mantida, não perderam suas raízes, continuam admiráveis, naturalmente, vívidas.
Ao meu ver, estes elementos são as representações em alguns aspectos da protagonista desta cena registrada, que está radiante, discreta, olhando tranquilamente, sem a pretensão de ser notada por todo mundo, todavia, aparenta estar olhando e sendo olhada de volta numa troca profunda de olhares incomparável, proveniente de uma reciprocidade genuína, veemente, uma escolha bem feita, que a faz sentir-se segura, alegre, num tom de força e formosura, amando fortemente, postura incessante ou pelo menos, espera profusamente que seja desta maneira tão significante.
Rafaela você e uma garota linda,perfeita e o teu sorriso esse sorriso que roubo o meu coração o teu olhar que roubou a minha atenção você a e garota dos meu sonho eu
não estou mentindo toda vez que vou dormir penso em você para acordar feliz,alegre toda vez que olho para você meu coração bate mais forte e rápido. Não existe palavra
que possa descrever o que sinto por você.Ainda que eu soubesse todas as palavras que significam amor, faltaria muito para dizer o que sinto por você!Mesmo que
o mundo inteiro fique contra você eu estarei ao seu lado,lutarei com toda a minha força mesmo que eu caia levantarei para protegê-la para proteger os meu sentimentos
por você Rafaela.Você pode ignorar tudo que digo mas não pode mudar os meu sentimentos por você tudo o que sinto e por você. Tem uma coisa que me incomoda e não estar ao
seu lado.Fico triste só de pensar que não tenho você para sorrir para mim a sua voz que me deixa calmo mesmo que eu só possa ouvir por 10 segundos eu só quero você e
nada mas neste mundo apenas você Rafaela,Se você souber quem sou eu venha a te mim e me abrace com toda a sua força!<3<3<3
O CARENTE
Vim contar a história do "O carente"
Como o próprio nome já diz
Ele é carente, carente de amor
Ele não recebeu esse amor
De seus familiares
Mãe, pai, vó, vô, irmãos
Por causa dessa falta desse amor
Ele faz de tudo para chamar
A atenção de todos
Ele cria um personagem que
Chama atenção, chega até
A ser humilhar para chamar a atenção
Pensando que a atenção
Substitui o amor, que não recebeu
Mas... Ele sofre! Sofre muito!
Pensa que a felicidade está
Na outra pessoa, não em si mesmo!
Agrada extremamente as pessoas.
Deixa de ser ele mesmo, para agradar
As pessoas
Isso é muito triste!
Não é só "O carente" que sofre!
Várias pessoas sofrem também!
Lógico, que tem tempos que somos
Carentes! Todos somos!
Mas "o carente" ele é assim
O tempo inteiro! A vida toda!
Quando chega ao ponto de se
Humilhar! Já é grave, por mais que
A pessoa não ache!
Mas...tem tratamento!
"O carente", tem que começar a gostar de si mesmo, não agradar tanto as pessoas,
Comece a gostar de sua companhia!
Tudo isso é feito pela força de vontade
Quando "o carente" desistir de tudo!
Vem um brilho de força, de vontade para erguer-se a luta!
Assim "O carente", não deixa
De ser extremamente carente
Para ti honesto insosso de verdade!…
Citando erradamente, o Poeta Fernando Pessoa;
Disse: “pedir desculpa é pior que não ter razão”;
Deturpando, a humildade havida em na da Pessoa, boa;
Demonstrando: a burrice que em tal tem, ao ser mamão!
“Não dar desculpas, é melhor que ter razão”, adulteradas;
Citações do poeta, em Álvaro Campos, heterónimo;
Que em nada mais tais são, que as desse esperto: um simples antónimo;
Que em nada mais tais são que: humildades tão desencontradas.
Quem citar a um poeta, sem ter humildade, em si havida;
Arrisca-se a mostrar a toda a gente, que a tal não tem;
Devido a em poesia, o interior dar pra se ver bem;
Daí tão dar pra se ver, a quem tal tem, a em si perdida.
Cuida-te ó pobre insosso, ou tão salgado, em teu mau ser;
Com o que andaste a fazer, a tanta gente inocente;
Devido à linda humildade em ti se encontrar tão ausente;
Devido a pensares que de cá, jamais irás morrer!
Porque esse: pensar que anda a enganar-te;
Como tu, tão o fizeste a tanta gente;
Jamais poder, vai a ti desculpar-te;
Devido ao desculpar em ti ausente!
Tens andado a dar as do Poeta, mas sem razão teres;
Contrariando com as tais, seus pertinentes dizeres;
Por isso, pobre insosso, é por em humildade o seres;
Que a ti, tão te salgaste, com a mentira em teus fazeres.
Acredita também, que ninguém quer: um teu desculpar;
Pois como em tal citaste, não és capaz de a alguém tal dar;
Devido a tão insossa, a verdade em ti, já tão se encontrar;
Por nada mais seres que: um da mentira, tão pobre mar.
Por isso, ó pobre ser, sem humildade pra pedires;
Desculpa a quem quer seja, sempre que a culpa em ti tão vês;
Paga, mas é a quem deves, pela tua malvadez;
Paga, mas é a quem deves, pois já chega de mentires.
Com pena de ti;
Coisas Que Me Interessam -
Faça o que quiser,
como quiser.
Afinal,
ninguém tem
nada a ver.
Mas saiba que, pelo menos
pra mim,
na hora de analisar
uma pessoa,
entre tantas coisas que
me interessam,
eu costumo olhar atentamente
caráter -pois todo o resto
é sempreconsequência
desse.
Certamente Pensam -
"Que cara mais chato,pessimista, resmungão..."
certamente pensam.
A verdade é que eu também
gostaria de poder escrever
aqui
algo belo sobre respeito,
sobre reciprocidade,
sobre admiração...
algo feliz sobre o amor.
Mas acontece queeunão
sou um exemplopositivo
de alguém queconheceu
o amorenquanto
era-o.
Já Era Tarde -
Apesar de escrever, naturalmente, desde sempre,
gostaria de ter me descoberto
poeta mais cedo:
talvez,
no início da adolescência.
Quem sabe assim teria
escrito coisas mais
leves,
mais lúdicas, mais
positivas.
Quando me descobri
poeta já era
tarde:
O amor havia perdido
a cor, o gosto,
o cheiro.
Minha escrita já estava revidando pancadas,
golpes violentos, covardemente
praticados.
Já andava meio amarga,
nostálgica e quase
sem esperança.
Hoje, inevitavelmente,
aceiteia condição:
Não há cura para quem
nasceu poeta.
Não há nada pior
do que a fofoca
pessoas falando sem saber
o que na mente se entoca
Falam porque ouviram falar
algo que nem conferem
e começam a esparramar
boatos que a outros ferem
Cada um aumenta um ponto
e a história se propaga
de um jeito até maroto
cresce como se fosse praga
Fujam dessas pessoas
que parecem maritacas
nada tem de boas
só línguas afiadas como facas
MEU POEMA PNL DANÇANDO A DANÇA DA SUA DA MINHA VIDA!
PNL e dança para mim tem o mesmo sentido, o mesmo ritmo as mesmas figuras coreográficas desta emoção dança vida o mesmo sabor o mesmo cheiro dos meus Eus, e dos Seu em Ação.
Quando eu choro por qualquer causa eu danço a dança da desilusão, da tristeza, da auto piedade, da baixaauestima, da desvalorização de mim, meu corpo se encolhe, minha mente fica obscurecida, minhas danças ações ficam pesadas nada dá certo, chego sempre atrasada no trabalho, porque durmo cansada e acordo cansada e mal humorada porque sei que vou encontrar com a minha a chefia que é péssima, tenho uma colega invejosa uma outra é fofoqueira, e a outra puxa saco da chefia só trabalho porque preciso do dinheiro, e por falar em dinheiro o meu, não rende nada! reclamando de tudo, tudo fica tolhido se fico neste estado por muito tempo, refazendo e revivendo o caminho da tristeza enquanto mais, eu penso nisso mais intensa fica esta emoção que dança e dança no corpo na minha mente e nos meus neurotransmissores. E por falar em neurotransmissores, são eles que transmite para o meu subconsciente tudo que penso coreografia a minha dança vida futura é, PNL é, a minha linguagem da dança vida! Então, passo dançar em muitos momentos dando mais força a este sentimento olho e vejo no meu semelhante o meu próprio espelho, da derrota da tristeza do desequilíbrio e de todas as minhas danças emoções, olha para pessoa do meu lado e digo não gosto do jeito daquela pessoa ali! Do que ela fala, do jeito que ela anda, do jeito que ela se comporta, e você? A outra diz taí, eu gosto do jeito dela! No olhar da dança neural PNL as duas pessoas estão com a razão porque, toda dança da vida está certa, está tudo bem, não tem certo nem errado, só é assim! Em contra partida quando eu danço a dança da resiliência, e percebo ainda não deu certo desta vez é porque preciso melhora ou criar um novo passo quem sabe uma nova forma de dançar, e aí quando entendo isso eu dança a dança do meu amor por mim, e consigo olhar a dança do amor arte do meu semelhante com a mesma beleza no olhar, com encantamento e respeito a sua linguagem dança, é neste momento que os meus neurotransmissores leva para o meu subconsciente a dança vida coreografada com cor, ritmo, cheiro, sabor e leveza, então o meu corpo dança na maioria das vezes a dança da minha autoestima, da minha valorização, a dança o do meu reconhecimento do meu saber quem sou eu? porque estou aqui? qual é o meu legado? Como quero ser lembrado?
Eu Zenilda Maria da Conceição, sou grata e rendo Gratidão a todos 12/01/2023
O Colecionador de Quases —
Há,
pelo menos, uma década,
sou movido por súbitas
e aterrorizantes
emoções. — pontudas velhas conhecidas.
Olho tudo e todos, e todos me parecem tudo, e eu: um quase. — um quase o quê?
Nem isso nem aquilo nem nada. — quase alguma coisa qualquer, apenas com começo, ainda sem registro: acontecendo por acontecer.
O que todos eles veem que eu não vejo?
É tudo um jogo?
Eu não quero jogar!
Eu não sou um nem outro nem nada.
Sou sempre um quase.
Estou, quase sempre, por um
quase... o quê? isto! — qualquer coisa —
mas nem nada sou.
E só. — sozinho comigo (embora
tenha um tanto, um bocado).
Fui até o balcão dos sonhos e pedi um.
Deram-me um sonho, mas era dia,
e eu não tinha sono.
E quando era noite, e eu só
tinha sono e sonhava, matava-o ao acordar: era, de novo, o quase.
E como era sempre mais confortável
(ainda quando pesadelo),
o sonho da noite da hora
que se dorme no sono
da infância, eu sonhava
infantilmente infinito.
O sonho do dia (acordado),
é adulto, é real, desestimulante:
come, bebe, fica doente, sangra, presencia violência, catástrofes, covardia. — é a realidade!
E ela é cruel, é na carne, machuca.
Eu não sei sonha-lá sem que me precipite no vazio, no desânimo.
O realizar-se, o realizar-se me
consome, esgota-me.
Deixe-me com o sonho do sono da noite da minha infância (ainda que perdida).
Deixe-me dormir nela e continuar a sonha-lá e (quase), sê-la, para continuar
quase sendo ou sendo quase...
sei lá o quê — alguma coisa.
É esse medo. Sim, é esse medo.
É esse maldito medo do que o Tempo faz com a gente quando não nos distraímos o suficiente.
Despertos, Ele nos dá a realidade.
Sim, a realidade. Somente a realidade.
Meu Deus!
"Ontem, aqui em casa, pousou uma esperança", mas o gato — faminto — a comeu.
Entre o tudo e o nada,
eu sou só um colecionador
de quases.
Pessoa Especial
A paz que eu sempre procurei
Foi em você que eu encontrei
Alguém que jamais esquecerei
Pois foi a pessoa que eu mais me importei
As vezes você distante
Não muito falante
Sempre me lembrarei
De tudo aquilo que eu conversei
Pois sempre me fez me sentir especial
Aonde sua ausência dói fora do normal
As vezes uma dor aperta no peito
E lágrimas ecoam direto
Pois eu sinto saudade
De forma sincera e de verdade
Mas sei que você sempre se esforça
E logo retorna
Fico aqui sempre a esperar
A hora que minha amiga possa voltar
E se um dia de vez se afastar
E não mais voltar
Ainda peço a Deus a te guiar
E quem sabe um dia você volte a me procurar
Pois eu sempre irei te amar
Não importa o que o tempo revelar
Tem uma grande diferença entre a pessoa que você conhece quando está no seu melhor momento, e aquela que está ao seu lado quando você não tem nada e nem esperança.
A diferença é que quando chega a tempestade, apenas quem viu o pior de você e mesmo assim permaneceu estará ao seu lado, enquanto as outras abandonam o barco na primeira chuvinha de verão.
Mas ele não estava pronto para essa conversa...
Uma Breve História Sobre Ana –
Naquela manhã chuvosa e fria, de uma quarta-feira de novembro, Ana, para não se atrasar, decidiu sair um pouco mais cedo, devido às condições meteorológicas.
Assim, precisou cumprir suas tarefas em menos tempo que o habitual.
Então, enquanto caminhava até o ponto de ônibus mais próximo, que ficava a cerca de duzentos metros de sua casa, percebeu, já próximo ao local, que havia esquecido a trava de segurança do botijão de gás aberta.
Meticulosa, às pressas, precisou voltar até sua casa para arrumar o descuido.
Ao chegar em frente à porta, enquanto enfiava a mão esquerda na bolsa à procura das chaves, ouviu, ao fundo, alguém chamando-a pelo nome.
— Dona Ana, bom dia!
Demorei um pouco, por conta desse mau tempo, mas cheguei para consertar aquele vazamento no banheiro.
— Bom dia!
Mas eu solicitei o trabalho de vocês há três dias, meu Senhor.
E alguém havia me dito que viriam naquele mesmo dia que, por sinal, foi este domingo agora e, portanto, eu estava o dia inteiro em casa.
Mas agora?!
Eu estou de saída, preciso trabalhar.
— Mas a gente avisou segunda-feira à tarde pelo número que a senhora entrou em contato,
que viríamos hoje, neste horário.
— Nossa!
Foi o número do meu filho e, provavelmente, ele esqueceu de avisar-me ou não viu a mensagem.
Bom, mas acontece que, neste momento, eu não posso estar em casa, estou indo trabalhar.
— Mas, senhora, como eu vou voltar metade da cidade sem ter feito meu
trabalho? — eu perderei meu dia.
— Então, o senhor quer que eu perca meu dia de trabalho para não perder o seu, é isso?
Desculpa, mas eu não posso sair para trabalhar e deixar uma pessoa que eu não conheço na minha casa.
E já estou me atrasando.
Mais dez minutos e eu perderei o ônibus que me levará a tempo até meu trabalho.
Sem esse, terei de pegar um outro que me atrasará, pelo menos, trinta minutos.
— Entendo, dona Ana.
Mas eu estou há menos de quinze dias nesse emprego, e se eu voltar sem ter feito o serviço, serei, certamente, despedido ao final do mês ou antes mesmo. E eu não posso ficar, outra vez, desempregado.
Pois moro de aluguel e tenho uma esposa e três filhos para sustentar, Senhora.
— Quanto tempo o senhor acha que levará para terminar o serviço?
— Bom, pelo o que a senhora nos passou, acho que não mais que quarenta minutos.
— Quarenta minutos é muito, meu senhor!
E olha lá meu ônibus indo... droga!
Pronto, agora o outro passa em dez minutos e eu não posso perder esse.
— A senhora não tem uma pessoa: um vizinho, um conhecido que possa ficar aqui enquanto eu faço o serviço?
— Neste horário não, meu senhor. — todos estão trabalhando.
Eu moro com meu filho, mas, neste momento, ele está viajando.
Olha, desculpa, meu senhor, se eu esperar mais, perderei o segundo ônibus que passa em menos de dez minutos.
E o terceiro só em quarenta e cinco minutos.
E como sei que o seu local de trabalho fica de um lado da cidade e o meu do outro, o senhor não poderá me dar uma carona.
Portanto, eu preciso ir.
Sinto muito!
Enquanto ela abria a porta e entrava em casa para baixar a trava do botijão e voltar, o quanto antes, até o ponto de ônibus para tentar alcançar o segundo, foi até a janela da sala para fechar as cortinas, quando avistou o senhor em passos lentos, desolado, voltando até seu veículo de trabalho.
E enquanto pensava em si mesma e seu filho, lembrava do conforto que, de certa forma, ainda tinha, mas que parecia faltar àquele homem e sua família.
Então, aos gritos, chamou-o, pedindo que fizesse o seu trabalho, enquanto servia-lhe uma xícara de café com torradas.
Enquanto ela sentava no sofá da sala e pegava seu celular para comunicar ao chefe sua ausência naquele dia, o telejornal local noticiava que, devido às fortes chuvas daquela madrugada, o congestionamento na via que dava acesso ao seu local de trabalho, ultrapassava os setenta quilômetros de lentidão.
E, assim, ela pôde entender que realmente havia feito a escolha certa.
Então, descansou os pés sobre uma almofada cinza, e a mente e o coração em um livro de poesia, ouvindo ao fundo, entre uma martelada e outra, Seu Régis assobiar sua canção favorita.
A Pedrada e o Silêncio —
Foi um dos golpes mais
duros que eu
já recebi:
Ouvi tudo que sempre
quis ouvir e, feliz,
extremamente
feliz,
virei-me para
continuar a andar,
mas, passos
depois,
a pedrada e o silêncio.
(Alguém tocou a vida
normalmente depois
disso:
E não fui eu).
Abreviada —
Certo dia,
numa conversa com
uma adolescente de 16 anos,
(através de uma rede
social),
eu fiz-lhe duas perguntas em
que as respostas, de um
ponto natural,
eram as mais simples:
sim ou não.
Mas ela conseguiu "simplificar"
ainda mais:
A primeira respondeu-me
com um "Nn".
E para a segunda ela usou
um "Ss".
Ainda um pouco confuso,
pensativo,
eu deduzi que esses
"sinais",
seriam abreviações do
sim e do não,
e então questionei-me:
O que será desta e das
próximas gerações?
(Ora, a grande maioria das pessoas
já não é lá grande coisa,
imagina só abreviada).
Um Grande Inferno —
Aquela situação (o sentimento — de anos — não correspondido, a saudade, o ciúme), tudo aquilo me consumia de uma maneira assustadora, e eu não podia controlá-la, não encontrava uma saída.
Eles eram jovens e saudáveis — embora
idiotas — e faziam parte da geração dela.
Eu não poderia nunca vencê-los fazendo o mesmo que eles.
Eu só poderia vencê-los, de alguma maneira, fazendo, naturalmente, diferente. — sendo o diferencial na vida dela.
Assim, quando ela lembrasse de um deles, lembraria de todos eles ao mesmo tempo.
Mas quando, por ventura, lembrasse-se de mim, então lembraria somente de mim.
Naquela noite eu fui dormir sabendo que ela estava com outro, fazendo tudo que se pode fazer com um outro e, aquela noite, como tantas outras, foi uma noite longa, terrivelmente longa e dolorosa,
e meu sentimento — nobre — que, por grandeza, deveria ter morrido ao amanhecer, acordou comigo, levantou-se comigo, (droga!), vive vivo comigo,
e isso é um grande inferno,
meu Deus!
Objeto Pontiagudo —
Um jogo de futebol na TV
quase sempre me salva.
Uma bebida, uma conversa com um amigo,
a leitura de um poema me salvam.
Um cochilo de quinze minutos à tarde;
uma corrida de meia hora; um dia frio de chuva, todas essas coisas,
momentaneamente
me salvam.
Me salvam durante o tempo em que
estou ali concentrado, distraído.
A realidade crua da vida me cai como
um objeto pontiagudo sobre a pele nua,
por dentro: na alma. — e isso dói tanto.
A Receita —
Eu poderia dar a receita àqueles
que querem destruir-me.
É tudo muito simples,
fácil.
Há, porém, um detalhe:
A grande crueldade é que,
ironicamente, não
funciona para
o inimigo.
Somente os que têm meus
mais sinceros sentimentos
conseguem destruir-me
facilmente.
Os inimigos ainda correm
algum risco.
Final de Ano —
Fiquemos atentos, tomemos
cuidados.
Não sei o quanto há de superstição;
O quanto há de medo, de verdade,
de maldição.
Mas sei que há a caminho um fim
que se aproxima. — o fim de um
ciclo — onde um Deus vai precisar
prestar contas.
Fiquemos atentos, tomemos
cuidados.
Sorte!
Paralisia
Tudo está calmo
Nada se move
Só a brisa desliza
Sobre a água espelhada
Tudo está calmo
E o sentimento
É de que num instante
A bela rima virá
E sobrevoará o caos
Que desanima a existência
Tudo está calmo
Sim, senhor
Nem mesmo o amor ao próximo
Se movimenta.
Avanildo Moreira