Carne
SOU DO NORDESTE!
Aqui tem pano de chita
carne de charque e farinha
um povo que dá guarita
e não gosta de picuinha
fui lá no Sul de visita
vi uma terra bonita
mas eu não troco na minha.
Seres superiores?! Somos apenas uma massa de carne e ossos dirigida por um computador primario chamado cérebro, que navega imprudentemente pela Internet da vida sem que no decorrer do exíguo tempo de funcionamento seja feito uma limpeza de disco, um escaneamento com antivírus, atualizações, resultando em contaminação por dogmas e crendices, invasão por terceiros, domínio pelos hackers da Sociedade e desempenho progressivamente mais lento, até a falência final.
“Não há poesia mais bela
Que um corpo nu em carne viva
Sangrando lágrima de desejo
Ante o reflexo do próprio espelho.”
Prazer e dor
venha, possua-me a carne,
infecte-me a alma...
sangra-me...
destrua-me,morda-me...
lamba-me,delicie-se...
sangue na minha boca...
desejo na minha carne...
eu só quero você...
faça-me gritar...
faça-me gemer...
sangue na minha boca...
desejo na minha carne...
grite comigo...
bata-me...
e me dê prazer e dor...
"Não sou a carne, não sou o arroz...
Também não sou a massa...
Não sou o prato principal.
Porém estou presente em todos eles, realçando o seu sabor.
Eu sou o sal.
Se a minha vida fosse alguém de carne e osso, eu iria puxá-la pelo braço e ia logo querendo saber:
"Senta aqui, sua cachorra, que eu quero que me explique porque tu é tão sem-vergonha!"
A faca perfura, transpassa a carne
como um espelho refletindo
o interior do corpo
O avesso das palavras
e a contramão das decisões
fez em mim o desespero, seu habitat
Os erros do passado
e as lembranças do cárcere
transitavam em minha mente
sem remorso aparente
tento disfarçar a lágrima
que insiste em cair
Ajoelho no chão em prece
tendo ao meu lado seu corpo amado
Cai a faca emitindo um som
inesquecível, frio, agudo e breve
Abreviei uma vida !
grito de desespero e de remorso,
e o seu gemido de dor
para sempre ficará gravado
Sacrificio
Tenho febre, por isso
escrevo.
A carne
pelos verbos rasgada
me prova
que escrever não é apenas
um exercicio.
É um prender-se às palavras
em sacrificio.
Eu sangro sim!
Sou feito de carne também, meu irmão.
Mas mesmo com o corpo e a alma marcados por dores.
Sigo meu caminho sem temer o meu destino.
Espírito, até quando tu vás segredar,
Toldando minha carne,
Abrindo-me os ventrículos,
Fazendo-me feitos de sua arte.
Preceptor, faça-me novo,
Apagando a vela da dor,
Já não sou mais Lázaro,
Lambendo feridas do passado.
Renova-me, inabalável,
Ósmio do acaso dos seus braços,
Modelando em teus dedos,
Meus pensamentos e meus feitos.
Acolhe a súplica,
Como visto-me de ti,
Tendo alma desnuda.
Rodrigo S Rosa
coma me...
sinta minha carne,
ela queima de desejo por você,
sinta meus lábios sangrarem
pois tudo tenho é seu coração...
tudo perdeu o sentido
venha me devora em teus prazeres
mais profanos... pode gritar até o amanhecer.