Webert Gomes
Vontade de morrer de tanto viver. Sobressalto-me assim e respiro o ar da vida que por mim adensa os pulmões. Quem sou depois disso?
Eu choro. Choro antes por dentro. As inundações submergem meus órgãos, sobem à superficie e sinto o transbordar de mim.
Tenho me resguardado de mim mesmo. Minha mente astuta não se casa com o coração. E o coração o tempo todo só pedindo perdão
Sou-me ao passo que consigo ser também a quem o outro me é. Afora isso, sou o mesmo, mas um ser em solidão.
O meu comum se torna estranho para o mundo ao passo que o deixo falar. Mas prefiro meu silêncio: ele confessa tudo.
Dois solitários em companhia não estão juntos. Só experimentam da solidão um do outro sem se separarem.
Não sei mais conviver com o resto dos bichos. Eles me ameaçam por ignorância e eu os ameaço pelo mesmo motivo.
Eu tenho razão! - dizendo isso, trapaceou-se com a própria concepção de que se ter razão é o caminho final do saber.
O amor pode ser comparado a uma singela fruta, que nasce apenas na árvore cuja estrutura é capaz de gerá-la.
Palavrões não são necessariamente ruins. São apenas palavras. Mais uma entre tantas que temos a nosso favor para declararmo-nos. Uma declaração por vezes menos falsa, porque diz o que há em oculto no coração. Então, quando eu disser um palavrão, não torna-me-ei menos gente. Tornar-me-ei, porém, mais humano, expressando o que vem da alma com palavras do coração. A diferença é que não tem tanta razão. Há, em contraste e em grande dose, emoção. Palavrinhas, em contrapartida, não passam às vezes de subterfúgios de diálogos.
O contexto de vida contrói nossos conceitos. Eu tenho um, você tem outro. No fim, somos iguais de maneiras diferentes.
Pelo aporte do que já escrevi, mais esperam que eu escreva algo maior. Eu que nunca esrevi algo de tão pequeno senão palavras.