Warley Tomáz
De pé, encalço, segue o trilho
que à estação deve chegar.
Alegrava a meninice
olhar o trem que vem passar.
Aquele trem que era vida
foi-se embora, existe não.
A estação, desamparada,
de tão vazia é solidão.
E nos trilhos pedregosos
só resta agora
emoção.
Na tua bandeira, liberdade
do teu povo, a empatia.
Pois das Minas que me habitam
verte o rio que me guia.
Metropolita ou interiorano,
importa não, aqui, espia:
seja matuto ou da cidade,
mineiridade a gente cria.
Quem, um dia, observou o meu olhar sobre o horizonte saberá:
as minhas saudades não têm calmaria
estão sempre em devir
E dói
tanto que não caibo em casa,
fico acostado no limiar da porta
desejando algo mais.
Esta estranha maneira de amar,
em poesia e só.
Amores tolhidos, mas requeridos pela carne.
Quero crer que te amei sem nada possuir
Não saberás quem sou.
Sequer te reconhecerá nestes versos
tão avessa a minha pulsão.
que o sol a pino seja testemunha:
meu olhar acanhado te toca, suave
imperceptível, como uma partícula de luz sobre a tua pele.
Era volúvel.
O bastante para assistir prostitutas
Sem tocá-las
E emendar-se até a próxima ereção.
Buscava um amor oblativo que não conquistara, mas pretendia.
E vagava.
Desencontrado que estava em seu caminho interior.
Perdido nos enquadramentos que lhe comprimiam o peito
Amava sempre, perdidamente, até o raiar do sol.
As igrejas estão vazias,
Talvez já estivessem antes de caírem as máscaras
Da nossa essencialidade.
Tão vazias quanto o caminho esquecido do seguimento,
Preterido às promessas certeiras
De santos sem biografia
Ou de clérigos iluminados - pela tela.
Ignora-se o Cristo, novamente desprezado
Pois, dizemos missa. Outros, assistem-na.
E nada mais acontece.
O monopólio, entretanto, ainda é igual
Há dois séculos atrás.
O Pão fracionado não nos arde o coração,
Este sim, vazio há tanto tempo
Que nem sei...
Kyrie eleison.