Wanderley Donaire Maganha
Aí você vai buscar sua filha no metrô e do nada você percebe que virou o tiozinho tatuado que ouve rock pauleira no último volume.
Envelheci mas continuo a margem da sociedade.
Sempre marginal.
O copo vazio de cerveja e o cinzeiro com cinzas não fazem jus a uma cabeça cheia de pensamentos e devaneios.
Diferente...
Estranho....
Esquisito...
Louco!
Adjetivos que me perseguiram a vida toda, vindo na maioria das vezes de familiares e amigos.
Diferente é desigual, ou seja não sou igual ao que a sociedade espera.
Estranho é extraordinário, ou seja não sou qualquer um.
Esquisito é fora do comum, não pertenço aos padrões sociais impostos por pessoas comuns e simplórias.
Louco?
Mas afinal quem define a loucura ou a lucidez?
Quem dita as regras?
A maioria?
Maioria de que? De pessoas comuns e incapazes de sentir plenamente o mundo ao seu redor?
Sim, assumo minha loucura, ela vem acompanhada da minha felicidade.
A solidão é realmente perturbadora. As vezes objeto de desejo e necessidade, alento para a alma...
As vezes droga viciante e desnecessária, onde vagam pensamentos estranhos e obscuros!
Amada e temida simultaneamente!
Cria raízes na nossa alma e deixa sua sombra eterna em nossa mente.
A única a verdadeira companhia eterna, para todo o sempre...
Linhas Sobre o Café...
Dos frutos mortos e queimados, em alquímica mistura surge o líquido sagrado que aquece e enche de vida nossos corpos cansados!
Partiu...
Simplesmente partiu!
Ficou apenas a sombra, do que um dia foi.
Partiu...
Simplesmente partiu!
E nunca mais voltou.
Na escuridão da noite, tendo apenas meus pensamentos como companhia a solidão desejada e temida se aproxima furtivamente e arranha a superfície da minha sanidade deixando sua semente sombria.
Sou um reflexo das músicas que ouço?
Ou as músicas que ouço são meu reflexo?
Ou somos eu e a música apenas fragmentos...
Fragmentos que se atraem aleatoriamente?
Será?