Walace Miguel
Num é porque é negro que é bandido...
Num é porque é pobre que é desonesto...
Não é porque é rico que é esnobe...
O mundo precisa de atos sinceros e visões além do alcance, não de opiniões que desmoralizam seres humanos que buscam sua felicidade de maneira comum...
A vida segue...
O fim das coisas é o reinício do desejo mais ímpeto do ser humano.
Somos livres num lugar onde nos privam de fazer as coisas mais incríveis que o tempo quer que façamos.
Talvez em outras dimensões, existam verdades, diferentes das nossas fantasias anuais que distorcem a felicidade durante alguns dias e sufoca a solidão num grau infinito, formando oceanos de angustia numa terra desabitada por areia, vento e sol.
Posso ver além. Meus olhos vêem, meu coração vê, meu universo é inverso. Meu ponto de início é a fixação extrema de perceber que o que começa termina. E nada é pra sempre como dizem. Quando dormimos a vida termina. Quando acordamos, o que começa é o incompleto buscando seu encaixe perfeito, feito nuvens que formam desenhos completando o céu numa aquarela chamada vida.
Eu digo sem dizer, e ouço sem nem ao menos escutar.
Caminho sem pegadas.
Sorrio sem felicidade.
Sou incompleto, buscando o que me completa.
A vida é uma rua única, que te leva a qualquer esquina, a qualquer via, a qualquer praça onde você se depara com a sua velhice e com a sua infância. Você percebe que seu rosto mudou, que você cresceu, que as coisas mudaram, menos a sua maneira de buscar aquilo que lhe completa, não de forma perfeita, mas simplesmente, da sua maneira.
Eu renasci no momento em que você nasceu.
Te olhei, e avistei algo além do que as córneas podem enxergar.
Um sorriso doce, rodeado pelo néctar do sempre.
O tempo é um segundo que se torna uma hora, que de repente, se contorna no agora.
O que seria de nós, sem nós?
Somos plural, um casal recém conhecido.
Somos pecado carnal, a troca de olhares de dois seres desconhecidos.
Eu monto sua facilidade com felicidade.
Eu monto sua felicidade com facilidade.
Somos o inverso do verso impresso no romance que ainda não existiu.
Viemos da música composta pelo surdo que jamais ouviu.
Entre briga e intriga...
Você me liga, me desliga...
Me expulsa, me abriga...
Borboletas na barriga...
A gente se beija, se devora, se mastiga.
Mão amiga...
Prossiga, entrelace seus dedos nos meus...
Me abraça do seu modo inesperado
Erre pra perdoar qualquer erro imperdoável
Ame, ao amar me chame...
Um toque, e a impressão é que a pele formiga, como se tivesse um enxame
Clame aos mares, que sentimos paladares
Deguste tequila em bares
Embriague-se, sorria em cada esquina
Seja o que pode ser visto por minha retina
Me mate sob o balanço dos teus quadris que me fazem viver em overdose
Aproxime-se e afaste-se
E que pra qualquer ressaca sua, que meus beijos sejam suas doses exageradas de glicose
Boa vida...
(Bê)
'SHANGRI-LA'
"Você se acende, e me surpreende com o seu modo de ver o nada como se ele fosse a coisa mais importante que eu nunca notei.
Seus olhos puxados me puxam pra um precipício difícil de sair.
Seu abraço me faz tocar o céu.
Fico no meio termo entre nuvens e penhasco.
Talvez cair não seja tão ruim assim...
Quem sabe tocar o céu não seja nada mais do que observar você observando a vida que gira, enquanto o tempo para.
Seu sorriso...
Seus sorrisos fazem anjos caírem do céu e perderem as asas.
Seu sorriso fazem demônios me abençoarem com cruzes de madeira com pregos enferrujados em punhos, orando “Pai nosso” numa missa durante a queima de vozes em uma das noites em Woodstock.
Você tem uma covinha no queixo que enterra as minhas vontades mais secretas, revelando em si, as verdades que o tempo grita, sussurrando ao inverno que o verão que eu buscava nos meados de Janeiro se encontra no desenho da sua boca.
Você e a sua loucura prematura que me atura, me tortura, e lapida uma escultura de doçura que apesar de nova, encara a vida de maneira madura.
Entre calmaria e rebeldia, vi que você é uma metamorfose que muda a cada segundo, se mostrando a mesma pessoa, com centenas de gentilezas diferentes, me oferecendo um mundo onde o recomeço é tão necessário como o início.
À Vitória que eu desejo...
Um brinde a você que me traga, me bebe, me devora, me prende, me solta e que no fim, faz de mim, embriagado pela necessidade de ter você tão perto quanto a precisão da troca de olhares entre cegos que se amam durante vidas passadas, mais que porém jamais se viram ao se cumprimentar e nem se abraçaram ao se despedir."
Se você fica anos longe de uma pessoa e a química não muda, significa que a ciência do olhar ainda habita na física da vontade de abraçar.
Você pode praguejar o amor, se revoltar contra ele, sentir ódio, chorar por ele...
Mais quando ele sorrir pra você, você vai sorrir de volta