Vulgo Mini
A coisa mais especial da sua vida
Você já parou e pensou
Ou por algum momento se questionou
Qual é a coisa mais especial da sua vida?
O que é que te traz maior significado para seguir e existir?
Se fossemos colocar em pauta
Diríamos tantas coisas que achamos tão importantes
E sem dúvidas esqueceríamos a principal delas
Falaríamos que a coisa mais especial
Seria meu filho, minha esposa, meu esposo,
Meu pai, minha mãe,
Meu namorado, namorada,
Ou até mesmo algum amigo!
Ou outros diriam que a coisa mais especial
Foi aquele sonho tão sonhado, que se tornou realidade
Algum bem material ou alguma conquista pessoal.
Mas tudo isso, jamais preenchera a sua solidão
Jamais será a melhor companhia para se ter, quando se esta sozinho
Porque estar sozinho nessa vida faz parte
E muitas vezes é a parte mais chata!
Mas se olharmos por outro lado
Estar sozinho não é tão ruim assim
Porque estar sozinho é se redescobrir para a vida
Para o mundo, para as coisas, para as pessoas,
E principalmente para nós mesmos.
Estar sozinho é saber e descobrir
Que você está com a coisa mais especial da sua vida
É quando você pode estar com você mesmo
Te fazendo companhia, se ouvindo e se olhando interiormente!
E nesse momento de solidão
Ou a falta da presença de alguém
Você se torna a coisa mais especial
Se torna a sua melhor companhia
Você se acompanha de perto e se conhece melhor
E na sua solidão você é só seu
Porque a coisa mais especial da sua vida é você.
Mestre Sala
Vai mestre sala
Risca o chão de poesias
Hoje você tem nos pés
A tinta para escrever na Avenida
Desliza sobre esse chão
Dá seu show à parte
E com toda a sua arte
Dança com o coração
A platéia te espera
Luz, holofotes, flashs
Já não existe mais teste
Agora é com você!
Vai mestre-sala
Com seu gingado
No rosto um sorriso estampando
Nas pernas o mais lindo bailado
No ritmo da bateria
Envolve todo esse povo
Faça o coração bater forte de novo
Porque hoje é carnaval
E aquilo que você escrever na Avenida
Tenha certeza se tornará imortal!
Ao Amigo Everaldo de Jesus.
Privilégio dos vivos
Enquanto houver ar nos pulmões
Enquanto dentro de nós pulsar um coração
Enquanto nas veias o sangue correr
E o corpo ainda estiver quente...
Algumas coisas nos acompanharão
E farão parte da nossa existência
Pelo menos por um tempo!
E pelo fato de estarmos vivos
Não temos como escapar delas.
Ou as consideramos como privilégios
Ou não!
Mas que possamos entender uma coisa
O amor, o ódio
A ira, a calma
O contentamento, o descontentamento
A felicidade, a tristeza
A ilusão, a realidade
A derrota, a vitória
As perdas, os ganhos
O frio, o calor
A despedida, o reencontro
A liberdade, o cativeiro
O certo, o errado
O perto, o distante
A dor, o alívio
O problema, a solução
A sombra, a luz
A verdade, a mentira
O pouco, o muito
O fim, o começo
A lágrima, o sorriso
A traição, a fidelidade
O amigo, o inimigo
O profundo, o superficial
O verdadeiro, o falso
A desilusão, a esperança
O deserto, o oásis
O tudo, o nada
A descrença, a fé
A companhia, a solidão
O stress, o relaxamento
Isso tudo pode ser privilégio do vivos
Ou não!
Mulher
Beleza simples, jeito simples
Tudo simples!
Uma simples maquiagem
Um simples andar
Um simples olhar
Um simples falar...
Uma simples maneira
De se vestir
Nada vulgar!
Prefiro sensualidade
Do que vulgaridade
Não precisa apelar!
És bela por ser mulher
Tudo em você me fascina
Você é foda!
Poesia póstuma
Falo em primeira pessoa
Mas já não me encontro mais aqui
Mas falo de dias que vivi!
Recordo-me da minha infância
Pés descalços brincando na rua
Rua de terra, poeira suor
Chinelo de dedo enfiado nos braços
Quebrar as correias nem pensar!
Mas o tempo passou muito rápido
Como um estampido no ar
A adolescência veio, mas também foi embora
Assim como as chuvas de verão!
Com o tempo, constitui família
Tornei-me pai, avô
Esse é o ciclo da vida!
Hoje o dia está nublado
Chuva fina vai e vem!
Cheiro de vela
Uma coroa de flores no canto
Me pergunto que mal tem?
Não teria mal nenhum
Se quem estivesse deitado naquele caixão
Não fosse eu!
Questionamento filosófico
O que é a verdade? O que é a mentira?
O que é o erro? O que é o acerto?
O que é a coragem? O que é o medo?
O que é o real? O que é o irreal?
O que é o sonho? O que é o pesadelo?
O que é o belo? O que é o feio?
O que é a luz? O que é a treva?
O que é a tristeza? O que é a alegria?
O que é a noite? O que é o dia?
O que é o calor? O que é o frio?
O que é a lembrança? O que é a saudade?
O que é a prisão? O que é a liberdade?
O que é a guerra? O que é a paz?
O que é o ódio? O que é o amor?
O que é a Poesia? O que é a flor?
Sou negro
Sou negro, sou raça
Sou forte, mas sinto dor
Sou negro, sou pobre
Sou rico de cor
Sou negro, sou escravo
Sou massa sem valor
Sou negro, sou terra
Sou calo nas mãos
Sou suor derramado
Nesse pedaço de chão
Sou negro, sou povo
Sou livre, sou feliz
Sou de uma raça que lutou...
Pela liberdade até o fim!
Sou negro, sou começo
Sou meio, sou fim.
Sou negro!
O Bilhete
Que bilhete foi esse
Que você deixou?
Dizendo que tinha partido
Pois não aguentava assim tanto amor!
Que já não suportava receber tanta flor
Estava cheia do meu romantismo
Que para você tudo acabou!
Não queria mais um amor tão perfeito
Café na cama, torrada e chá
Que não era preciso tanta poesia
Nem todo carinho pra te acordar!
Você sempre chorou
De barriga cheia
Por ser tão amada
Não soube amar!
Mas saiba que muitas na vida queriam
Somente um segundo
Ocupar seu lugar!
Fazer o que ainda não fiz
Não quero seguir um padrão
Daqueles que um dia amaram
Que tiveram um grande amor
E hoje esse amor se tornou rancor
Não me permito trazer no coração
Sentimentos contrários
Se acabou é porque tinha que acabar.
Não quero seguir um padrão
De término de relacionamento
Ficar sofrendo pelos cantos
Sentindo um vazio na alma
E a falta de quem não está mais aqui.
O que quero...
O que realmente quero
É me permitir ser feliz
Olhar esse imenso horizonte à minha frente
Agarrar com unhas e dentes
E fazer o que ainda não fiz.
Tudo é poesia
Escrever o que sinto e sentir o que escrevo
É traduzir em palavras tudo o que vejo
E tudo o que vejo são poesias não escritas
Escondidas nas entre linhas do cotidiano
Milhares de olhares que se cruzam na multidão
E que permanecem no anonimato
Todos os dias,
Pra mim é poesia
O canto dos pássaros
Que se misturam com as buzinas dos carros
Árvores que disputam o espaço com os prédios
A cidade se tornando mais cinza...
Também é poesia
O belo e o feio
O sagrado e o profano
O Divino e mortal
O culpado e o inocente
É poesia!
As frases que se formam feito arquiteturas
Que se edificam na areia
Mesmo sem obra que a faça,
Torna-se poesia
E o prazeroso se faz infinito
Não pela semântica do discurso
Que também é poesia
Mas pela tradução feita pela alma
Amo escrever o que sinto
E mais ainda
Sentir o que eu escrevo
Isso é poesia!
Última poesia
De todas a mais bela e mais triste
A mais pesada e intensa de sentimentos
Carregada de uma tristeza ímpar
Tristeza essa que me mata por dentro
A cada dia morro ao poucos
Digo isso porque sinto
Os dias são mais cinzas, negros e torpes
E neles não encontro mais motivos
Tudo isso só me deixa insensível
Deus me livre
Eu nunca fui assim!
Na face o sorriso se esvai
Inspirações hoje custam a vir
A alma sangra,
Chora e se culpa pela frieza mais que fria
Dias maus, pessoas más
Que assim vão abreviando os dias!
E eu me abrevio desse mundo
Com o meu eu lírico
Afundado em ruínas
Mesmo assim
Levanto-me dos escombros em frangalhos
Para escrever a minha última
Poesia.
Mãos Trêmulas
Quando minhas mãos trêmulas
Não tiverem mais o mesmo vigor
Me olharei no espelho
E verei que pra mim o tempo passou
Terei a alma calejada de histórias
A mente repleta de boas memórias
E as rugas na face, será tudo aquilo
Que a vida em mim eternizou
Quando minhas mãos trêmulas
Vacilarem sem forças
E não tiverem mais forças
Para segurar o meu copo de vinho
Outra vez me lembrarei que o tempo passou
E que na minha existência
Escolhi o melhor caminho
E quando por fim
Minhas mãos trêmulas
Não redigirem mais com clareza
O que o meu coração
Ao longo dos anos quis gritar
Mesmo assim não hei de silenciar!
E quem ainda admirar esse poeta
Chegue mais perto...
E ainda assim
Ouça minha voz cansada e rouca
Mas totalmente lúcida
Que o tempo não pôde calar.
Amor platônico
Amei, só eu aprendi a amar
Sofri, sofri como ninguém
Nos olhos eu carreguei um mar
Covarde assim me mantive
Com medo de me aproximar
Só te ver de longe era difícil
Te ver e não poder te tocar
E em meio à ilusão e o amor
O silêncio me fez naufragar
Esperei o que não aconteceu
Nosso olhar uma vez se cruzar
E talvez por não acontecer
Você não pôde me amar
Só eu te amei!
Promessas
Porque tantas promessas vazias?
Promessas que me amaria
Que só a mim se entregaria
E na sua vida só a mim teria
Porque tantas promessas de não me ferir
Promessas de estar sempre aqui
De sempre sentar e me ouvir
E me levantar se eu cair
Mas tudo não passou de promessas em vão
Todas vazias com prazo de validade
Bem fora do que foi na verdade
Que não duraram se quer um verão
Você fez promessas e não foram poucas
Promessas, promessas tão toscas
Demasiadas demais, exageradas demais!
Mas com o passar do tempo eu pude perceber
Demorou um pouco, mas pude entender
Que suas promessas sempre foram tão vazias...
Assim como você!