Vivi Linares
Nunca acreditei na força da terapia e ontem pela 1ª vez senti o poder da fala. Como cura falar, ser ouvida e ouvir. A força do ser humano está em colocar pra fora o que sente e sempre organizar a casa interna, que se chama eu. Somos excelentes em arrumar a casa mas péssimos em arrumar a si mesmo.
Eu aprendo muito sobre a vida em cima da canoa. Cada remada me ensina sobre confiança e entrega, especialmente quando as ondas vêm, uma após a outra, numa sequência que parece não ter fim. Ondas enormes que me lembram da fragilidade de tudo, da nossa pequena existência diante da imensidão. Mas ali, naquele momento, confio na natureza, e mais ainda em mim mesma.
Eu me permito ir no fluxo, ser levada pelo movimento. Subo, desço, e aprendo a não temer. Porque sei que minha força conta — mas ela só é plena quando somada à força das outras cinco pessoas comigo. Não sou só eu enfrentando as ondas, somos nós. Faço o meu melhor, mantenho o equilíbrio, e de repente, a série de ondas passa.
Estamos na calmaria. E é aí que a vida se revela: nos altos e baixos, nos momentos de caos e serenidade. Tudo flui, tudo se transforma, e no fim, o que resta é a harmonia que encontramos em meio aomovimento....