Vcruz
O que mais gosto em mim é essa infinita capacidade que tenho de ir do sutil ao improvável num piscar de olhos...
Sessão de terapia é como cutucar com canivete cego um espinho inflamado...quase um exorcismo...quase uma morte!
Sonolenta e enrodilhada nos cobertores, perco-me na imagética nuvem que bocejava notícias, talvez conspirações...sussurrando baixinho para não atrapalhar esta hibernação...
Estou aprisionada no meu vazio...mas, é tudo tão alvo aí fora como se fosse natural...ver uma extensão de mim derramando inverno...
A carências e raiva suscitam a necessidade de demonstrar o desamor...é tão mais fácil dizer NÃO TE AMO, quando tudo que se quer é apenas, ser amado...
Há momentos sem cabeça...
feito desenho na palma da mão que se desfaz no chuveiro...
Lembra que desenhei meu coração?
[fragmentos de poesias secretas "Sem"]
Guardo na gaveta o relógio e o tempo. Forçosamente a vida me faz medi-la pelas escusas, pelos cantos escuros que ainda pretendo enfocar, pelo que evoquei sem métodos e pelo que visceralmente me encharcou.
[fragmentos de poesias secretas "Desejo"]
Sim, algo ainda me sustenta - meus vícios - mas poucos saberão decifrar o verdadeiro significado destes delitos.
[fragmento de "Delitos" memórias de um Lápis sem Ponta]
De quantos rios perenes - de felicidades, e gotas de suor - dos desenganos, é feito um mar de lágrimas?
[fragmentos de "Sinfonia Consentida" memórias de um Lápis sem Ponta]
Maldito coração independente, bendito coração apaixonado que deixava registrado o que eu não queria pensar, do que eu nem podia mostrar...
Transpassamos o equidistante e embaraçado fio tênue, sem nos dar conta de que tudo se inicia com sabor de eternidade e termina na efêmera certeza que fomos cedo demais.
[fragmento de "Crematório" memórias de um Lápis sem Ponta]
Fui, continuo sendo e por alguns momentos estamos tentados a nos reconhecer até mesmo, onde não queremos ser. Pode ser por pura covardia, ou costumeiro ato de coragem;
[fragmento de "Momento Mágico" memórias de um Lápis sem Ponta]
Perco-me na noção do infinito embriagada de noite, até o encontro com a boemia, que sem cerimônia nenhuma, ensaia mais uma serenata falando de amores vadios e desencontros em atos finais.
[fragmento de "[De]cadência" memórias de um Lápis sem Ponta]
Momentos estáticos prisoneiros de liberdade. Nesgas que a vida costurou com força em frente ao meu espelho e fiapos esbranquiçados escapam como tantas coisas escaparam das minhas mãos.
[fragmento de "Nesgas" memórias de um Lápis sem Ponta]
Tudo fica enquadrado agora, na minha caixinha mágica de desenhar imagens.
[fragmentos de poesias secretas "Desejo"]
É fato, a maioria das rotas só são lidas nos traços das mãos...quiça alguém, ainda um dia, descobrirá que o melhor pode estar na ponta dos meus dedos...
Para ter me mantido junto...devia ter me deixado solta...tudo às vezes é só uma questão de interpretação...não precisava me prender, nem me perder...
No principio eram só traços. Desmoronava meus conceitos, mas me defendia de mim. Depois se fez papel. Elegeu-me sua agressora favorita, mas não se furtou de voar comigo. Encadernou-se com os cadarços do meu tênis mais velho e saiu sem me dizer onde ia.
[fragmentos de poesias secretas "Só mais uma taça de solidão"]
E na concha dos meus seios, aguardo que escoe o elixir que cure a ponta dos meus dedos destecidos pelo silêncio urdido em folhas secas, pontiagudas lanças que envenenam minha inspiração.
Sentava no topo, ali ao lado do farol só para admirar o sol se por. Gostava desse momento em que o dia abria sua última fresta e abocanhava o sol como um suspiro.
Nesse instante...
Eu e a brisa...
Eu e o mar...
Eu e os deuses...