Vcruz
Quero mostra as minhas faces
Que em falsetes se esfacelam
Em face a tantas faces
Faceio o que falso se faceta
Faces ocultas que se mostram
Faces aparentes que se desconhecem
Eis uma face da minha face
Em que me reconheço
Sem disfarces
Nas horas que são mortas nos sentimos tão igualmente mortos e impassíveis, dependentes de um todo que move o universo para um lugar onde não sabemos onde vai dar...nesse exato instante, de um momento inapropriado de vida, quero apenas mergulhar numa piscina de vinho tinto, reverenciar Baco e entorpecida...adormecer...
Somos o que “comemos”!
Cada um que se alimente com o que lhe sacia. Mas, tudo isso é válido na cadeia alimentar, afinal, o que seria de nós se não fossem as hienas e os urubus?
Preocupações com a minha vida? Deixo para os que avidamente se atem dela...
Eu? Apena vivo intensa e despretensiosamente, pois, a felicidade não tem molde nem nunca terá modelo!
De que vale a pena existir, se nascemos para morrer...
Se vivemos morrendo de alegria, de saudade, de amor...
Somos todas um pouco Marias... Algumas que são “pena”... Algumas que dão “pena”... Algumas que precisam usar o “Código Penal”... Essas ultimas, em sua maioria são tão leves, que suscitam o desejo de ferozes predadores aprisioná-las... São cárceres do medo, da insegurança, da vergonha e de um abandono de si mesmas... Que só a duras “penas” conseguem se libertar! “Ave Maria” a lei Maria da Penha! Minha homenagem, às mulheres que de alguma forma, sofrem qualquer tipo de violência. Que a lei, se cumpra com todo seu rigor!
Deixo traços de mim...marcas do que fui...desenhos do que pretendo ser...a solidão?
Ah...essa sou Eu...
Preenchida de mim, vazia de "nós"...desfiando em desafios...apenas, mais um fio...
Esperança talvez...
Creio eu, ser um momento sublime...aquele em que "lê os lábios dos versos através das mãos"...e então: "por um instante... um único instante
pode-se viver para sempre"
"uma alma que desliza
como envelope pela porta"
Assim estou eu...aqui sentanda te lendo e pensando, onde te direi que estou deslisando por baixo da porta?
De que valeria a dor da morte, senão à transformação? A cada passo morremos o que fomos e arregalamos um recem nascido olhar ao que queremos ser...
Um choro forte, um sorriso aberto...assim orvalhamos os solos fertilizando-os com poesia...uns plantinhas fraquinhas com seus caules tenros, em meio aos frondosos troncos, que nos protegem e nos permite resistentes e crescer fortes..
Os amantes do bom vinho sabem...que tudo com vinho é sempre melhor..Tim tim...
Sonoro como o sacar de uma rolha...
Belo como as pernas que lambem a taça...
Que me venhas...
Descansa o teu cansaço no meu cais...
Lavarei o sal que te prende com a doçura dos meus sorrisos...
Secando tuas dores com as brisas da minha paz...
Que me venhas...
Assim como o vento forte, que lufa as velas dessa nau, que já não necessita de ancora... Adentrar as noites insones e juntos navegar...
Pois, já sabemos que somos como areia na beira do mar...
Caso, um de nós naufragar...
"o mar que tudo lhe deu,
o mar que tudo lhe tirou,"
Devolveu... regurgitou...enrodilhado nas vagas...sem querer ver "os restos dos orgulhos", boiarem...seu ultimo mergulho...naufragou...
"Uma mulher chora, deitada no areal"
Com disse Lulu Santos: "aqui dentro, sempre...como uma onda no mar..."
acredito no céu dos intervalos e nas profundezas infernais das certezas...ainda prefiro caminhar pelo desconhecido. Mas, não me esqueço nunca, das cidades fantasmagóticas que deixei para trás...são elas que me servem de alicerce à erigir novas...tudo é tão ciclico, miticamente falando...
"dentro de uma saudade o corpo inteiro é um abismo..."
Fiquei aqui divagando...sentindo a alma sendo puxada pelos dentes...como as palavras operam sensações...as tuas...tem alma e braços quentes...
...Sei da incerteza da encruzilhada...
...sei dos atalhos que me abrem em talhos...
...sei que o beija-flor não mais me beija...
...Sei da chegada hora da partida...
...só não sei...para onde vou...
Eu...gaguejo..emudeço...quero gritar bem alto até que o som das minhas palavras calcem esse mar de sentimentos...que ele se transforme em endurecidas placas e então, possa eu...apenas refletir no calor do sol, sob o raio da lua...na reluzencia das estrelas...o que fui, o que sou..pura poeira de Amor!
"Aguardo-me no tempo da viagem,
que o tempo me esqueça,
que março termine,
que o mar acalme..."
[O Transversal]