Ubiatá Meireles
Noite de Natal
É noite de estrelas, de luzes acesas,
O ar tem perfume de paz e certezas.
Nas casas, abraços, presentes trocados,
E corações em laços apertados.
O Natal chega com seu brilho sereno,
Lembrança de amor e aconchego terreno.
Velhas canções que embalam a gente,
E vozes unidas num som envolvente.
Tem cheiro de infância, sabor de memória,
É tempo de paz, de reviver histórias.
A mesa enfeitada, a ceia servida,
É o amor renascendo em cada vida.
Sob a árvore, sonhos que a gente renova,
Esperança que cresce, que o ano se prova.
Pois na simplicidade, em cada olhar,
O Natal nos convida a sempre amar.
A Escola e Seus Segredos
Nas portas da escola, um mundo se abre,
São livros e vozes, são sonhos que cabem.
De letras e números, construímos pontes,
Entre mapas e fórmulas, cruzamos montes.
É lá que a infância descobre caminhos,
Que amigos se encontram, que surgem carinhos.
Nas salas se aprende, nas aulas se vive,
Cada lição é um passo que nos impulsiona e revive.
A professora que ensina com brilho no olhar,
Os alunos que escutam, que querem voar.
Cada corredor guarda histórias a fio,
Em cada parede, memórias a granel e arrepio.
A escola é o templo do saber e da vida,
Que forma o futuro, a alma e a lida.
Ali nasce o sonho de um amanhã melhor,
Escola é a base de um mundo maior.
Ao Professor, com Gratidão
Professor é farol em mar aberto,
Luz que acende o saber mais certo.
Com gestos firmes e olhar profundo,
Semeia ideias, desbrava o mundo.
Cada palavra que nasce em sua voz
Desperta mentes, nos guia a sós.
Explica, repete, escuta e ensina,
Trazendo ao simples o que nos fascina.
Nos olhos do aluno vê o amanhã,
Enxerga o brilho que ainda é manhã.
Na sala de aula, constrói o caminho,
Cada lição é amor e carinho.
É mais que ensino, é pura paixão,
Professor é vida, é dedicação.
É a força discreta que o tempo não apaga,
É o mestre, a guia que a vida afaga.
Brucy, o Guardião
No quintal, ao sol, lá está Brucy,
pastor fiel, de olhar atento e doce,
guardando seu lar com porte e nobreza,
e um coração que nunca se fosse.
De orelhas erguidas e olhos sagazes,
escuta o mundo como quem sabe
que a lealdade é dom de nascença,
e o afeto, sua maior habilidade.
Entre corridas e paus no gramado,
seu pelo brilha em cor e força,
é o amigo fiel, o guardião amado,
um laço que o tempo não solta.
Brucy, herói de quatro patas e alma,
é mais que um cão, é parte de nós.
Nos dias claros e nas noites calmas,
ele vigia com carinho e com voz.
Mar de São Luís
Em São Luís, onde o sol repousa,
o mar se estende em azul sem fim,
e canta a brisa, leve e formosa,
o velho encanto que existe ali.
As ondas dançam num vai e vem,
em harmonia com o céu dourado,
bordando a areia como um refém
de um horizonte sempre encantado.
E a maresia é sopro e abraço,
cheiro de sal, perfume ao vento,
contando histórias que o tempo traço
em cada pedra, em cada momento.
Oh, mar que abraça São Luís,
com tua calma e tua imensidão,
és o espelho onde a ilha diz
sua beleza, sua oração.
O Voo do Beija-Flor
Em lampejos de cor, lá vai,
O beija-flor, tão breve e sutil,
Rasga o vento, leve e febril,
Num voo que o céu lhe atrai.
As asas batem num doce vibrar,
Como notas de uma canção ao ar,
Ele beija a flor, num bailar sagaz,
E o mundo para, só para o admirar.
No instante em que ele se lança,
Traz ao dia uma leve esperança,
De que o belo e o frágil têm força e valor,
Na dança do eterno beija-flor.
Olhos de Mel
Entre as nuances do anoitecer,
surge tua imagem, doce e singela,
morena de olhar que faz tremer,
um encanto raro, feito aquarela.
Teus olhos são rios de mel dourado,
que hipnotizam, serenos, no olhar,
um brilho que aquece e deixa marcado
quem ousa em teus mistérios navegar.
No sorriso, encontro a paz perdida,
nos gestos, a graça de um sonho bom,
como se a vida, já quase esquecida,
dançasse contigo ao som de um tom.
És o segredo de um dia perfeito,
a poesia que a alma sempre quer,
morena de olhos de mel e peito
repleto do amor que a vida oferece.
A Lua e a Estrela
No céu quieto da noite calma,
Lá desponta a lua, em sua palma,
Guarda segredos e doces promessas,
Que ao céu silencioso, em luz, confessa.
E perto dela, tímida a brilhar,
Uma estrela surge, querendo amar,
Ouve os sussurros do manto escuro,
Sonhando encontros de amor tão puro.
“Estrela, luz que me ilumina,
Em tua dança suave e fina,
Minha noite é plena e encantada,
Com tua presença ali, sossegada.”
Responde a estrela, cintilando o peito:
“Lua bela, meu amor perfeito,
Sou feliz por te acompanhar,
Mesmo à distância, contigo estar.”
E assim, entre versos, se declaram,
Lua e estrela, que se amaram,
Num céu profundo de amor guardado,
Pela eternidade, eternamente alado.
O Mar
Ondas que dançam num eterno vai e vem,
Segredos guardados nas profundezas que têm,
Espelhos de céu, em azul se desfazem,
Nos braços do vento, histórias me trazem.
O mar, tão vasto, parece infinito,
Ecoa mistérios em seu tom bendito.
Desliza suave, espuma que abraça,
Carrega memórias em cada vagaça.
Há no seu canto um doce lamento,
Histórias de amores levadas no vento,
Nas conchas e areias, resquícios de paz,
O mar nos encanta, sem nada pedir mais.
Horizonte
No limite do olhar, onde o céu beija o mar,
Um risco de luz se desfaz devagar.
O sol despede, em rubro e alaranjado,
Pincela o oceano em tom delicado.
As gaivotas, em voos serenos e leves,
Deslizam no ar, como quem nada deve.
O vento murmura canções ancestrais,
Segredos guardados nas ondas e cais.
Horizonte distante, promessa e mistério,
Esconde no fim o eterno refrigério.
E o mar, sereno, abraça a saudade,
Emoldura a beleza e a imensidade.
Minha Normalista
Nos corredores da escola, em passos ligeiros,
Ela passa sorrindo, traçando os primeiros
Sonhos de um futuro que ainda vai chegar,
Com cadernos nos braços e o desejo de ensinar.
Vestida de branco, com a esperança no olhar,
Minha normalista aprende a sonhar.
Entre livros e aulas, constrói sua missão,
Formar novos mundos, com lápis na mão.
No encanto discreto e na leve ternura,
Vai traçando sua estrada com força e candura.
Minha normalista, musa da educação,
Em cada sorriso, inspira a paixão.
Saudades de São Luís
Lá longe, onde o vento é brisa e maresia,
No coração guardo o cheiro do mar,
As ruas de pedra, histórias que guiam,
E o canto sereno das ondas a dançar.
Oh, São Luís, cidade amada,
Minha alma vagueia nas tuas ladeiras,
Dos casarões às esquinas enluaradas,
Sinto o calor das noites inteiras.
Teus sons e cores me chegam distantes,
Como um sussurro da infância perdida,
Em cada esquina há lembranças errantes,
Rios de saudade que escorrem na vida.
Ah, como queria pisar teu chão,
Soprar meu amor em cada recanto,
Lá onde o céu abraça o Maranhão,
E a saudade não se mistura ao pranto.
O Mendigo
Na calçada fria, ele se estende,
navegante só, sem porto, sem cais,
veste a rua como manto e abrigo,
sem nome, sem rumo, sem nunca ter paz.
Olhos perdidos, sem brilho, sem cor,
mãos que tremem na busca de pão,
a vida escorre como chuva no rosto,
levando esperanças ao chão.
Um passado, quem sabe, o levou até lá,
talvez sonhos partidos, talvez um amor,
mas hoje é silêncio, poeira, e as horas
passando, sem rastro, sem calor.
E ele segue, invisível à cidade,
nas sombras, no frio, no vão do alvorecer,
como folha caída que o vento desfolha,
esperando apenas o nada acontecer.
São Luís, Cidade dos Azulejos e Sobradões
São Luís, ilha de ventos e maresia,
onde o tempo dança entre o céu e o chão,
em cada esquina, uma história contida,
em cada azulejo, um traço da nação.
Teus azulejos brilham sob o sol ardente,
pintam de azul o sonho e a tradição,
feito mosaico, o passado ainda vive,
gravado em pedras, murais e canção.
Sobradões imponentes, guardiões da história,
têm janelas que espiam o mundo passar,
entre os arcos e as portas, se ouvem memórias,
sussurros da terra e do velho mar.
Cidade morena de graça e bravura,
és poema e encanto aos olhos do amor,
São Luís, que do tempo fez arte pura,
azulejos e sobradões — teu eterno valor.
Brilho de Ano Novo
Um novo ano nasce, trazendo esperança,
Na dança do tempo, uma nova aliança.
As luzes no céu, em cores, brilham,
Promessas e sonhos, que nunca vacilam.
O relógio avança, os fogos estouram,
E os corações, com fé, se renovam.
Deixamos pra trás o peso dos dias,
E brindamos ao novo com alegria.
É tempo de paz, de amor, de carinho,
De trilhar um caminho, com mais suavidade,
De abraçar o futuro com todo o jeitinho,
E florescer na vida, com mais bondade.
Que o Ano Novo traga sorrisos sinceros,
Momentos de riso, de afeto e calor,
E que em cada segundo que esmero,
Vivamos a vida com fé e amor.
A Canção do Galo
Nas primeiras luzes da madrugada,
Ergue-se o galo, com voz afiada.
Seu canto rasga o silêncio profundo,
Anunciando o alvorecer do mundo.
O som ecoa pela vasta planície,
Despertando a vida, como um feitiço.
Entre sombras e raios de sol a brilhar,
Ele canta, incansável, a nos guiar.
O galo canta com força e paixão,
Em sua voz, o poder da criação.
No campo, a aurora começa a dançar,
E a terra, com esperança, vai respirar.
Cada canto é uma história contada,
De tempos que vêm, de eras passadas.
O galo, com seu canto, diz ao céu:
“Chegou o novo dia, o sol é fiel.”
Soneto do Mar
Profundo e vasto, o mar guarda em segredo,
Mistérios calmos sob as ondas frias,
Resplandecentes sob o azul, sem medo,
Murmúrios que ao vento o céu confia.
As ondas dançam com gentil cuidado,
Se curvam, se erguem, vão ao infinito,
Como um amante ao toque encantado,
Num doce e eterno abraço restrito.
Oh, mar bravio, fiel e sereno,
Guardião do céu e do vento errante,
Tu és o palco e a cena do eterno.
Nas noites calmas ou na fúria distante,
Ecoa em mim, sem voz e sem retorno,
O teu chamado profundo e terno.
Mistral, o Vento do Sul
Nas terras do sul, ele dança e assobia,
Mistral, o vento que o céu anuncia.
Nasce dos Alpes, com força e bravura,
Desce os vales, com fria ternura.
Atravessa campos, lavanda e girassol,
Semeia nas vinhas seu sopro e farol.
Entre montanhas, ele se lança ao mar,
O Mistral impetuoso, difícil domar.
Frio e severo, traz céu limpo e claro,
Na Provença é rei, no seu tom tão raro.
Ergue as folhas, dá vida ao ar,
Mistral, o vento que faz o sul cantar.
Com força que gela e alma que inspira,
Seu toque é arte, em versos se mira.
Pois ele é França, em brisa ou tormenta,
Mistral que encanta, e nunca se ausenta.
A Lua, Sereno Encanto
No silêncio da noite, a lua a brilhar,
Com seu véu prateado a nos encantar,
Suspensa no céu, tão serena a flutuar,
Guardiã das estrelas, a nos vigiar.
Seu brilho é suave, como doce luar,
Que acaricia a terra, a nos sussurrar,
Segredos antigos, que o vento vai levar,
Na dança dos astros, ela a brilhar.
Quando o mundo dorme, ela se faz poesia,
Reflexo do tempo, da magia que irradia,
Com seu rosto oculto, mas cheia de harmonia,
A lua é a musa, da noite, a sinfonia.
Uma joia no céu, eterna a brilhar,
E no silêncio profundo, a nos acompanhar,
A beleza da lua é um sonho no ar,
Que nunca se apaga, só sabe encantar.
São Luís, Ilha do Amor
São Luís, cidade de encantos mil,
Onde o sol beija o mar com um brilho sutil,
Cores e sons se misturam no ar,
Na Ilha do Amor, onde o coração quer estar.
Ruas de história, casarões a contar,
Segredos antigos que o tempo não vai apagar,
O vento do Atlântico traz a canção,
Da terra que pulsa com emoção.
Nos becos, nas praças, a alegria a dançar,
O reggae ecoa, convidando a sonhar,
E a brisa suave, que vem de longe,
Abraça a cidade, como um poema de monge.
São Luís, tu és um canto de paz,
Onde o amor floresce e o futuro se faz,
No teu chão, raízes de luta e fé,
Na Ilha do Amor, eu sempre vou te ter.
Cada amanhecer, um novo despertar,
Na tua beleza, impossível não amar,
São Luís, minha ilha, meu lugar,
Onde a alma repousa e o coração quer cantar.
Meu Caderno de Poesia
Em folhas gastas pelo tempo que passa,
Meu caderno guarda o que o peito abraça,
Palavras soltas, versos sem fim,
Histórias guardadas bem dentro de mim.
Cada página é um mundo secreto,
Onde o coração se faz mais discreto,
São linhas que contam sonhos e dores,
Guardando da vida seus dissabores.
Ali repousam meus dias vividos,
Em prosas, rimas, em sons contidos.
É um livro de memórias em segredo,
Que guarda o riso e também o medo.
No meu caderno, a vida é poesia,
É melodia, é calmaria,
E ao folhear suas páginas enfim,
Revivo o que há de mais doce em mim.
"Jardim Sem Flores"
Em meu jardim, onde o eco se perde,
Não há cores a brilhar, nem vida a cantar.
As flores se foram, e o vento se lembra
De um tempo que, em silêncio, insiste em voltar.
As raízes que um dia se entrelaçavam,
Agora buscam no vazio um caminho a seguir.
O sol se esconde, as sombras se amparam,
E a terra, solitária, chora sem fim.
Onde risos dançavam sob o luar,
Agora só se ouvem suspiros de dor.
O perfume das manhãs se foi, a restar,
Apenas a lembrança de um mundo sem cor.
O jardim sem flores é um reflexo de mim,
Que perdeu a sua essência no compasso do tempo.
Mas talvez, um dia, o vento traga a fim
De renovar as saudades que guardo em pensamento.