Tiago landeira

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Deus Tempo


...

Deus de tudo invadir.
Seres, cosmos, energias, ventres e qualquer medida desigual.
Corta as agilidades do vento, a luz risca e me atravessa reticente.
Nunca esteve na alma quando dele também ela saiu.
Tempo, tempo...
Utopia incompreendida do homem. Sendo a parte do que há e a mesma parte no vazio de sempre.

Inserida por landeira

Presente


De tão perto sei o quanto pode demorar.
A espera alcança ainda de tão perto.
Vindo e vindo os dias.
Ao que respiro; ao que mecanizo; ao que ouço.
Me vejo indo...
E o presente está feito.

Inserida por landeira

À Kiehr


Sem entender a verdade
Até aprendido a ser
Por ter a virtude nas mãos
A excelência em mil vidas e nas memórias
Suspiros e antigas paixões
Em tudo sentir arrebatado pelo belo
Do eterno e do primitivo

Sem tribos; os arcos seguem como símbolos entre ideias de triunfo.
Sem mitos; Tu segues como júbilo entre madres e entre deus.

Inserida por landeira

Seco.
Galhos em árvore.
Cem goles de cem gafanhotos.
Poeira cercando o passo e o assento.
Pedregulhos de cobre, prata, ouro e sol.
Batido chão, castigo e pausas longas. Silêncio pisado.
Desde quando era começo e ainda atrás.
Cem mãos, barro e alma.
Para trás de um sereno breve sem saudade.

Inserida por landeira

Semelhança

Mãos e ouvimos.
Pés, sorrimos e corremos.
Por abraços, somos tantos filhos com saudades.
Cantamos, acordamos e estamos no alto olhando a imensidão verde cheia de silêncio e repleta de profundidades.
Nossa terra, água, fogo, e aves migratórias em curso para outra estação.
Vamos essas vontades e não a outro.
E algum criador vislumbra enquanto me rebelo por acreditar muito mais em mim do que o consigo imaginar.
Me percebe quando me vê tão semelhante a ele.
Quando primeiro já existia sem ainda nem saber acreditar.

Inserida por landeira

Sem saber

Não se sabe da tarde no dia cinzento,
e sem precisar saber, pássaros gorjeiam em qualquer tarde.

Sem precisar saber, a inteligência se inclina à devoção, mesmo quando em sonho, onde se é deus e vontade.

Também sem saber, e sem precisar saber, me vejo no teu pensamento preto e branco.

Sem precisar saber de tuas importâncias, sou na tua lembrança, o corpo da tua saudade.

E sem saber, você é o que diz meu nome.
Sem mesmo precisar saber, estou em você todo dia.

Inserida por landeira

Quisera eu outra tarefa de casa pra completar os afazeres domésticos.
Mas entro num túnel mesmo assim pra não ouvir o mundo.
Recordo minhas cenas preferidas.
Sou sem beijo e sem voar, mas sempre fumaça.
Ou sou eu a partida do trem, ou sou a noite densa em névoa, ou só penso.
Enquanto dirijo olho as mãos e as cabeças, e me vejo onde estou.
De passagem entre assobios indiferentes.
Partindo pra mais tempo.
De mais tempo me aguardar.
Até o fim quando no olho brilha a luz que chega.

Inserida por landeira

Por dois


Passar mil passos. Por espaços e ponto.
Ponto de encontro distante. Marcado de reencontros.
Perto de motivos carentes e outras propostas.
Desejos egoístas de feitiços com varinha genuinamente humanos. Chegar. Acontecer. Esquecer.
Risco no afeto oferecido. Querer parte e dar parte.
Brincadeira e desacordo. Possibilidades em dois lados.
Que troca, atribui, atrita. Que parte ceifando algo de energia.
A idéia com luz que confunde agora, este instante.

Inserida por landeira

Logo sou


Sentir tudo junto. Medo, pavor e o tempo de ser feliz.
Logo, tão logo atrás do que esperava.
Assim mesmo não ter percebido,
A causa de o ente ego inflar à majestade de um deus.
Quando meu corpo desconhece o seu senhor.
Armadilha encontrada e trocas perpétuas.
Gritos desconhecidos que chegam em direções.
Longe de mim; minha vida que nunca será.
Tão alta e distante que daqui nunca saberei também de nós.

Inserida por landeira

Manu


Ele é quem lhe traduz melhor.
É ele quem melhor lhe traduz.

Inserida por landeira

Não, dito.



E tudo diz não. Discordar é apenas a outra metade.
Minhas alegrias e sobressaltos vêm e são barrados na porta.
Observador, me guardo.
Adormeço em meus braços cruzados.
Sou eu comigo e no fundo as outras salas. Por todo lado, música, notícias, índios e idosos em atividades.
Tempos isolados nas suas questões que não sabem se já foram as do outro.
As decisões tomadas atrasam as que aguardam como o futuro espera enquanto não acontece.
E se nos pensamentos existe alguma determinação, que fique guardada lá; afinal, o acaso também existe.
Somos um e pouco nos representamos. Sabemos quem são todos melhor que nós.
Das metades que estão do lado de fora.
O que não aconteceu ou não chegou.
Tudo que existe no papel, no conto, na imagem pintada na tela.
Parte de tudo que não é além de possibilidade.
Parte do que fala mais de nós do que somos perfeitos.
E que me levam para além quando me calo depois que tudo diz não.

Inserida por landeira

Guardo o adeus




Enquanto guardo teu adeus
Meu olho se torna vidro e
Reflete a mim despido e distante
Caminhando soturno até onde posso apagar a luz e não ver

Como se todos os pássaros saíssem das minhas mãos
Entrassem no mesmo horizonte
Seguindo o sol até se irem com ele e
Não mais amanhecessem comigo

O mar agora é silencio
O coração não. Bate sozinho
Para mim apenas
Ignorando outro som; outro adeus
Até mesmo o fim da impressão
Aquela em que o mundo te lembra despedida

Inserida por landeira

Ando. Feliz.




E hoje; feliz acredito no dia que vejo mais bonito.
No dia que criei asas e voei até o galho mais alto, que fosse toda a altura de minha vontade.
Quando acreditei nas letras que canto.
Nas lembranças que chegam quando divago na paz do vento.
Ando.

Se esses lugares no meu olhar estão no paraíso;
Nem sempre me sinto bem.
Feliz.

Inserida por landeira

Minha terra


Chão e céu.
Minha terra toda é você. É areia.
Minha língua falada e cantada.
Meu deitar de bruços desarmado.
A varanda nos sopros do vento morno.
Onde sem sombra, existe a dúvida clara.
As visitas indiscretas dos arrepios. Teu riso.
Tudo perto demais do ouvido e onde o pensamento faz seu ninho e dali mesmo parte para voar.

Inserida por landeira

Nome de alma



As cruzes penam sobre as atitudes; o nome pena com a alma.
Que não se leve a cruz, mas antes, que não se erre o nome.
Não viver a si é suicídio com direito a também querer ser feliz.
Querer ser a fantasia. Ser outra verdade.
O que não existe.
Fantasia não tem alma. A alma é que se mascara.
Vai Cambaleante. Sem natureza. Oca.
Errante nas intenções; cativa de qualquer bem das palavras que não calam e só contam sorte.
E se afasta tão longe, mascarada e sem asas, que o rastro deixado atrás se torna outro caminho para ser seguido.
Retorno.
O nome cai ali; na madrugada pouco acesa da memória.
Onde os passos tentam ajustar as pernas.
Onde não frutifica a saudade quando o passado não se quer ter.
Onde o tempo leva muito mais quando se é surpreendido sem ser a si mesmo.
Onde só restam lúgubres pensamentos em um coração vazio, quando sem chama.
De quem é o riso, o ego, ou a mentira sem o nome?
O nome pena com a alma, agora mais longe, trocando de máscara.

Inserida por landeira

Acho



Achismos em bem dizer milagres
E em mãos, como em vento as árvores.
Som de voz.
Tom de nós. Cada um.
Pontes de outro fim.
Palavras, passos e
Pontes. Quando chega o primeiro ou o último dia.

Inserida por landeira

Não preciso que vá.Preciso que fique.
Pelos mesmos motivos que estou.
Os motivos do único dia da borboleta.
O que também é ar e carne dentro de nós.
A tua presença. A própria vida.

Inserida por landeira

Quero que sopre

Forte

A intensão e o vento
Abriguem meus pardais

Inserida por landeira

Sentir suficiente
Quando queira ser ilusão
Parte desfeita
Por não

Inserida por landeira

Embebedado

Cansar o choro
Embebedado pelos olhos
Deitar também
Desabar confissões silenciosas
Em panos
Carga pesada
Lutos
Respirar um pouco
Tudo amor
A tristeza amor
A Solidão amor
Meus suspiros
Minhas águas
Atrás as portas
E os papéis próximos a mim
E os copos cheios de ar
E eu cheio de faltas

Inserida por landeira

Luto das pedras


Grito no sonho.
E ainda no escuro protetor,
Grito de novo acordando.

Tantas idades em reações.
O Passado. Dias seguindo contrários.
A vida é mais do quanto já se foi e pouco do que se quer ser,
Que deixo as palavras nos dentes.

Na teia do presente,
Tece ainda a falta, a saudade
Entre as ações acontecidas,
Entre o silêncio, o imóvel.
O invisível luto das pedras.
Desde quando imperceptível,
Até quando eu deixar de ser o mesmo.

Inserida por landeira

Duo


Respirar as intenções no ventre.
Buscar o corpo, e nas mãos encontrar o outro.
Outro. Outro.
Entes reflexos.
Mudança em caminho comum.
Energia que se faz da fantasia e de acreditar.
E se entrega a identidade posta.

Inserida por landeira

Erros

Não perdoa a pele.
Me serve de pecados.
Tão de perto me empurra contra mim,
Que a cheiro.
A imito.

Não perdoa a noite.
Meus gritos algemados na garganta.
As memórias plásticas e soturnas.
Páginas marcadas soprando violentas.
O que foi o meu querer.

E de joelhos no chão. Na queda.
O castigo imediato.
Ardendo, estalando, sangrando nas conseqüências de mim.
A vontade de nada. De ser coisa alguma.
Envolvido em mudez. Afogado em meus olhos.
Longe de outras chances.
Salvo na fuga do que não resisto.

Inserida por landeira

Mordido


Me falta um pedaço que foi bem mordido por quem não posso culpar.
Lembro-me inteiro e como antes sentia ali onde não faltava.
Não fui surpreendido por aquela malícia.
Sabia dos dentes, do profundo olhar que traga.

Deixei sem interromper. Era vivo; era eu e meu.
Fui aquela parte levado como por alguém que espalhasse minhas palavras nos ouvidos de tantos, nos encontros e apresentações, nas ruas escurecidas que estão poucos a sorrir.

Deixei.

Sou resignificado.
A Parte que foi, deixa o espaço e todo seu passado inviolado.
As linhas preenchidas são mais soltas e vão mais facilmente por todas essas janelas abertas.
Delas não se vê o jardim; se vê lua. Ficou mais frio, mais denso e escuro.

A Parte que foi, deixa o espaço.
Lembro-me inteiro e como antes sentia ali onde estava.
Resignifico meus dedos nessas linhas preenchidas.

Receoso ainda. Mordido. Sem medo atravesso a noite.
Entroso movimentos nas voltas do que vejo e do que foi.
Tão vivo quanto são as charadas e as metáforas que se tornam uma na outra.
Ora com chances, ora sem apelos.

Inserida por landeira

Duas sombras


A outra me segue bem atrás dos meus olhos
Ente da luz que me enfrenta e me recupera
Deitando em minhas raízes
No meu abstrato
Entrando nessas águas e águas
Pra respirar
Entre os fios de minha pele
Entre o brilho dos nomes que trago
E entre o espaço adormecido de estrelas

Sabendo do meu eu
Me percorrendo mar sem fim

Inserida por landeira