Tiago landeira

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Joaquim Maria

Azevedo limão mel cana caldo aposta carneiro
Brasa coalho João partida dado dinheiro
Suzana cafuza lava prato avental farinha paliteiro
Chega Chico facão pé quente escarra bigode brejeiro
Dança do lado Joana seu macho toca Dedé Tonho sanfoneiro
Zé cochila baba madruga na barca pesca robalo inteiro
Fiado de novo Santana busca Manél bebo queda levanta ligeiro
Seu Joaquim balcão caneta casa no fundo poço terreiro pato cercado galinha poleiro.
Reza no quarto Maria seis filho estante retrato santo padroeiro

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Sinto...

Ansiedade...

, peso das letras; gritam sem voz.

Angústia...

Delírio...

Cura...

, normalidade; equilíbrios na paz... suspiros provados no fôlego esvaído.

Calma...

Serenidade... Pureza...

Leveza...

, melodias escorrendo pela janela, pelas escadas.

Melancolia... Nostalgia...

Simplicidade... Quietude...

Ternura...

, imaginação revolvida; reinvenções; revoltas; abrigo de muitos quereres.

Cólera...

Desejo... Vontade... Dúvida...



Silêncio...

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Sou de mim


Alma além dos erros.
Distração além do remorso.
Natureza além da carne.
Que os olhos fecho para melhor me perceber.

Sou estes dedos além do pensar.
Calor além do abraço.
Fuga além das marcas.
Que me toco e me reconheço.


Me encontro além do lugar.
No que vejo... No que desejo...

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O mago e a pétala do bem me quer



Mago

- Pétala do bem me quer, venho a ti porque preciso fazer chover.
Já consegui o mais difícil pra tal feito. O piano de calda que tive que trazer na cabeça.
A fumaça do primeiro cachimbo e lágrimas de anjo que, numa pequena prece, tive que fazê-los, por mim, se compadecer. Não sabe o que tive de dizer.
Agora, tendo tudo reunido e prestes a porção finalizar; sei que todo esforço só terá valia se espontaneamente, desta flor pra esta caldeira, você se lançar.
Essa chuva vai regar tuas irmãs, tua terra e tudo que conheces...
Se eu tivesse que te arrancar você não seria uma pétala que bem me quereria; assim não tenho mais o que justificar.

- O que me diz?



Pétala do bem me quer

- Aprecio seu amor, mas se meu bem quero te dar é aqui onde estou; no mesmo lugar desde quando a ultima chuva me fez brotar.

- Vá ali, pegue uma de plástico e o mesmo efeito terá, e ela até poderás arrancar.



Mago

- Há quase três séculos nascestes; no broto mais novo na última chuva.
Teu vigor já está cansado e nunca antes foi renovado. Se perder a tua vida, a chuva será também perdida.
A falsa pétala não traria o mesmo resultado, pois se mostra pétala, mas poderia ser apenas um saco.
Julgue sua decisão pelo amor. Ele exige o sacrifício e ainda ignora a dor.
Ele constrói sonhos com os restos de outros destruídos. Sua conquista não supera as perdas descompensadas.
O amor não enxerga com medidas. Ele é um deus voraz por acordar as ilusões.
Assim, se este apelo recusar e vida decidir continuar; já terá a si mesma julgado. E, ainda que na flor; sua alma vazia de todo esse amor será.
Seca vai murchar e cedo, muito antes de cair, nunca mais sorrirá.
De outro modo, se decidir ser lembrança e sacrifício, partirá leve para liberdade de outro sonho.

- Pelo amor, perdoada você estará.



Pétala do bem me quer

- Me convences do amor, sábio mago, e de todo o bem que queres causar.
Sou fruto deste rude sentimento e fora dele não posso eu sequer me imaginar.
Atiro-me agora a esta caldeira mágica sabendo que todo o meu medo e saudade de apenas pétala ser, são as únicas forças das que agora preciso me libertar.
Escolho ser sacrifício sabendo, também, que estas forças são as menos duradouras e as primeiras das quais irei me aliviar.

- Escolho ser lembrança, sabendo que da dor nunca irei me lembrar.



Mago

- Bela pétala do bem me quer; antes mesmo de caíres, a esperança em torno teu renascerá.
Tua vida dura hoje e para sempre durará.
Nem com tua despedida; partido, de fato, terá.
Mesmo o fogo destruidor, quente e aniquilador, com seu toque de pureza, irá se transformar.
Lá fora, já vem o grande vento com o benevolente propósito de esta fusão mágica espalhar.
Serás para sempre verde, rosas e céu belo em dia aberto ou em noite de luar.

- Então, sendo eu, mago em tantas vidas, testemunhava mais um milagre perturbado pela paz exigente de algum sacrifício.
Vi a linda pétala de meu bem querer saltar.

Senti o amor de toda sua vida e dor brilhantes em seu ultimo olhar.

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Naturalidade

Digo agora, de novo, todas as palavras já repetidas.
Não sou nenhum gênio de fazer o novo se apresentar tão distante do que já tinha em minhas mãos.
Continuo relevando conflitos pra me sentir confortável e tratando com praticidade as questões que me trazem idade, solidão e alguma lágrima.

Mas voltando a falar do novo, receio incluir desta vez a palavra lamento.
Lamento sem significar tristeza ou propriamente me sentir lamurioso. Não.
Aposto mais na obviedade do sentimento; significando algum desgaste, usurpando alguma atenção, obscurecendo, causando certa náusea, mas simplesmente sendo sentida por estar no transito do caminho agora.

Mas lamento sim; as mudanças que freiam, cansaço que subtrai.
Coisas que ando sentindo a essa altura da vida que comparo a estar sendo acordado no meio de um sonho bom com aquela voz que de longe vai te chamando a um despertamento.
Natural; o barulho faz acordar.
Naturalidade, inclusive, talvez seja a palavra mais verdadeira que eu conheça, mais até que “verdade”, que pode ser negada e daí tudo muda de uma hora pra outra.
Não se está impune a efeitos de mudanças. Principalmente sendo tudo verdade.

Me sinto adequado a qualquer dos adjetivos entre confortável e seguro, quando experimento naturalidade.
Piso firme e posso correr. Se escorregar, sei onde vou cair. E vão se dando meus movimentos e direções.
Por mais que se ensaie, o que se tem de fazer, no fim, é relaxar e deixar acontecer.

Enfim, longe de mim me atrever a dar conselhos sobre a natureza das pessoas ou escrever um livro de auto-ajuda, mas, como são comprimidos gases dentro de uma garrafa pet; todos os meus lados são empurrados tendendo a me esvaziar.
Assim falo demais e me atrevo.

Pareço estar tratando disso tudo como se tivesse 15 ou 17 anos; mas pouco importa, de fato as razões para pensar melhor onde estou hoje não podem ser ignoradas nem tratadas levianamente seja cedo ou tarde.
Confesso que por mais reveladoras sejam as situações; sentindo o peso, travas de segurança e etc.; digo sem cautela que percebo tudo seguindo normal.
Não passa de um lado novo que se experimenta.
Um calo que se formou.
Uma palavra que nasceu de uma tradução global.
Coisas que vão se tornando conhecidas, regidas de novas impressões.
Loucura em garrafas pet fazendo pressão e deixando todos em alerta de escape.

E me parece ser bom reunir tudo numa coleção de traços de maturidade e naturalmente, sentir o meu riso e todas as outras reações fisiológicas dentro da adaptação nova.
Ouvir que, “Nada se perde, tudo se transforma”, ou “o homem é um ser social inacabado”, ou ainda, que somos indivíduos em constante transformação; ler sobre evolução dos seres, ou sobre evolução espiritual; seja como for, reconheço o valor de precisar ainda mais entender sobre o que sinto; afinal, mesmo o óbvio precisa ser entendido.
Por fim sei que não tem nenhuma novidade no que disse; mas naturalmente sinto que acordei e dei de cara com isso pela primeira vez em toda a minha vida, como frutos no período da safra, na qual os que não chegam a ser colhidos caem de apodrecidos.
Naturalidade empurrando sem pedir licença.
E eu não lamento nada disso.

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Peso


Negror de sepulcro.
Consciência em interior profundo.
Asas em vôo cinza. Fumaças e pesares.
Reflexões do céu em noite agarrada de sombras.

... Pela graça de algum ente que também se pauta pelo amor ateu.

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Mel no pires

São teus olhos e tua boca.
Não me lembro de tê-los visto em meus dias de tristeza.
Agora, mais hoje, te chegas e te olho de novo; sem fugir.
Estou aqui, acreditando que tudo é possível.
Sendo desafiado por você.
Me vendo no seu olho.

Há tanto chão entre nós.
E uma vez te vejo e não volto.
Te desejo um adeus sem pranto.
Não quero ver seu sorriso desfeito.
Também não o quero guardado em meu bolso.
Só preciso saber que ele existe em você.
Vagando sem mim nas outras razões da sua vida.


(Landeira)

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Platônico

Desejo não vir a aproximação.
Que me liberte a sua presença.
Que me traga de volta a natureza do lugar.

Desejo que se percam as brisas muito afora.
Que não se apresente seu cheiro. Perfume de saudade.
Desejo que não me enxergue os teus olhos. Que outra esperança brilharia nos meus?
Desejo que você não aqui do meu lado; para que eu não me reduza em receios.

Desejo não me chamar tuas palavras.
Que em meu coração tranquei as minhas.
Desejo um despertar sem afeto. Inconsciente em te alcançar.
E nem mais mudo, ou cego, ou vazio; colher meu desejo, numa porção de fôlego que reste, pra nada mais ter de desejar.

Casca de besouro, areia e folhas.
Casa de besouro, alimento e areia.
Seca folha na areia. Casa em terra. Casa de areia.

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A perfeição pretende a si mesma.

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Criatividade não termina

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Adolescência... Fase dos primeiros arranques.

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A originalidade convive bem com o ridículo.

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Todas as coisas se justificam, afinal elas acontecem!

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Algumas luzes alcançam. Outras apenas perseguem.

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Móvel


Para. Dois giros. Cai em segunda.
Sobe na ponta.
Elevação de cabeça.
Esquerda.
Fixar marcação.
Diafragma e coluna.

Atento! Não piscar.

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Na pouca tarde
Silêncio de despedida
Retorno e partida

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Por que gosto de homem? Porque é um frango saboroso e suculento.

Canoa

Canoeiro canta e rema’ vem vigor de vento
Remo te leve tão leve tua canção
E leva teu braço nas sobras do vento

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Se quer mais por se gostar sempre.

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2 Abelhas

A velha de abelha
A vida de rainha
A abelha de vida
A velha de adeus

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Furo na parede


Prego. Furo.
Quadro pendurado.
Vestido branco, parede branca
Ambos desbotados.
Parecendo ainda ontem.
Apregoado passado.
O debute de Sandrinha.
Parecendo ainda ontem.
O debute de Sandrinha.

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Navego

Olhar o mar e se perder
Dias e noites
Sentindo como não ser
Porto e anseios

Voz dos mares
Reivindica às águas
Canto da natureza
Navega ao amor de deusa
Pois sem altar navega o tempo
E arrebenta contra mim

Inserida por landeira

Entre os céus, uma troca de tempos.
O futuro assumindo o passado adiante.
O que vejo e o que me verá, posso ser eu do outro lado.
Mas o tempo existe sempre...

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Retorno


De joelhos para a parede; dar em nada.
Limite duro de ter de voltar.
Se encarar por vezes. Retorno para o encontro de si.
Quem é o estranho agora?
Procuro minhas respostas antigas, que me posicionam de onde vim.
Um vazio cheio do que a realidade com o tempo mostrou.
Desmistificada a crença, interpretada a natureza, lógicas apanhadas no estalo de um chicote inconsciente, e um caminho lento e sonolento até o quarto escuro de porta entreaberta que nunca vence o longo corredor.
Os significados não são palpáveis e, se não os sinto, questiono o valor da vida que me apresentaram aqui.
Nem mais triste ou menos satisfeito. E o que tem nisso além de retornos?
Ânimos em voltas numa sincronia de revezamento em movimentos de gangorra.
Coisas que parecem de nada depender.
O espírito pode estar no vento, ou enterrado vivo na própria loucura doentia sem questionar uma ilusão verde, ou o espaço apertado que dura nos vários sonhos de juventude eterna, amor verdadeiro, amizade fraterna, enfim, qualquer verdade que esconda a profundidade do abismo.

De joelhos para a parede estão os retornos para outro mais um dia de querer sobreviver.
E falam de tudo... Entendem tudo... TUDO!
Com tudo os resultados são incógnitas.
E se ousar não viver? O que começa partindo do não existir?
Em que mãos estamos à deriva?
Sigo em retornos o que entendo ser mesmo que sem querer; corpo e tudo o que está escuro neste longo corredor até a porta entreaberta.

Inserida por landeira