Tiago landeira
- Me disse que era pesado e meu valor como o de um dinheiro.
Invalidou minhas certezas, e equivocou minha justiça.
Quase vejo que o beckause de tudo isso é sua crença no meu querer. Mas pareço estar ainda de olhos fechados.
Outro motivo me melhor convenceria.
Se me apresento assim como está em sua razão... Me penso... Me dispenso.
eu Eu
Um animal em parto ou que abati?
Um raio que se apressa a romper ou se lança atraído?
Uma porta trancada ou que leva a varanda?
Movimentos de assalto ou gentil intenção?
O querer que se quer ou o que exagera?
Sou troca justa ou um furto sínico?
Cores ou dia nublado?
Amo e abato
Corrompo e desejo
Vou aos mais belos lugares. Me fecho.
Atinjo e amparo.
Quero. E também quero mais.
Pondero. E não peço licença.
Cores... Precisam de luz! Tenho música.
Que fome é essa que me faz sair as minhas buscas? Estará sempre a frente de ser o bastante. E nada terminará hoje ou com um sorriso só por ser positivo.
Nada termina assim... Nada nem termina. Mesmo o dia que se espera, que chega e que passa.
Que fome é essa que sou?
Um animal que sobrevive ou que evolui?
Eu sou tudo. E assim, o desagrado também sou.
Não escapo a essa natureza.
Lá longe existem grandes sonhos.
Aventuras como as nossas e contadores de história.
Sentimentos de bravura reafirmados nas conquistas.
Devoção nos olhares. Complexos abstratos.
Atos justos. Paradoxo. Existe medo.
Receio de não saber e receio de partir.
Receio do que vem depois.
Eles são mamíferos, beija-flores e tulipas. Nomeados por seus homens. Os mesmos elementos em outra organização.
Compõem. Pecam.
Faremos troca? Ou aplaudiremos?
A certeza é sermos vida.
Motivo. Partida para o alcance da realização.
A vida é o tempo todo isso. Alcances. Motivos.
Celebrar os motivos. Todos os motivos.
Sem pintar as alegrias que trazem algumas realizações.
Agradecer os motivos. Todos os motivos.
Qualquer deles é o seu merecimento.
Viver os motivos. É o caminho.
Antes da escolha feita; convencimento e convicção se confundem enquanto a intuição rege. E perdendo ou ganhando, não se teme decidir.
No jogo, antes de vencer, o que mais se quer é desvendar a surpresa.
Amor, velho amor... Estás cheio das certezas alarmantes das juras, garantias de céu e de um eterno que existiu durante alguma manhã.
Podes matar-me com elas e com apenas uma sangrar-me em muitas partes. Posso todo sangrar.
Se não mentes, suas verdades são feias, murchas como a rosa que já estando morta ainda espera cair. Oxalá esta rosa conseguisse alcançar-me ainda enquanto acompanhada do seu perfume, logo quando fora recém pintada sendo tão atraente para mim como para as abelhas. Mas não conheço a tua primavera.
Ó amor, estas mesmas verdades, as mais puras verdades, não se despem pra mim, não repousam, nem se entregam. Ficam recolhidas ali, enfrentando os cantos de parede. Perturbadas de receios. Sem argumentos.
E sendo eu o teu hospedeiro, deus de incompreensível julgamento; traio a mim por sentir-me atraído para ti.
O que ainda não me tornei por tanto considerar-te?
Não me domino. Sigo enganado.
Resta-me tentar os dias, ignorante ao próximo momento em que vais sangrar-me.
O homem se faz de escolhas
A palavra por observar
A criatividade por imaginar
E o poeta? Se as palavras o escolhem, a imaginação o ilude e os sentimentos o traem?
Vácuo preenchido
Trouxe dias felizes e, correspondendo a cada um deles, um mar de lembranças.
Ver aqueles dias cada vez mais distantes trouxe falta.
Guardo a lembrança. E a falta. Guardo as duas juntas, porque se não fora, a lembrança sozinha, esqueceria. A falta sozinha, não seria.
Fez-se assim minha saudade. Sinto-me só saudade.
Se volto ao mundo; percebo que sou ainda a lembrança e a falta.
Perto disso, e longe de todo o resto... sou a espera por nascer num outro dia.
Tem o céu, noite de brisa livre; tem o chão as árvores. E na trilha, uma dor.
Ele chora a dor de uma mordida em seu coração.
Sangra. Um rio bento correndo.
Salga a visão. O corpo não corrige.
Partem vãs as verdes esperanças.
Melodias saindo curvas, oscilantes entre passos que levam avante indo em outra direção.
Conselho
Líderes imaginados disputam por sombras.
São nuvens se chocando a favor do mesmo vento.
As palavras aqui tem peso de ouro; antes de engano são verdades. O primeiro toque no outro.
Os interesses são astúcias e desafiam, mas não se sente queimar. Não se sente arder.
Tenha mais liberdade; tem outro amor aqui pra se experimentar.
Sinta. Estamos a favor do mesmo vento.
Me samba
Tum Tum Tum...
O grave eleva como um impulso surdo e imperativo.
Obriga seduzindo o movimento irresistivelmente.
Toda a energia se faz e se faz dentro com inconsciência crescente.
Envolventes coisas soam aleatórias. Fazem os sentidos brilhar.
Explode como flor, perfuma, colore e as mãos pro ar.
Puxa pra lá e puxa pra todo lugar em ritmo de ritual.
O corpo é todo só um canal, produz, capta e entende.
Revela-se sempre mais e não precisa ter fim.
Esquece a vida, o sentido é carregar a esperança e a vontade.
Alegre ou triste tem força.
A festa sou eu, a celebração sou eu. E o motivo sou eu também.
Me faz samba.
Prece
Me leva paz
Que eu considere minha criança e o que dela tenho desde sempre.
Se necessário for julgar, que faça um juízo iluminado.
Abra a portas e janelas, visite os meus e a mim mesmo e os que tão do lado.
Que eu observe coincidências e os passos que até ela me levaram.
Que eu cante na vida.
Entenda o bem.
Respeite o sagrado.
Me leva paz. Me leva.
Coro, choro, outro, refrão.
Estrofe, pedido, oração.
Lamento, abrigo, abraço, canto, perdão.
Caro, regrado, custo, trovão.
Tudo, junto, vivo, benção, gratidão.
De resposta nem sempre é preciso, não.
Conheci um fantasma hoje.
Uma onda grave de tristeza me alcança rápida e forte.
Me joga distante do futuro, como se não valesse nenhuma crença.
Sem fé, sem verdade, um saco vazio.
Não reage, não sibila, não chora...
Preciso me centrar, reunir os cacos.
Preciso dar visão, eu preciso de visão.
Não sei o que é importante mais... Acordei pra descobrir que não sei.
Deus de algum lugar venha me buscar...
Ode ao bem
Dói e choro.
Penso no bem do meu irmão; é o mesmo bem que penso pra mim?
Seria certo pedir? Estar bem não é simplesmente saúde?
É mais? Amor. Dinheiro. Saúde.
Por quê? Se a insatisfação não depende de se estar bem.
A busca pelo bem sangra em terror. Ninguém sabe disso.
Limites podem nem existir.
A comunicação ser apenas códigos de correção.
O bem, um estado de equilíbrio hoje.
Dói e sigo,...
Aperitivo
Negro grão, negro eu
O gole, a boca, o pensar
Me acompanha a espera
Sem palavras, apetece apreciar
Mar lá
O mergulho revolto das ondas sobre si
Soa como uma salva de muitos canhões.
Mas na efervescência branca das ondas
Tem-se o pedido de silenciar.
E na calma do mar, tem-se o eterno.
Mar cá
Num ósculo sagrado, sol e lua refazem o teu temperamento
E nesse momento teu de mar
Me esqueço sem fim
Sou tudo o que vejo
Um mar sem desejo
O que está em seu movimento que não em meu equilíbrio?
Esperança e o resto
Permaneço de pé.
Coração firme, pois ela está viva e me sustenta.
Forte esperança. Viva esperança. Mais viva do que eu.
Grito - !
- Que obstáculos me travem; sempre saberei os seus tamanhos e também onde exatamente os deixei!
- Que cada começo e recomeço anuncie o desconhecido; sempre estará aqui dentro me ensinando a esperar!
- Que todo o resto me incline à incredulidade; de nada terei medo!
Sozinho, sempre sozinho, o meu temor é que um dia me falte o amor. Temo e, sem demora, choro com meus anjos; logo me sinto abastecer com as suas lágrimas. Doses que me fazem subir vigoroso, a vida ladeira acima.
Tudo ainda está no começo.
Todo o resto é desconhecido.
Mesmo assim.
Trepadeira
Cresce essa planta trepadeira. Sobe onde tem de se apoiar e se veste de folhas pelo caminho que já passou.
Debaixo delas, bem guardado como vergonhas escondidas, estão suas uvas e seus maracujás, protegidos e mudando de cor. Na ponta vão embora mais ramos tratando de outros assuntos, peregrinos de um único passo que param logo e tratam de se vestir de verde escuro. São mais folhas quem trazem mais frutos.
Virá até quando? Enquanto vai.