Tiago Fehagan
Na adversidade, pude enxergar cada rosto por trás de cada máscara. Decepcionei-me com santos, surpreendi-me com pecadores. Acabei vendo a morte tão de perto que perdi o medo de morrer.
Esperança: ela partiu com a mesma rapidez com que em minha vida entrou. Foi intensa, profunda e tensa. Tudo trouxe, tudo deixou — menos a si.
Se era uma espécie de amor, por que me veio com um temporal? Se era um alívio pra dor, por que deixou esta solidão?
Fui um quase Dom Quixote dos tempos mais difíceis. Meus inimigos, porém, eram reais. Meus amigos que eram imaginários.
Quando que essa coisa a que chamamos dinheiro começou a falar mais alto do que aquilo que sentíamos?
Eu vivo um doloroso e conturbado processo de não esquecer. Para não tropeçar nas mesmas pedras, é preciso saber de cor o caminho.
Malditos os sonhos, que me fizeram sonhar. Maldito o amor, que me fez beijar o asfalto. A realidade, embora dura, não nos faz cair de tão alto.
De todos que ela poderia escolher para matar, ela achou por bem sacrificar justamente aquele que mais a amava no mundo.
Todas as noites em que não dormi, toda a ansiedade por qual passei,
toda a humilhação que sofri, inclusive me prestando a um papel desprivilegiado de não liderança...
Toda a distância, luto e solidão que enfrentei, cada lágrima que verti, cada ardência nos olhos que senti ao varar o dia e a madrugada escrevendo e corrigindo livros sem o uso de óculos... Nada, nada disso valeu a pena.
Tolerei todo tipo de afronta em vão, sem nunca ter conseguido me mostrar como eu verdadeiramente era. Tudo porque eu gastava todas as minhas forças tentando atenuar conflitos, relevar ofensas, tentando interpretar o que se passava na cabeça dela, me colocando no lugar dela por inúmeras vezes. Darly, Darla, Darlene Leão... ou seja lá como ela se chame...
A minha dor e o meu sofrimento carregam a sua marca. E assim será pra sempre. Eu jamais irei perdoá-la por isso.