Tiago Anderson
Sempre que eu tiver de escolher entre ser o que o outro espera de mim e o que eu quero ser, minha escolha sempre será o que eu quero ser pois, quando eu tiver de pagar minhas contas será somente eu, quando eu estiver doente e precisar faltar um compromisso só eu serei penalizado, quando eu emprestar uma verba, o único que ficará sem receber ela de volta será eu, quando eu precisar fazer hora extra pra pagar por coisas de que eu não preciso só pra agradar alguém será somente eu, quando eu tiver de contar inúmeras mentiras pra alguém pra poder continuar mantendo outras mentiras pra sobreviver será somente eu a passar noites em claros em angústia, quando eu passar uma noite na cadeia por que o outro não me ouviu será somente eu, porque quando eu precisar de ajuda, adivinha? pois é, será somente eu. No dia em que eu morrer por ter sido demais o outro e menos eu mesmo, no meu ultimo suspiro de lamentações será somente eu. No fim das contas sempre só nos resta nós mesmos. Quem vive pra ser o outro é só mais um que nada é.
Minha cara seria não lhe satisfaz.
Meu semblante demasiado cansado não lhe satisfaz.
Minha face quase sempre aparentando mal humor não lhe satisfaz. Sabe por que?
Porque você foi ensinado desde pequeno a amar sorrisos falsos, falsas feições, falsos olhares. Porque é isso que você aprendeu a amar o falso, o sem valor, o nada.
Toda vez que se recusar a mostrar sua verdadeira face e optar pela máscara, significará que a vida perdeu, significará que você não é você, você é o que o outro quer ver, uma copia sem valor de algo sem valor.
Não importa se você é o guerreiro mais forte do mundo, uma hora se curvará de joelhos e deixará sua espada cair sobre o chão, pois todo guerreiro está na condição humana, e isto é seu elo mais frágil entre o absoluto e o nada.
O pessimismo é a chave do castelo
Não confie em ninguém, não obedeça ninguém cegamente, não espere nada de ninguém, não empreste nada a ninguém, não ame ninguém cegamente, não admire demais ninguém, não fique parado esperando o outro. Se deseja adentrar ao castelo e sobreviver a ele terá de ser frio, egoísta, calculista e até mesmo arrogante se preciso for. As pessoas gostam de achar que isto é um passeio numa pradaria encantada com elfos e fadas, pois lhes trago boas novas, a pradaria agora é lava fumegante, os elfos foram devorados por demônios raivosos e as fadas... bom, nem queira saber que fim levou as fadas. Terá de adentrar ao castelo mais cedo ou mais tarde e terá de passar pelo que sobrou além da relva. E digo mais, não espere encontrar o paraíso na saída do castelo, lá não há nada além de um grande abismo, que devora tudo e todos no final. Pois em resumo, é disto que se trata não? andar num corredor longo e sem sentido em cima de brasas com poucos momentos de brisa e acabar num abismo sem fim. Isto é a vida meu caro amigo. E você pode fingir não ver as brasas, ou fingir não estar doendo. Pode também acreditar lá no fundo que terá algo bom no final do caminho que te compensará toda dor e sofrimento, mas isso não mudaria nada, ainda não teria nada lá além do abismo e a brasa ainda queimaria com o calor de uma super nova. Ao menos torne isto menos lamentável a si mesmo. Ame-se em primeiro lugar, faça por ti mesmo, lute por si mesmo, aumente sua vontade de potência e a única coisa que espere dos outros é que saiam do seu caminho.
Meu pecado não é a gula, meu pecado é a ira. Bem aventurados sejam aqueles que não estão em meu caminho.
Enquanto você não for você, enquanto deixar de fazer o que gosta ou falar o que pensa por medo do que outros vão pensar, você não será "você", será apenas mais um objeto da vontade alheia, algo inanimado, automático, sem vida... um verbo perdido no tempo já sem significado devido a sua repetição monótona e constante ecoando pela eternidade, sempre e sempre...
Não importa se o seu dia é ruim, bom, difícil ou fácil, pois ele sempre acaba. É como se o tempo lhe desse um soco na cara e logo em seguida um abraço, e no fim fizesse uma cara de indiferente.
O problema são as cordas, quando olho para você, vejo um amontoado de cordas presas em seu corpo e em sua face, você mal pode se mexer sem se contorcer sobre si mesmo. Cada uma dessas cordas é uma mentira que você conta, um sorriso falso durante seu dia "imaginário", uma falsa verdade que lhe contaram e agora é sua salvação, afinal você precisa mesmo de uma salvação, precisa ser salvo, salvo das cordas que você mesmo colocou lá
Você pode fingir o quanto quiser, mentir o quanto quiser, falsos sorrisos e falsas promessas, mas no fim da noite, será você chorando escondido, não eu. Toda as noites durante seu banho, ou seu sono solitário, será sempre você e suas lágrimas. E ninguém poderá te ajudar pois, seus "amigos", seus "amores", suas "verdades" são tão reais quanto seu reflexo no espelho.
As vezes parece que nunca conseguimos o que queremos, o problema é que sempre queremos algo e isso é de nossa natureza humana. O outro problema é que quando conseguimos esse algo esquecemos que conseguimos e focamos no próximo querer.
É preciso as vezes parar e olhar pra trás e ver de onde saímos e o que já conseguimos desde então, do contrário, da a impressão que a vida é demasiada demais e que somos incapazes.
Olhar pra trás não significa recuar, regredir ou temer o progresso, significa que somos capazes de analisar a situação de outro ponto de vista e de uma forma que damos valor ao que já atribuímos durante nossa jornada.
Então olhemos para trás, agradeçamos ao que já conseguimos e continuemos na luta para conseguir o que mais estiver pela frente.
Talvez o melhor a se fazer seja deixar quieto e deixar o outro se afogar em seu abismo. Talvez, o melhor a se fazer seja deixar a ignorância abraçar a melancolia dos condenados. Talvez o mundo seja deles, dos tolos, dos que precisam das muletas morais pra se afirmar, dos que tem seu conhecimento baseado em livros esotéricos. Talvez seja melhor se entregar ao silêncio e a indiferença, assistir os bonecos conduzirem o espetáculo ao seu ápice final, ápice desastroso, indigno, melancólico e deprimente. O mundo e a verdade pertencem aos primatas desnudos. Os filhos de Sócrates desejam reinar, deixem-os brincar, brincar de matar e destruir, brincar de saber e de pensar, brincar de criar e usurpar. A eles pertence o mundo e o tal conhecimento.
Aos adoradores do abismo eu digo, bebam de sua histeria e levem este lugar com vocês de volta aos portões de Hades, lugar de onde nunca deveriam ter saído. Tão podre quanto um morto é o fraco que caminha sob a pele de um vivo. Eis o homem, átomos girando em delírios descontrolados e eis o fim, o devaneio de primatas sentados em seus tronos irreais.
Brindo então aos portões, brindo então aos pequenos, um brinde aos tolos e aos homens de boa fé. Lhes entrego o silêncio, que talvez seja a única coisa que saibam verdadeiramente digerir.
Falso moralismo, hipocrisia, falsidade, mentirosos... não sei se vivo num mundo ou num circo repleto de palhaços. Todos são "bonzinhos", que não fazem bondade; todos são honestos, que não contam verdades; todos são moralistas, que não sabem o que é moral; lutam por igualdade, mas vestem a carne do egoísmo. Querem fazer um mundo melhor usando ferramentas criadas por lixos e achadas no lixo.
Mas não tem problema não é mesmo? Afinal somos frutos de uma cultura decadente, gerados da ignorância e semeados pela estupidez do homem fraco.
Aos poucos você vai desligando, desapegando, se tornando indiferente a cada aspecto da sua vida. Um câncer corrosivo e negro, uma massa silenciosa que apodrece e consome tudo que ainda tem algum valor em sua mente. Um interruptor que só tem a opção "desligar".
Me pergunto se no fim, sobrará algo para não se importar.
Uma gaiola cheia de pombos, nesta gaiola nenhum pombo se importa sobre a gaiola, de onde ela veio ou o que tem depois dela. Os pombos também não questionam o por quê de serem pombos e nem o sentido de eles estarem ali ao invés de não estarem em lugar algum.
Os pombos temem o que não conhecem e então com medo da morte e da opressão criaram um super pombo, este super pombo os levará para um lugar melhor eles dizem, o super pombo julgará os opressores e tornará águia aqueles que o seguirem. Como eles tem todas as respostas no super pombo, deve ser por isso que não questionam a pombalidade de sua vidas, eles só aceitam, marcham vagarosamente rumo ao nada, esperançosos de que se ajudarem outros pombos com algumas palavras de conforto possam dar sentido a sua vida de pombo.
Os pombos gostam de ver outros pombos se apresentando, mas somente aqueles que fazem sons engraçados e caem, seus cérebros são pequenos, é o que conseguem digerir. Se algum pombo tenta fazer barulhos mais complexos os pombos simplesmente o ignoram. Volta e meia aparece um pombo que voa até a borda da gaiola e fica lá parado, observando a imensidão do escuro na sala, esses são os "esquisitos" para os outros pombos, eles acham que é besteira e perda de tempo questionar uma vez que o super pombo os confortan durante a noite enquanto choram, e novamente o pombo curioso pagará o preço de viver num mundo de pombos.
Como não tem muitos pombos que pensam de forma complexa tudo que os pombos fazem é arrulhar de forma caótica e desconexa, e como é caótico volta e meia tem brigas gratuitas e os pombos se matam em uma dança violenta e banal, muitos pombos inclusive matam em nome do super pombo.
Os pombos são seres primitivos, com pequenos cérebros que acreditam serem especiais e por isso não questionam nada e agem de forma ilógica, agressiva e banal. Não desenvolveram a capacidade de comunicação e análise complexa do mundo a sua volta e despejam pombisses sem sentido pelo mundo como se fossem verdades absolutas. Todos aqueles que saem do caminho da ninhada estão condenados a solidão e a reclusão pois nunca entenderão o por quê são tão diferentes dos outros.
Eis o pombo, demasiado pombo.
Se acredita amar alguém precisa deixar este alguém sofrer com suas decisões e rezar para que ele não morra no processo. A vida é sádica quando o assunto é pessoas protegidas demais. Se você protege o tempo todo, acaba impedindo que a pessoa aprenda a se proteger quando você não está por perto.