thiago
Não quero te ver mal, mas deixei de pensar em você. E de tanto sentir sua falta, percebi que era para ser assim, era melhor não ser. Aliás, ao longo dos anos, de encontros e desencontros, nos tornamos um conjunto de quase alguma coisa. A verdade é que cansei de ser seu pneu reserva, aquele que você só lembra quando a vida está confusa demais e precisa de alguém para te colocar no eixo
_Fraco e covarde ?! Eu?
_Isso mesmo e nao esta sozinho tem muita gente fingindo ser forte se fazendo de corajoso. (eu e meus botões)
_Elas fazem de propósito.
_O que?
_Iludir nossos corações e turvar nossa mente.
_Não, somos nós que deixamos isso acontecer. (eu e meus botões)
The boy who cries
Não me lembro do momento em que mudei, não me lembro de como foi, o que eu lembro e que num momento minha felicidade foi se esvaindo, meus amigos sumindo... lembro da minha primeira perda, um amigo ... quando ele mudou de cidade, sempre o considerei meu melhor amigo, aquele que não me decepcionava e estava comigo sempre, lembro que teve uma vez que eu estava me sentindo sozinho e ele veio e me abraçou, lembro ate hoje de suas palavras... “ Não fica assim não, vai ficar tudo bem” esse foi o melhor abraço que podia ter recebido e as melhores palavras que eu precisava ouvir.
E durante um bom tempo as coisas realmente ficaram bem, eu cresci feliz por um longo tempo (sinto hoje que devia ter aproveitado mais), um tempo que não volta... Depois disso comecei minha adolescência, querendo sair e curtir, tinha minha mãe do meu lado que me abraçava sempre, tinha um melhor amigo com quem eu podia contar e brincava sempre, mas minha rebeldia me separou da minha família e da minha mãe, nada que ela fazia eu dava valor, lembro do dia que recebi uma das piores notícias, eu queria dormir na casa de um amigo, liguei pra minha mãe avisando que ia dormir lá,(nesse dia ela estava em Uberaba realizando exames), ela não deixou, mas lembro que falei na ligação pra ela, que eu ia dormir de qualquer jeito e desliguei, ainda choro por causa disso, porque no outro dia de manha ela me chama pra conversar e fala “ Filho mamãe tá doente, com câncer ... “ ela nao quis me contar na ligação pra não me deixar preocupado... esse foi a primeira dor que senti no peito, dói até hoje ...
Depois disso eu não sabia o que fazer, no começo ela iniciou o tratamento em Uberaba, ia para lá toda semana, e daí veio minha segunda lembrança... lembro de um dia chegar em casa e escutar um choro, minha irmã estava trabalhando ainda, o choro vinha do banheiro e era minha mãe chorando, a químioterapia já estava fazendo resultado e minha mãe começou a perder o cabelo, lembro que ela chorou bastante e só tinha eu em casa ouvindo... ela não abria a porta pra eu não ver ela chorando, eu fiquei sentado no sofá com a mão no peito escutando ela chorar... meu coração levou mais um golpe nesse momento... Esse acontecimento se repetia varias vezes e a única coisa que eu podia fazer era escutar ela chorando, as vezes de dor durante a noite ou simplesmente porque estava triste...
Eu me fazia sempre a mesma pergunta e não tinha ninguém para me responder, mesmo assim eu perguntava... Porque uma criança tem que passar por isso? ... Ninguém apareceu para me responder, ninguém apareceu para me consolar...
Com o tempo meu olho não tinha mais brilho, minha cabeça andava baixa e eu pensava, meu sonho é poder fazer minha mãe feliz, meu sonho é poder dar uma casa para ela, meu sonho e poder fazer as pessoas que eu amo feliz... Me sinto um fracassado as vezes porque eu não consegui fazer nada disso, não consegui me despedir e dizer o quanto ela era importante pra mim, não consegui realizar nenhum sonho porque ela estava em todos eles... Hoje eu compartilho isso com vocês, uma dor que poucas pessoas entendem.
A solidão atormenta a alma dos que buscam a liberdade
A liberdade aprisiona a alma dos que buscam a solidão
Numa dualidade de sentimentos, vê se perdido em meio a tantos caminhos.
O que busca a liberdade na solidão, acaba por não ser compreendido por aquele que está preso na liberdade.